segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Ninja Gaiden - A saga mais difícil do nes... dos games



Quando eu era moleque achava que Battletoads in Battlemaniacs era o jogo mais difícil que existia. Hoje percebo que estava enganado. Sabia sim que existia outros jogos difíceis, mas não tanto quanto ou mais. Agora, homem feito e com maturidade suficiente para saber o que é um desafio de verdade, vejo que a trilogia para nes do Ninja Gaiden é a franquia de games mais difícil de todas, incluindo aí todos os consoles, até os dos dias de hoje. Jogos atuais são fáceis demais, direcionados para uma geração que não gosta de suar a camisa e que deixaria de se interessar por grandes desafios, dada a oferta de muitas opções disponíveis. Antigamente a molecada era mais engajada, mesmo em se tratando de diversão descompromissada como os jogos de videogame. Tenho revisitado essa clássica série do Nintendo 8 bits já há algum tempo, dessa vez através de roms e emulador, e apesar de usar e abusar dos ´´saves`` sem o menor remorso por considerar um direito merecido em se tratando de jogos tão traiçoeiros, demorei um bocado para finalizar. Porém, só recentemente consegui terminar o segundo título, The Dark Sword of Chaos, isso depois de desistir e retomar várias vezes. A dificuldade, apesar de muitas vezes diminuir o desejo de jogar e fazer a gente passar raiva, não desmerece o valor da série, muito pelo contrário, o alto grau de desafio simplesmente a torna um grande clássico do nes ao lado de Mario Bros, Mega Man e Castelvania. Não só o desafio como tudo no jogo é bem trabalhado, como os efeitos sonoros, a trilha sonora das fases, passando pelo chefe de fase até a derrota, tudo é bem empolgante e envolvente. O gráfico então, para a limitação de paleta e dos bits do console, era muito bonito e conseguia passar para o jogador toda a ideia do que se tratava o lugar, a composição das fases e a atmosfera dos cenários, todos eles variados e com temas diversos, tinha fase no céu, no gelo, lava, cavernas, passagens subterrâneas, etc. Como todo ninja que se preze o personagem principal lutava com sua tradicional espada, mas ia coletando armas e equipamentos no caminho que o ajudava a lidar com os inimigos, como shurikens, bola de fogo e até mesmo itens que aumentava o poder de alcance de sua espada e danos que ela causava. A partir do segundo jogo o ninja podia adquirir sombras que funcionavam como suas cópias fiéis em combate com os vilões, e a quantidade de cópias não era econômica caso o herói soubesse pegar os itens certos, e o melhor de tudo, elas nunca morriam caso nada acontecesse ao ninja original. Pela dificuldade de sua jornada as sombras eram indispensáveis, mesmo assim conseguiam me irritar um pouquinho, algumas vezes me confundiam a ponto de eu não saber mais quem era o herói que eu controlava e quem eram suas cópias, e isso me custava pontos de energia e muitas vidas, além de as informações visuais tornarem a imagem, digamos assim, mais poluída (poluição visual, aliás, é uma grande característica das fases, todas repletas de inimigos que não cessam de surgir de tudo que é lugar). Nosso ninja é perito em muitas habilidades, como não podia ser diferente, pulava alto, andava correndo, se pendurava na parede, e a partir do segundo jogo ele podia escalar. A única habilidade que ele não adquiriu foi a de nadar, sim, nosso ninja forte e habilidoso simplesmente morria afogado.


 Mas o que eu mais gostava eram os inimigos. Era tanta criatividade, tanto vilão bizarro, que mesmo hoje em dia nunca conheci uma série de games que tivesse vilões tão ricos e diversificados. E eles não obedeciam um padrão, não eram apenas guerreiros humanos, nem apenas monstros, nem apenas robôs, era tudo misturado, dos simples inimigos aos chefes de fase, não necessariamente tinham a ver um com o outro, e suas técnicas de ataque e armas utilizadas conseguiam ser coisas à parte independente do tema, do cenário, e do clima proposto. Era uma coisa de louco. Se existisse uma coleção de bonecos com personagens do game aposto que seria bem interessante, a molecada ia pirar, sendo que mesmo nós adultos, que éramos crianças na época, nos encantamos até hoje com os personagens.




 Mitologia do personagem


Muita gente pode não saber, mas foi essa série da Tecmo a pioneira na inserção de cut scenes nos jogos de videogame, ou seja, cenas narrativas próprias de filme entre um estágio e outro, explicando toda a história e a motivação do herói. Quando criança não tive a menor paciência de acompanhar, as cenas eram compridas e tinham realmente vontade de oferecer ao espectador a experiência de acompanhar um longa de animação, mas hoje, adulto centrado, paciente e com maior poder de concentração, decidi dar uma chance, e assim tomei conhecimento de que nosso ninja é na verdade Ryu Hayabusa, um dos últimos descendentes de um clã de ninjas, e sua história cheia de reviravoltas envolve aliados como um arqueólogo, uma agente da CIA (e futuro interesse amoroso de Ryu) e um atirador profissional, contra demônios nascidos do próprio ódio, Jaquio, Ashtar, Foster e Clancy. Finalizar todos esses jogos, depois das inúmeras tentativas frustradas, das raivas passadas, das horas, dias e meses perdidos, da trolagem dos programadores de fazerem você repetir uma fase inteira depois de morrer e de outras até piores, que fazia você percorrer uma fase que já era dificílima pelo inverso, nos dá uma satisfação enorme, uma sensação profunda de dever comprido, e de que você é páreo para desafios duros e complexos que envolve agilidade psíquica e motora. Imagino que uma criança que conseguisse zerar qualquer titulo desses jogos (e sem save, por sinal), poderia ser considerada super dotada e mereceria ser estimada.




Versões além do nintendinho 8 bits


Antes de seu bem sucedido port para nes em 1989, o jogo não rendeu bons frutos em seu tempo de arcade, sendo considerado por muitos uma cópia traumatizante de Double Dragon, hit da época. Depois de uma reformulação, aliás, uma reinvenção, pois de reformulação não tinha nada, tendo em vista que a versão de arcade pouco tinha a ver com a de nintendo 8 bits, o jogo caiu no gosto dos gamers da época e seu sucesso continuou até sua terceira edição, The Ancient Ship of Doom, de 1991. Nesse meio tempo foram produzidas versões para Master System e Game Boy, mas sem dúvida nenhuma as melhores foram as de nes, a franquia parece ter nascido para esse console. Pena não terem feito na época uma versão para Super Nes, com a mesma jogabilidade e mesmos conceitos, provavelmente seria um de seus melhores jogos, mas em vez disso lançaram para ele, em 1995, um cartucho contendo a trilogia completa, e o melhor, sem mexerem em nada no aspecto original, se muito apenas refinaram os pixels, deram uma realçadinha na cor e nos sons e só. Presentaço para os retro gamers da época. Teve uma época que descobri uma rom atribuída ao Mega Drive do nosso querido ninja azul, e achei uma coisa decepcionante, não por o jogo ser ruim, mas por em pouca coisa lembrar o Ninja Gaiden que estávamos acostumados. Era mais um beat up estilo sua versão de arcade mesmo, jogabilidade fraca e inimigos sem graça. Por sorte, descobri mais tarde que tratava-se de apenas um protótipo que nunca foi lançado, jogado na net de maneira clandestina, uma versão cheia de bugs por sinal, que dava a entender que o jogo realmente não tinha sido completado.

Em 2004 foram lançados novos títulos para XBox, Playstation 3, XBox 360 e Wii U, mas é aquela história, nunca vi nem comi, quem sabe mais para frente eu me interesse em conhecer, mas vendo imagens e gameplays tenho na consciência que as versões para Nintendo eram de fato insuperáveis. Mesmo com aqueles gráficos pixelados e datados, duvido que outra versão fosse mais badass que aquelas.



terça-feira, 20 de novembro de 2018

Lion Man Branco - Melhor roteiro, mas não mais querido por nós


Sabemos que tokusatsu é coisa de criança, e que por essa razão é totalmente compreensível que as produções atuais sejam bobinhas e sem graça. Mas nem sempre foi assim. Voltemos nosso olhar aos longínquos anos 70, onde o gênero começava a ganhar força de vez, muito além das produções da Toei Company. Ultraman, Spectreman, e é claro, Lion Man, ´´universo`` um tanto pequeno, mas sua versão laranja ainda hoje é querida por nós brasileiros. Só que é injusto não lembrarmos de sua versão albina, que embora tenha passado por aqui depois de Fuun Lion-Maru (sua versão laranja), foi seu predecessor em seu país de origem. Lançado em 1972 no Japão pela P-Production, Kaiketsu Lion-Maru tinha um roteiro muito bom para um seriado tokusatsu, assistindo hoje temos a prova que as séries antigas eram as melhores. O homem por trás do heróico felino é o mesmo Shishimaru que tínhamos conhecido, curiosamente sua origem é outra, embora o ator seja o mesmo. Ao menos em sua primeira versão sua origem é explicada. Dessa vez ele não é um herói solitário, ele luta e caminha ao lado de seus irmãos de criação, Saori e Kosuke, jovens orfãos dos ataques do demônio Gosum e seus ninjas negros, acolhidos pelo mestre Kashin Koji, que pouco antes da sua morte entrega para Shishimaru uma espada que lhe confere o poder de se transformar em um homem leão, cheio de garra e habilidade, para Saori uma espada que equipara sua força e habilidade a de um guerreiro, mas sem esquecer de avisar que ela não podia deixar sua ´´formosura e feminilidade`` de lado. Aff. Já o menino Kosuke, o mais novo dos três, ganha uma flauta mágica com o poder de evocar o espírito do velho guerreiro, que chega na forma de um pégaso para ajudar os amigos a se livrarem do perigo. O seriado conta com 54 episódios, foi um grande sucesso na época em sua terra de origem, tudo levava a crer que uma segunda temporada seria muito bem recebida, mas infelizmente não foi isso que aconteceu. Sua sequencia, que nem é tão sequencia assim devido às diferenças gritantes e bizarras entre as duas séries, rendeu apenas 25 episódios. É interessante pensar que quando a sequencia estreou por aqui no finzinho dos anos 80 ao lado de Jiraya, O Incrível Ninja, as crianças da época não reparavam que o seriado era antigo assim. Muito menos que tinha sido um fracasso, que provavelmente foi adquirido pela Top Tape a preço de banana, pois o seriado era uma novidade interessante. E esses míseros 25 episódios, repetidos exaustivamente como de praxe na época, não deixavam perceber que a trajetória de Shimarú (a tradução por aqui, por motivos óbvios) tinha sido tão curta. Ora, hoje sabemos que algumas séries e animações de nossa época tinham números de episódios ainda mais limitados sem nos deixar essa impressão.  Quando Lion Man branco estreou por aqui, todo mundo achou que fosse uma continuação direta do Laranja, um ´´novo`` Lion Man, mas devo dizer que a novidade não me conquistou tanto. As histórias eram mais densas, dramáticas, talvez por isso uma criança de oito anos, a idade que eu tinha na época, não se interessasse tanto. Recentemente, assistindo a série até o final, percebo que o conteúdo vai além do que deveria ser considerado uma simples série infantil, tanto que me empolguei a cada episódio, mesmo que a estrutura do roteiro apresentasse algumas deficiências. Passada na época do Japão feudal, nos tempos dos samurais, a história se desenvolve em uma terra sem lei, um mundo sombrio cada vez mais ameaçado pelo domínio do demônio Gosum e seus aliados. As cenas de ação, de lutas com espadas, embora não muito bem coreografadas, expressam bem o espírito de um autêntico filme de samurai, como Zatoichi, por exemplo, mesmo não havendo sangue, o que não podia ser diferente. Os monstros, demônios de Gosum, não pecam pela falta de crueldade, mesmo com velhos, mulheres e crianças. Ao contrário do que ocorreu em seu país de origem, essa versão não fez sucesso por aqui, houve rejeição por parte do público e apenas dez ou quinze episódios foram exibidos. Não lembro se em ordem cronológica ou de maneira aleatória. Mesmo assim, acredito ter conquistado um aspecto cult entre os mais velhos que assistiam a programação da Manchete naquela época, que só hoje em dia, graças a Internet, pôde dar uma conferida no restante do conteúdo nada decepcionante para quem começou a série já gostando. Lembro de uma vez, em determinado episódio do Lion Man laranja, ter aparecido sua versão albina entregando a espada que lhe conferia a mutação de leão a um Shimaru derrotado, sem sua tradicional espada. Uma visita dos céus de um antepassado já extinto, apadrinhando e passando o bastão a seu sucessor, antes mesmo de conhecermos mais a respeito desse personagem, soando mais como um prequel do que como qualquer outra coisa. Épico!



Diferenças entre as duas séries

Se Kaiketsu Lion-Maru tem um roteiro e visual mais maduro, o mesmo não acontece com Fuun Lion-
Maru. A gente percebe a mudança das cores para tons mais berrantes, mais chamativos. Os objetos cênicos com mais cara de brinquedo (o transformador foguete, por exemplo), e mais personagens e heróis, como Yoba/ Jaguar, além de perder o clima sombrio da série anterior, apesar da história continuar densa e dramática e os vilões continuarem perversos. Podemos perceber a tentativa de dar uma cara mais infantil ao seriado, embora tivessem errado a mão a ponto de o tornarem um fracasso. Contudo, o seriado tem seus méritos e acredito que deveria sim ter sido produzido. Começado do zero, com elementos, origens e história diferente, uma coisa ou outra faz menção ao seriado anterior, vemos tentativas de homenagens e substituições do que o público japonês já estava acostumado a ver em sua versão albina, mesmo que certas coisas fizessem falta e não tivessem sua devida reposição, como o cavalo alado Hikari Maru. O motivo que levou as duas séries serem exibidas de forma trocada por nossa terra ainda não é explicado, provavelmente porque o Lion Man laranja tinha mais cara de leão e consequentemente foi mais fácil assimilarmos o herói felino. Sua versão albina de fato tinha mais cara de ser um personagem do Japão mesmo, mais regional, sendo ele inspirado no folclórico Kagami Jishi (O Leão do Espelho), personagem do teatro Kabuki.

Tiger Joe


Personagem importante das duas versões, Tiger Joe é um anti herói que todos aprenderam a amar. A princípio aliado do demônio Gosum, rival de Shishimaru, egoísta e orgulhoso, aos poucos torna-se um importante aliado. Perdeu um olho já na primeira luta com o herói leão. O personagem foi interpretado por dois atores diferentes, o primeiro teve um fim trágico após uma embriaguês, o segundo ficou até o final da série onde seu personagem foi derrotado e morto pelas mãos de um demônio de Gosum. Na série seguinte o personagem retorna, uma coisa curiosa, pois seu personagem havia sido morto. No entanto, o personagem é apresentado como Tiger Joe Jr, apesar de ser o mesmo ator, e o pior, ele ainda usa o tapa olho característico do Tiger Joe (Jyonosuke), sua versão em Kaiketsu Lion-Maru. Mas depois de tanto tempo, o que importa mesmo é que esse carismático personagem acaba aparecendo, de um jeito ou de outro, na versão que pudemos acompanhar na infância, sem prejuízo.



Ainda há mais uma versão de Lion Man, e bem recente, por sinal. Em 2006 foi produzida a série Lion Man G. Se as outras séries se passavam no Japão feudal, essa aqui se passa inclusive no futuro da época, 2011, e o herói transformado passa a ser chamado como alguma coisa tipo ´´Gigolô Guerreiro (!) `` Esse ainda não assisti, mas já vou assistir com ressalva, pois ouvi falar muito mal dessa série.


quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Street Fighter II VS Mortal Kombat – Afinal, qual é o melhor?



Hoje em dia já temos MK XL, provavelmente a franquia está longe de acabar e honestamente deixei de acompanhar/ jogar já em sua quarta edição, para PS one. O gráfico não era nada disso que vemos hoje em dia, jogando hoje percebemos o quanto os bonecos são quadriculados e o gráfico é feio, mas para a época era uma coisa surpreendente. Street Fighter também é um jogo que não para de se reciclar, já não é ´´II`` há tempos, porém foi com essa numeração que o jogo tornou-se mundialmente conhecido, e imagino que até hoje essa versão é a melhor. Não desejo ver ou jogar as versões atuais para fazer as devidas comparações entre as duas franquias de jogos de luta, para mim a briga toda ainda vem dos tempos de moleque, onde só as versões de 16 bits eram top de linha, com gostinho de novidade. E a briga nunca chegou a uma conclusão verdadeira, embora eu tivesse minha preferência.
Street Fighter II basicamente reinventou os jogos de luta, e depois dele vieram outros tentando copiar sua fórmula, mas a primeira a vir, e que até hoje parece ser a mais original de todas por seus gráficos digitalizados, clima sombrio, violência e criaturas ficcionais, foi MK, que na verdade não costuma mais deixar escapar por aí que SF foi o empurrão de sua carreira, e sim PIT Fighter, que tinha um conceito de design parecido, mas enfim, era impossível nos arcades nos anos de 92, 93, não compararem o recém lançado  jogo da Acclaim com o soberano da Capcom. Lembro que era considerado como Street Fighter com fatalities. Já na época, nunca achei que MK viesse para substituir SF na preferência por esse estilo de jogo, lembro que não achava nem melhor nem pior. MK tinha toda aquela censura por cima e aquele clima de ´´proibidão``, mas a jogabilidade era bem mais engessada. Se no concorrente as características dos personagens eram mais ricas, a jogabilidade mais variada, cada qual com seu estilo de luta e movimentos, uns mais leves, outros mais ágeis, a diferença trabalhada entre os golpes, em MK os lutadores tinham praticamente os mesmos golpes (!), com exceção dos golpes especiais. Quase não há diferença entre a agilidade e a movimentação dos personagens, o alcance de seus golpes, se tiver alguma coisa que distingue entre eles, é muito pouca coisa, e todos tem aquele gancho (upercute), o que me irritava um pouco, pois diminuía um pouco a graça da escolha de seu lutador já que o estilo de luta acabava sendo o mesmo. Os personagens, aliás, obedeciam um padrão corporal, não existiam personagens gordos e mais fortes, com exceção de Goro, e isso tem uma explicação, os atores usados para a digitalização eram sempre os mesmos. Com o passar do tempo, fui preferindo Street Fighter II mesmo. Eu podia jogá-lo por muito tempo sem enjoar, o contrário do que acontecia com Mortal Kombat. Também incomodava o fato dos cenários serem compartilhados, e sendo assim, eles podiam perfeitamente serem apresentados de maneira aleatória, mas não era assim que acontecia, eles obedeciam um modelo sequencial, e apesar de parecer pouca coisa, ajudava a deixar o jogo enjoativo. Sem contar toda a problemática de seu port para consoles domésticos, como falta de sangue, o código que era preciso acessar para liberar esse recurso, e toda essa palhaçada. Ah, e o final dos personagens eram praticamente iguais. E para falar a verdade, os personagens de Street Fighter sempre me pareceram mais carismáticos. Tirando Liu Kang, Sonya Blade (que só é uma gata, mais nada) e Rayden (que nunca decidiu, em outras mídias, se deve lutar como qualquer outro personagem ou não), procurei e procurei, mas não achei outro personagem interessante em todos os outros jogos da série que merecesse protagonismo, ou que ao menos merecesse ter sua história apresentada. Até teve um jogo ou outro de estilo diferente, mas o que os gamers queriam mesmo é o jogo de luta um contra o outro, por isso o jogo Sub Zero Mythologies e o jogo do Jax serem aquele flop que todo mundo conhece bem. Street Fighter II, com seu design cartunesco, torna-se mais cheio de opções, e o gráfico, apesar de tudo, não deve nada ao de seu rival. Os cenários são bem elaborados, nada estáticos, os personagens não precisam obedecer a um padrão humano de movimento, enfim, mais pontos positivos que negativos. MK só ganha em questão de novidade com seus gráficos digitalizados, mas peca pela diversão e jogabilidade, apesar da inserção de fatalities. Mais tarde vieram MK II e III, e logo depois o Ultimate para aumentar a popularidade e enriquecer os elementos da franquia, mas a mecânica continuava a mesma. SF II, por sua vez, também ganhou versões mais turbinadas, como Champion edition, turbo e Super, e em todas elas, ao meu ver, dava um banho na rival, mas faço questão de lembrar que essa é apenas a minha opinião. Mas todos devem reconhecer que mesmo os mais aficionados por MK sabem bem que a mecânica de luta dos personagens é sempre a mesma.
Como dito antes, uma avalanche de jogos de luta vieram depois, inclusive uma versão de SF que tenta embarcar no estilo do jogo de luta da Acclaim, Street Figter – The Movie, já falado nesse blog. E tirando Killer Instict, que para mim não passa de uma tentativa flopada de copiar MK, nunca mais ouve um jogo de luta com gráficos digitalizados de tamanha notoriedade. MK continua sendo o único nesse quesito, assim como SF continua sendo o único a ocupar o patamar de melhor jogo de luta de todos os tempos, é certo que muita gente compactua com essa minha opinião. Note que não precisei enaltecer os pontos altos de Street Fighter para mostrar o porquê de ele ser o melhor, apenas os negativos de Mortal Kombat. Mas afinal, SF é SF.



sexta-feira, 12 de outubro de 2018

O Mundo GilGil Lima


Em homenagem a esse dia que tal ouvirmos o CD desse ilustríssimo cantor (cof, cof) que vos fala? Para quem não conhece ou para quem só escutou uma vez e não lembra direito, é hora de ouvir todas as 10 músicas preparadas para você, que é criança ou para quem não é mais, mas se recusa a ser esse tipo de ser humano chato que é esse tal de adulto, como eu, por exemplo.

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Sonrics - Mais chique que Kinder Ovo


Conforme vamos envelhecendo não param de nos surgir lembranças remotas de nossa querida infância, e eu tive disso por esses dias, e a lembrança foi meu contato com uma marca de doce que nunca mais ouvi falar, ou então que está por aí, disfarçada entre vários produtos que nos passam despercebidos (sei que a marca continua em atividade no México). A marca em questão é a Sonrics, cujo mascote é alguma coisa como um mago fofinho, e o produto que ganhei, uma sacolinha surpresa bem caprichada, de cor azul metalizado e de material plástico. Foi comprada em uma seção de doces importados do supermercado e devia ter custado bem caro. Dentro dela, doces sortidos, não em muita quantidade, e também nem tão saborosos assim, algo como balas de menta, chicletes e doces de goma, mas a cereja do bolo eram os brinquedinhos que vinham, que faz a sacolinha surpresa poder ser comparada com Kinder Ovo numa boa, só que acho que os da sacolinha surpresa da Sonrics eram ainda mais tops, e já vinham montados. O brinquedo que veio para mim era um ônibus espacial branco, de plástico de qualidade, com imitação de vidro na ponta e tudo, adorei e brinquei por longos anos. Nunca tive outra sacola e não sei que fim o produto levou, mas conversando com os garotos da escola na época pude ver que muitos deles também tinham ao menos um brinquedo do tal produto, todos eles naves espaciais, robôs e alienígenas. Só não lembro em qual ocasião ganhei o produto, e o ano acredito que seja entre 92 e 93.
Claro que pesquisei sobre essa tal sacolinha surpresa Sonrics por aí, e descobri que essa marca trabalha com os personagens da turma da Mônica desde o comecinho até o fim de suas atividades no Brasil, lançando principalmente chicletes. Já no México, trabalha lançando caixinhas surpresas com miniaturas de personagens recentes. Conheça o site oficial da empresa https://sonrics.com.mx/


quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Bicrossers - A época em que a Globo invejou a Manchete


Talvez a Globo seja mesmo a responsável pela desconstrução do gênero tokusatsu em nossa terra por exibir a série Power Rangers, que viria a ser um sucesso de 1995 em diante. Mas antes disso a emissora chegou a exibir um tokusatsu original, numa época em que a Rede Manchete não parava de lançar mais e mais produtos do gênero fazendo o maior sucesso em sua programação. O seriado em questão é Bicrossers, que estreou em janeiro de 1991 no horário que hoje é da Malhação, no bloco Sessão Aventura. Quando eu era criança achava esse seriado muito mais infantil que os demais do gênero, assistindo hoje para matar a saudade percebo que ele na verdade estava dentro da média. Claro que tinha muita coisa que me atraía, até mesmo o fato de ser dois heróis de cores diferentes, lembrando os sentais, mas ao mesmo tempo não era e também estava longe de poder ser considerado metal hero. São eles os irmãos Ken, o mais velho e o vermelho, e o Ginjiro (o Din), o azul, que ganharam poderes no primeiro capítulo para salvar o mundo, de alienígenas de outra dimensão, e todo esse blá blá blá genérico que cansamos de esbarrar em produções de super herói e de desenhos animados. Ainda numa fase ´´pós adolescente`` os irmãos dividem o mesmo quarto e sua preocupação é estudar e mexer no computador (o seriado é de 1985 e não existia Internet, mas Din passava muito tempo jogando e fazendo pesquisas, sabe-se lá como). Eles mantêm contato telepático entre eles e sua super audição os permitem ouvir as crianças em apuros, e através de seu guarda roupa, quando conveniente para eles, são atraídos para outra dimensão onde lhe são conferidos poderes que lhes tornam os Bicrossers. O mais velho já está na faculdade, e o laboratório do centro de pesquisas salvou muito a sua pele quando precisou descobrir que tipo era o material alienígena coletado que aparecia em seu caminho. Eles moram com seus pais, mas o pai quase não aparece, e nas vezes que aparece faz o gênero fechadão, reservado, aumentando o estereótipo que os pais asiáticos ligam mais para o trabalho e menos para a família. Ainda nos primeiros episódios ele é raptado e salvo pelos filhos em sua formação Bicrosser, e no final é deixada em aberto a hipótese de que ele percebeu que seus filhos dão umas escapulidas para combater monstros e salvar o mundo (o Japão). Como aliados os jovens heróis tem também a irritante Ayame, filha do Daikichi Takeda, dono da empresa Mão na Roda, que realiza todo tipo de serviço (aqui talvez pudesse ser referida como Marido de Aluguel). Eles estão sempre rodeados pelas crianças do bairro, sua prima é uma delas. 

Mas o curioso mesmo são os vilões da organização Destler. O principal deles é Doutor Q, um homem de visual bastante cômico e ganancioso, louco por jóias. Detesta crianças e costuma usar suas criaturas para maltratá-las e fazê-las chorar, gravando seu choro para apreciação da estátua do demônio Gowla, que cospe diamantes de acordo com a intensidade do sofrimento e angústia contida no choro delas. No final, caso seu plano dê errado e o monstro for destruído, os diamantes viram pedra e frustram a felicidade do Doutor Q. Como aliada ele tem Silvia, uma mocinha até bastante sexy, mesmo com aquele cabelo armadão. Doutor Q também contava com a ajuda praticamente inútil dos Homens de Preto, androides que compunham o time de soldados feitos para apanhar que toda série tokusatsu deve ter. No seriado é explicado que o demônio Gowla vem do Planeta Serpente, de outra galáxia, mas não é deixado claro a origem dos outros vilões, provavelmente são mesmo terráqueos. Nos últimos capítulos ficamos sabendo que seu esconderijo é dentro de um navio ancorado em um cais. E entre monstros, combates, planos toscos e crianças raptadas, os dois heróis vão se tornando um respeitado substituto do seriado anterior, Machine Man, também de Shotaro Ishinomori e produzido pela Toei Company, que já havia percebido que as crianças ainda menores precisavam de uma série com nuances mais leves e mais cômicas que seguissem o estilo Henshin Hero, uma franquia diferenciada desse gênero, que não era nem metal hero nem super sentai. 




Tudo muda a partir do episódio 15: Não sei se foi uma solução criativa, ou se o seriado foi obrigado a mudar seu rumo por conta da audiência, mas já no episódio 14 muita coisa começou a mudar. Doutor Q se enfureceu com Gowla por ele não o satisfazer com jóias e diamantes, o que achei uma coisa inédita nesse estilo de produção, pois até então ele era tido como um líder messiânico do mal, algo como um sr Bazoo, por exemplo, mas pelo que vimos ele era super estimado, tanto que o Doutor Q simplesmente o descartou como uma simples estátua, que mais tarde viria a causar aos heróis momentos embaraçosos dentro de sua própria casa, mas isso é detalhe. No lugar de Gowla surge Gowler Zonguer, dizendo-se irmão de Gowla, mas sua aparência é bem mais hi-fi. Seus cabelos, uma espécie de linha de telefone antigo engruvinhada, deixava sua aparência mais alienígena. Doutor Q também ganhou um capacete mais estiloso e menos trambolhudo nessa nova fase. Com Gowler Zonguer veio Rita, nova aliada que teima em chamar Doutor Q de vovozinho, e ele é tão derretido por ela que mesmo não gostando acaba tolerando. Rita, com seu visual sci-fi retrô, é impulsiva, provoca ciúme em Silvia por ser mais jovem e mais mimada, e as duas rivalizam a preferência de Doutor Q com seus planos malignos. Os planos dos vilões, aliás, deixaram de ser fazer as criancinhas chorarem para algo mais ambicioso e perigoso, o domínio global, e o seriado passa a ficar com mais cara de gente grande dali por diante, podendo ser levado mais a sério e ser comparado com outros seriados semelhantes, só que mesmo assim, mais episódios a frente, vemos umas bizarrices que realmente não permitiam esquecermos o diferencial de tosquice que marcava presença já nos primeiros episódios. O que eu mais gostei em Gowler Zonguer foi o fato dele não ser aquele (agora sim) líder messiânico do mal carrasco, em vez de dar esporro e castigar no final dos episódios a cada monstro derrotado e plano flopado, ele apresenta uma outra solução a Doutor Q, lhe cuspindo um disquete com o projeto de criação de um monstro ainda mais ´´terrível`` que o derrotado. Também gostei da maneira que ele saiu no pau com os heróis no último episódio.  A mãe dos jovens heróis também sai do seriado, com a justificativa de que o pai deles foi transferido do trabalho para outra cidade e ela o acompanhava, enquanto os dois irmãos ficam para terminar os estudos. No lugar de sua mamãe, Ayame fica bancando a babá dos dois.

Quanto aos episódios, um que marcou bastante minha infância, como também a de muita gente como podemos comprovar em uma simples pesquisa pela Internet, foi o do ladrão de umbigos. Parece ser uma lenda do Japão ter que tampar o umbigo quando se ouve um relâmpago, e nisso, através de uma tempestade provocada pela organização Destler, aparece um monstro capeta em uma nuvem, que avança e ´´rouba`` o umbigo das crianças, as fazendo confundi-lo com o ´´Trovão``, num efeito visual tosco, macabro e nojento ao mesmo tempo. E as crianças que tiveram o umbigo roubado perdiam o equilíbrio por, tecnicamente, o umbigo estar no centro do corpo. O monstro espalhava o umbigo das crianças pelo corpo para se energizar. Merece ser considerado um episódio clássico de produções tokusatsu.


Fiquei sabendo por esses dias que Yuki Tsuchiya, intérprete do Ginjiro Mizuno, morreu em um acidente de carro em 1990, e o mais triste ainda é que ele era o mais novinho. Gostava dele no seriado, mais que o Ken, e é engraçado pensar que quando conhecemos o seriado no longínquo ano de 1991, ele já não estava mais entre nós. O seriado teve momentos marcantes, ainda mais para quem era criança e assistiu na época, adorava ver o Bicrosser Ken segurando a moto Aéro Crosser para disparar o raio fatal nos inimigos, como uma autêntica Power Bazuca, e como se não bastasse o peso da moto, Gin ainda fazia questão de ficar lá em cima, mesmo não fazendo mais sentido uma vez que o botão de disparo ficava em baixo da moto, não em seu painel. Mas era interessante ver que Gin tinha que soar a camisa e correr até a moto driblando o monstro da vez que tentava impedi-lo, dando doses de realismo, diferente dos monstros dos outros seriados que ficavam de braços cruzados em momentos como esse.
Minha memória não permite saber com exatidão até quando Bicrosser durou na Sessão Aventura, só sei que foi uma época boa essa em que seriados do gênero estavam explodindo por aí, a ponto de até a Rede Globo entrar na onda. Toda dublada no Rio de Janeiro pela Herbert Richards, mesmo a série podendo ser considerada fraca, fico contente por tê-la assistido na época, uns aninhos antes de Power Ranger aparecer por aqui e mudar todo o conceito atribuído ao gênero. Se fosse na época deles, provavelmente veríamos sim Bicrossers, mas com atores com cara de personagens da Malhação. E olha que já passava no horário dessa que seria a novela a ocupar esse pedacinho da grade.

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Hermie Hopperhead - Um jogo obscuro (e Bom) para Playstation one

Resultado de imagem para hermie hopperhead - scrap panic

Hermie Hopperhead: Scrap Panic é sim um jogo obscuro, por mais que seja fofinho e difícil de imaginar o porquê. Eu mesmo tive uma experiência pouco convencional com esse jogo, acho que foi o único que joguei antes de ter um Play one e continuei sem jogar mesmo depois de adquirir um, sendo que este foi um dos jogos que me fez ter vontade de comprar o videogame, mas não achava o bendito de jeito nenhum. Só consegui jogar esse ano e graças ao emulador e rom baixados (a rom, aliás, também não foi tão fácil achar). Mas como disse antes, apesar de bem pouco conhecido, não quer dizer que seja ruim. Difícil sim, mas ruim jamais. O que me faz achar esse jogo sofrido em alguns aspectos? Me acompanhe:

O gráfico não é nada que se diga ´´Nossa, que maravilha!``, mas é bem feito, mesmo porque é fofinho, só que não é 3D, lembra um jogo de plataforma qualquer como Mario e Sonic. Talvez por ser um dos primeiros a ser lançado para Playstation, ainda em 95,  o jogo não teve projeção mundial, sendo lançado apenas no Japão pela produtora Yuke´s, por ter características e limitações dos consoles de gerações anteriores. A Sony acreditava que o Playstation poderia lançar jogos melhores se fossem menos modestos e se esforçassem mais, e isso é uma pena, pois não veremos continuações, e o curioso é que nunca mais tentaram mexer no jogo inventando alguma coisa diferente, com a qualidade dos padrões atuais de videogame. Mas é difícil para quem nem sabe do que o jogo se trata tentar imaginar versões remodeladas, né? Esqueço que quase ninguém conhece Hermie Hopperhead. Bom, então vamos por partes: A começar, de modesto o jogo não tem quase nada. O herói é um palhacinho... não, um menininho de lindos dreads vermelhos que a princípio a gente acha que é um visual ´´fofinho, rebelde e estiloso`` do menino, até perceber, já no final, que aparentemente as pessoas do mundo que ele vive são assim, a namorada dele é igualzinha a ele. A aventura começa quando Hermie está esperando a namorada no lugar combinado, quando ovos de bichos desconhecidos surgem atraindo sua atenção. Um ovo pula para o interior de uma lata de lixo o levando junto, e o garoto vai parar em um mundo tóxico lixoso, alguma coisa assim, nossa compreensão é prejudicada pelas legendas únicas e exclusivas em japonês, mas dá para entender que os vilões são criaturas geradas pela poluição, como tênis velhos, pneus, latas vazias, isqueiros, bateria descarregada e ventiladores descartados, tudo bem deteriorado. De vez em sempre nosso herói vai encontrando pelo caminho ovos como os que encontrou no início de sua jornada, e eles o seguem pelas fases, saltitantes e bem cutis, com pernas e braços, estampados e coloridos. Hermie também vai coletando estrelas por onde passa e elas podem lhe garantir sobrevidas depois de tomar dano, dependendo da quantidade de estrelinhas acumuladas, o equivalente às argolinhas do Sonic, por exemplo. Os ovinhos também ajudam Hermie como podem, seja matando os inimigos, seja formando uma espécie de roda gigante para auxiliar nosso herói nas subidas, e até mesmo coletando estrelas. Eu fui burro o suficiente para só perceber um certo tempo depois que distribuindo as estrelas entre os ovinhos, a cada 100 recebidas, um deles ´´choca`` e vira um bicho diferente. A maioria dos bichinhos são pinguins (ovos azuis), mas também tem tartaruga (verde) e galinha (amarelo). Fiquei sabendo depois que existe uma possível ´´evolução Pokemon/ Digimon`` ao distribuir maiores quantidades de estrelas para os bichinhos já chocados, mas já era tarde, eu praticamente tinha finalizado o jogo. Só sei que todos aqueles bichinhos saltitando na tela acompanhando nosso herói deixa tudo mais alegre e colorido... e também causa uma confusão danada, misturando-se com os inimigos e deixando a gente

sem saber quem vai te atacar ou te ajudar. 
E é por tanta cor e fofura que Hermie Hopperhead: Scrap

Panic merecia ter um lugar de respeito tanto no coração das crianças como de gamers clássicos nostálgicos e saudosistas como a gente. Eu já estava esquecendo de seus pontos fracos, então vamos lá: Para começar, o jogo é grande. Aliás, grande não, gigante. As fases são longas e os mundos parecem que não vão acabar nunca. Não ouso comparar com Super Mario World por duas razões: Primeira, Hermie não tem a quantidade de atalhos e caminhos alternativos que o jogo do Mario oferece. E segunda, nem de longe Mario World pode se comparar a nível de dificuldade com Hermie Hopperhead, que só consegui zerar usando e abusando dos saves sem nenhum remorso, afinal, esse jogo implorava por essa apelação. Se escapei de passar raiva jogando esse jogo em um console? Talvez. O mais provável é que eu teria desistido de finalizá-lo. Além disso, a trilha sonora é repetitiva, são sempre as mesmas BGM´s independente da fase. As musiquinhas até que são legais, mas chega um momento que começam a irritar, parece que os compositores foram mal pagos ou estavam sem inspiração.





Conclusão: Hermie Hopperhead: Scrap Panic é cheio de qualidades e defeitos, porém, as qualidades se sobrepõem. Eu daria outra chance ao jogo, enxugando os excessos e equilibrando os desafios. O protagonista é tão interessante que chega a ser um desperdício não o aproveitarem devidamente. Até hoje me divirto lembrando da época que eu procurava esse jogo feito louco nos camelódromos da Uruguaiana, isso em 2004/ 2005, e os camelôs que sequer ouviram citação desse jogo o confundiam com Hermes e Renato, vê se pode. 



terça-feira, 28 de agosto de 2018

Desenhos pouco valorizados: Homem Aranha, a animação clássica


Nem todos os desenhos, por mais que sejam bons, são lembrados por gerações. É o caso da animação do Homem Aranha da segunda metade dos anos 90, produzida pela já extinta Marvel Films Animation. O Aranha já teve outras animações, mas sem dúvida essa é a mais injustiçada de todas, que embora tenha feito sucesso em seu país de origem, rendendo a sequencia Ação Sem Limites, essa sim um caça níquel merecidamente flopado, já não é mais lembrada em nossa terra, menos ainda revisitada, diferente do que acontece com a animação do Bat Man da Warner Bross Animation. Difícil imaginar o porquê, o roteiro é bem elaborado para uma animação infantil, os personagens são fiéis às outras mídias, e a série toda foi supervisionada pelo próprio Stan Lee. O que consola é saber que o Aranha é um personagem ativo, bastante explorado em outras produções, e para a geração atual, que de certo não ouviu falar muito dessa animação, ao assisti-la vai ter a sensação de descobrir um produto genuinamente novo do herói. Vamos aos pontos que fazem a série se tornar especial para uns e esquecível para tantos outros:




Heróis: Muitos personagens do universo Marvel aparecem na animação. Os X-men participam de dois episódios, e o traço dos mutantes está bem, digamos, diferente do de sua própria animação, e isso causou um certo estranhamento. O que consegue causar ainda mais é os nomes dos personagens inventados na dublagem, e isso foi digno de revolta. Wolverine virou Lobão e Fera virou Animal, com certeza a direção de dublagem teve preguiça de se informar sobre os heróis e não leram um gibi sequer. Essa sequencia de episódios faz parte de um arco em que o Aranha sofre uma espécie de alteração em seu gene e sente estar se transformando em um mutante. Ainda com relação aos nomes absurdos inventados para os heróis, Demolidor virou Atrevido (de onde será que vieram ideia para esses nomes toscos?), mas essa alcunha foi compensada pela mais interessante participação que o Homem sem Medo já teve em uma série animada, e Justiceiro virou Vingador, e mais tarde Carrasco, mas também perdoamos só pelo fato de ele ter aparecido em uma participação respeitosa dentro de um contexto mais inocente da própria série, com direito a sequencias de tiroteio com armas de fogo em vez das habituais armas laser, recurso comumente usado em produções animadas. Também marcaram presença Blade e Whistler em episódios lindamente caprichados, onde a trama de vampiros, inserida pelo personagem Morbius, foi muito bem aproveitada. Até mesmo a origem de Blade e o drama de sua mãe foram lembrados. Felícia Hardy como a gata Negra foi outro acerto da série, que precisaria de uma heroína e um interesse amoroso para o Homem Aranha, e nisso ela não deixou a desejar. Sabendo dosar momentos em que a gata Negra surge para salvar alguém e dar uns sopapos nos bandidos com momentos de romance e inevitáveis crises com o aracnídeo, a história nos faz torcer para que a aliança dê certo e um passe a ter, por assim dizer, mais intimidade com o outro... nos fazendo esquecer se tratar de uma produção infantil. Nick Fury também aparece e toda sua trama envolvendo a S.H.I.E.L.D, e mais tarde personagens como Homem de Ferro, Capitão América, Doutor Estranho e até mesmo Máquina de Combate, todos com suas origens e características bem detalhadas, porém, não gostei da mudança de personalidade de um ou outro personagem. Nos capítulos finais é reproduzido o que seria uma adaptação do arco de histórias Guerras Secretas, tão popular nos quadrinhos, juntando alguns personagens que já apareceram no seriado, acrescentando a participação até então inédita do Quarteto Fantástico, em um conflito em outro planeta envolvendo o ser intergaláctico Beyonder e Dr Destino. Apenas a participação de Madame Teia não me agradou em nenhum momento na série, a personagem, a bem da verdade, não é popular, causa estranheza até mesmo entre fans do Homem Aranha. Além de arrogante, nos momentos em que aparece dispara uma groselha atrás da outra, eu a tiraria facilmente do desenho e substituiria suas participações por soluções mais simples e aceitáveis. De resto, embora muitos personagens importantes na vida de Peter Parker apareçam bastante, senti falta de Gwen Stacy. Outros personagens chatos também mereciam sumir, como Anna Watson.



Vilões: É curioso ver o rei do Crime como o principal vilão do amigão da vizinhança, sendo que na verdade ele é o principal vilão do Demolidor, mas a gente acostuma. Chamava minha atenção a maneira como inseriam esse personagem ´´tão realista e fácil de existir`` (na vida real mesmo, temos vários Reis do Crime) em um ambiente tão fictício dominado por vilões e equipamentos fantasiosos. Seus aliados e capangas fixos realmente são interessantes, como seu filho Richard Fisk, Smythe e Herbert Landon. Aqui Wilson Fisk é uma espécie de cientista sofisticado do Queens, diferente do criminoso gran fino da Cozinha do Inferno que conhecíamos melhor. Mas é claro que na série também existe a Oscorp e outros super vilões, fazendo ou não aliança com Fisk. Dos vilões mais conhecidos senti falta apenas do Homem Areia e Chacal. Até mesmo o Sexteto Sinistro aparece, porém com nome e formação diferente. É apresentado como Os Seis Traiçoeiros, formada por Doutor Octopus, Rhino, Mystério, Escorpião, Shocker e Camaleão. Apenas Dr Octopus e Mystério pertencem à conhecida formação. Tudo levava a crer que Electro, Kraven, o Caçador, Abutre e Homem Areia ficariam de fora do desenho, mas, com exceção desse último, eles aparecem, mas em contextos e momentos diferentes, nada que não seja pequenas alterações que qualquer adaptação costuma fazer. Contudo, uns inimigos tem destaque demais e outros de menos, e o pior é que nem sempre é merecido. Também me incomodou a origem de alguns e de certas ordens de aparição, como por exemplo, Duende Macabro aparecendo antes do Duende Verde, e o alter ego de Norman Osborn sendo tratado por um sub produto de Kingsley, quando todos sabemos que foi o contrário. Mesmo assim foi bom vermos Duende Verde em ação e o desdobramento de seu drama, envolvendo o legado imposto a seu filho Harry, com direito a todas aquelas confusões mentais que acometem o jovem, como já visto em outras mídias. Hydroman, vilão pouco conhecido, teve um destaque um pouco aquém do merecido, mas foi o responsável por um arco importante, a trama do clone da Mary Jane, outra grande saga dos quadrinhos, que mesmo sendo considerada confusa para alguns leitores, na animação foi bem adaptada e de fácil compreensão, eu particularmente vibrei com os poderes que Mary Jane ganhou. Mas os que mais me surpreenderam positivamente foram Mystério, Mancha e Morbius, que em minha modesta opinião tiveram participações cruciais para que a animação merecesse ser lembrada e amada. Vale uma menção honrosa também para o Caveira Vermelha, mesmo não sendo pertencente do universo do Aranha, pois além de ter sido bem retratado, foi capaz de incomodar o Capitão América pela simples sugestão de sua presença.



Conclusão: Quem assistiu a toda série animada sabe que é muito boa. Talvez um ponto negativo seja os primeiros episódios sem a participação de um vilão substancialmente importante, mas isso se você for chato... ou não, pois as historinhas envolvendo os Esmaga Aranha é realmente um saco. Os traços são simpáticos, lembram vagamente as produções da Hanna Barbera, e o estúdio responsável pelas animações é o japonês Tokyo Movie Shinsha. A trilha de abertura é um rock dos bons, composta pelo guitarrista do Aerosmith, Joe Perry, feita sob encomenda. Eu sou um dos que a considera uma das melhores trilhas de animação infantil americana. Não vou dizer que gostei de tudo que se passou no desenho, mas não é exagero dizer que é tudo muito bem feito, até a origem do herói foi contada, coisa que normalmente se omite em desenho animado, e a imagem do tio Ben não foi deixada de lado. Já foi espalhado pela Internet a fora que a produção enfrentou problemas com a censura, o herói simplesmente foi ´´proibido`` de desferir soco nos inimigos, mas é tanta aventura e cenas de ação que a gente nem percebe ou sente falta. Prova que as animações da Marvel têm qualidade e não precisam apenas desses artifícios para fazer uma boa história de super heróis. No entanto, a trama que se seguiu na série não foi amarrada e a animação termina com um final em aberto, para não dizer que não teve final, e talvez esse seja seu principal ponto fraco. Quem sabe o último episódio possa ser perdoado pela simples participação de Stan Lee em sua versão animada. 


terça-feira, 7 de agosto de 2018

O que achar das legendas explicativas dos filmes para deficientes auditivos?




Mais de uma vez vi no cinema um filme que, apesar de dublado, tinha legendas. Ok, são as conhecidas legendas explicativas para deficientes auditivos. Algumas vezes em casa também assistimos filmes assim no DVD, comparando o áudio com as legendas, que apesar de traduções bem parecidas, têm uma ou outra alteração de frase, trocas de palavras por sinônimos, e dependendo, até o conceito da frase varia, e isso torna a experiência de assistir filme desse jeito bem divertida. Mas no cinema isso fica mais bizarro que divertido, lembrando que o intuito é que os deficientes auditivos possam entender o filme, e essas legendas, desnecessariamente acabam se tornando explicativas demais. Entenda que o problema não são as legendas, e sim a maneira irritante em que ela narra coisas que estão acontecendo na cena que não precisam ser explicadas. Vamos pensar em uma história em quadrinhos, uma história onde balões, letras e onomatopeias fazem a função de palavras e sons. Nos filmes, linguagem visual mais próxima da realidade, as onomatopeias são dispensadas, porém, em uma cena de explosão, por exemplo, não precisaria de uma legenda cínica explicando ´´Som de explosão``. Nos próprios quadrinhos tem vezes em que as onomatopeias não precisam estar ali presentes, como em uma festa. O ´´Barulho de festa``, ´´sons de músicas``, ´´risadinha e cochichos animados`` são facilmente substituídos pelos próprios desenhos da cena, ou até mesmo umas claves de ré e de sol aparecendo flutuando pelo quadro. O mais irritante ainda é quando em uma cena de casal aquela maldita legenda teima em aparecer ´´Sons de sussurro``, ´´sons de gemido``, ´´sons de beijinhos``. Isso para mim destrói o clima todo da cena. Por que simplesmente os editores de legenda não se convencem de que a cena fala por si só? Duvido que não tenham entendido a cena como um todo sem ninguém para explicar. É hora de aprender a respeitar a expressão corporal dos atores que estudaram tanto para aprender a pôr em ação. 

Conclusão
Nos filmes, onde se tem uma estrutura narrativa rica e bem próxima da realidade, é mais fácil entender o que se passa sem a necessidade de didatismo. A origem dos sons já é tão bem retratada visualmente que se torna ofensivo até mesmo para os deficientes auditivos alguém explicando o que está acontecendo. Seria bom não tratar essas legendas explicativas como uma narração explicativa para deficientes visuais, essa sim precisa de um trabalho mais denso e completo. Para mim, como acredito que para muitas pessoas também, os deficientes auditivos já se bastariam só com a legenda normal.

segunda-feira, 9 de julho de 2018

Crianças ligam para roteiro de filme?


O Gato, 2003. Estrelada por Mike Myers, a produção tem roteiro simples, genérico, porém funcional, e o filme se sustenta pelas travessuras do espevitado gato mágico que diverte as crianças com suas cores, movimentos e alegorias.
Uma questão interessante a ser discutida que vem me chamando atenção há um tempinho, é se as crianças realmente ligam para as historinhas de seus programas favoritos, seja desenho animado, filme ou qualquer outro programa infantil. Mas antes de fazermos uma análise, devemos lembrar que todos nós já fomos crianças um dia, e que elas são muito visuais, se interessam por cores, som e forma, e que, sendo sinceros, não é difícil conquistá-las com personagens cativantes, engraçados, de aparência amistosa e fala engraçada, ou de aparência forte, viril e moderna e voz canastrona, no caso dos heróis. Muito do que gostamos hoje nos foi apresentados ainda na época de nossa infância, como super heróis, animação, quadrinhos e determinados tipos de filmes, e será que a gente consegue lembrar da sensação que isso causava na gente e como reagíamos a esses estímulos narrativos e sensoriais? É o que veremos a seguir. 

Vamos lá, devemos concordar que criança gosta de repetição, não é mesmo? Elas não ligam em assistir uma atração contínua, de episódios intercalados, uma ação ligando à outra. Se um simples único episódio a proporcionou uma experiência agradável, ela vai querer assistir a esse mesmo único episódio mais vezes, em outros dias, em outros momentos de sua vida, mesmo já sabendo o que vai acontecer. Não podemos esquecer que a criança não tem a mesma autonomia de um adulto, e fica na dependência deste para assistir aquilo que lhe agrada, e essa experiência passa a ser valiosa à essa criança, mesmo que não percebamos. Mas também não se surpreenda se o que a despertou atenção não foi o episódio como um todo, e sim determinadas cenas. A criança então associa o episódio do desenho em questão ao adulto que a incentivou a conhecê-lo, e a influência deste adulto sobre essa criança passa a ser respeitada por ela. É nesse momento então que o adulto sabe que a criança vai acatar o conteúdo que ela possa escolher para lhe apresentar, portanto as escolhas devem ser as melhores para cada faixa etária, animação educativa, programas divertidos para sua idade, mas tudo apresentado em seu devido tempo e um produto de cada vez, pois a criança não tem a capacidade assimilativa de um adulto, e possa ser que deixe de prestar atenção rapidamente, se dispersando, e a tentativa de fazê-la conhecer novos programas passa a se tornar em vão. Lembrando também que um espetáculo infantil, de qual natureza for, não deve jamais ultrapassar uma hora e meia de exibição, isso causa fadiga à criança e acaba lhe causando uma experiência torturante (Acredite, uma hora é um tempo demasiado longo para elas). Caso um tipo de programa a deixe de interessá-la, mesmo que ela já tenha se encantado por bastante tempo por um episódio isolado, é hora de apresentar algo diferente. Muitas vezes elas se interessam não pelo programa em si, mas por determinada cena, determinada ação e sequencia, por mais simples que pudesse ter sido, e nesse caso não é bom forçá-las a assistir outros episódios. Como sabemos, as atrações infantis tendem a se copiar e possivelmente ela vai reconhecer ações semelhantes em outros programas do gênero. Um tempinho depois ela pode desejar revisitar tal programa deixado para trás, e é assim que a criança vai moldando seus gostos, seu caráter, o interesse por determinada situação retratada, afinando suas preferências narrativas. 

Pingu, produção de 1986, animada em stop motion com personagens feitos de massinha de modelar. Mesmo não tendo fala inteligível, os episódios prendem as crianças por ter uma historinha de início, meio e fim, geralmente finalizada com uma lição de moral. 

Em meu tempo de criança pode até ser que a programação da TV aberta tivesse um leque muito grande de atração infantil, mas nada de TV a cabo nem Internet, portanto, não existia essa infindável variedade de programas infantis, para todos os gostos e idades. É certo que podemos encontrar por aí um ou outro desenho para pessoas ´´maiorzinhas``, mas temos também uma vasta gama de desenhos educativos, e as produtoras tendem a experimentar mais, cancelando uma série e emendando outra logo depois, dada a facilidade atual de se produzir tais conteúdos. Acontece que nenhuma produção cativa uma criança por tanto tempo, o que acaba valendo são produtoras querendo fisgar ´´classes de crianças distintas`` com suas ´´atrações distintas``, essas que produzem conteúdo para cada tipo de criança, as maiorzinhas, as menores, meninos, meninas, as menos favorecidas financeiramente, as de escola particular, as de pais separados, as que assistem TV com os pais, etc, acredite, é bem assim que as coisas funcionam. Tendo em vista que as crianças crescem e a geração de hoje caminha para um estilo de vida onde se descarta as coisas que não lhe servem mais, diferente da nossa que até hoje se interessa e pensa com carinho em produções como As Tartarugas Ninja, Transformers, He-Man, G.I Joe, etc, e ainda sofremos quando resolvem, ainda hoje, mexerem em suas fórmulas, as produtoras atuais optam por não reciclar seus conteúdos, preferindo, em vez disso, criar uma atração genérica nova. Nada de temporadas e mais temporadas de uma única animação, a preferência é pela quantidade e não qualidade, por mais que isso pareça indelicado de se dizer, por isso tantas atrações parecidas, de traços semelhantes, histórias simples e personagens esquecíveis. Por isso, o investimento é mais nas cenas e em histórias isoladas no que no roteiro como um todo. Pelo que dizem, a criança de hoje é mais dispersa, mais hiperativa, não assiste desenho na televisão como antigamente, e sim em smatphones, tablets e têm outros meios de entretenimentos em mãos, como jogos de videogames portáteis e de mesa. Contudo, prender a atenção da criança é algo que exige esforço, não podendo se dar ao luxo de mantê-la com os olhos fixos na TV com soluções arriscadas envolvendo histórias complexas.

Ainda em se tratando de nosso tempo de infância, os desenhos eram sim mais bem estruturados, o roteiro falava mais alto. A diversão era para toda família, as produtoras de animação buscavam fazer os pais acreditarem que aquele conteúdo era sim bom para as crianças, e o apelo se direcionava sem medo aos adultos, assim como a publicidade de sua coleção de brinquedos, que passava às vezes até mesmo em horário nobre. Era comum animação baseada em filmes não necessariamente infantis, como Rambo, Karatê Kid e Robocop, para citar alguns, algo não muito fácil de se pensar hoje em dia. Ainda hoje somos pegos pelo tão presente fator nostalgia e nos esbarramos com produções recicladas das animações de nosso tempo, a maneira que as grandes produtoras, em parceria com canais de TV a cabo, encontraram para nos fazer consumir tais produtos, inclusive as apresentando à uma nova geração. Bem assim são com os filmes da Disney, da Pixar, e adaptações live action. Note que atualmente as produções são sempre as mesmas, pois, se não fosse assim, as chances dessas produtoras se meterem em cilada seriam muito grandes.

Conclusão
Que as crianças hoje em dia são mais dispersas, ninguém discute. Mas não quero arriscar dizendo que isso seja algo necessariamente ruim. Como já sabemos, as coisas mudam, e talvez essa seja apenas uma evolução do tempo. O modo de ver televisão, inclusive, já não é o mesmo há algum tempo, e por que não seria assim também com as produções infantis? Mas, em defesa delas, digo que as crianças são sempre iguais, não importando de qual época. Eu quando criança assistindo a um filme de super herói, contava os momentos de ele aparecer na tela para ver suas sequências de ação, suas cenas de luta, o modo como combatia os inimigos, seus poderes, toda a mise-en-scène envolvida, pouco me importando com o roteiro, claro que se ele não se esforçasse para me prender a atenção. A bem da justiça, até hoje sou assim. Mas naquela época, entender o porquê de tudo aquilo funcionar daquele jeito era uma tarefa do adulto que estivesse assistindo comigo. Por isso que hoje vemos brinquedos de determinados personagens que, segundo alguns chatos, não são beeemm assim infantis. Mas o que de fato a interessa é ter a certeza de que o que aquele personagem faz é o certo e ter uma roupa bonita, além de fazer bem feito suas cenas de ação. Mais tarde, ele vai revisitar esse personagem com olhos mais técnicos, às vezes até mais chatos, e aí ele vai perceber que dessa vez está ´´estudando`` suas produções. Era assim comigo, era assim com você, e vai ser assim com todo mundo.