quinta-feira, 15 de março de 2018

Mortal Kombat - Os Defensores da Terra


Quando eu era moleque passava nas manhãs da TV Record, no programa da Eliana, essa grande pérola ainda hoje pouco valorizada, Mortal Kombat - Os Defensores da Terra. Não era a primeira animação dessa franquia de games, a primeira é uma animação de 1995 de menos de uma hora de duração, que antecedia os eventos ocorridos no primeiro filme live action, embora produzido depois. Contava ainda com recursos de animação em 3D inovadores para a época. Já Mortal Kombat - Os defensores da Terra, feita um ano depois, é uma série animada de 13 episódios apenas, produzida em uma época em que o game estava bombando em sua terceira edição, mas mesmo assim não vingou. Ocorre após os eventos do filme com atores reais.  No roteiro, Outworld, império sob liderança de Shao Kahn, continua desejando dominar a terra e vive abrindo portais em diversos locais de nosso planeta, enviando exércitos malignos e hordas de monstros que conhecemos muito bem. Há quem diga que os traços de Os Defensores da Terra são muito mal feitos, mas não vejo problema, é uma produção destinada às crianças, e se o objetivo é entreter, tudo pode ser compensado com um bom roteiro. E nego acha que desenhar bonito é mole. Para não dizer que não é uma produção caprichada, tentaram levar para o desenho toda a atmosfera soturna dos games. Pois bem, nessa adaptação para os desenhos, a galera do bem de MK é bem unida e realiza missões como um autêntico grupo de super heróis. Liu Kang dessa vez, embora ainda bom mocinho, não é mais tão protagonista assim. Stryker, personagem tão desinteressante, é mais ´´protagonista`` que o Liu, mas ninguém se compara com o Rayden, O Deus do Trovão, des de sempre o mentor da equipe, mesmo que não precise fazer muita coisa além de aparecer de vez em quando, lançar uns raiozinhos bonitos e dar lição de moral. Nightwolf, um simples índio nos games, virou uma espécie de gênio da tecnologia, agindo por de trás dos computadores, dizendo para seus companheiros em qual lugar do mundo abriu um novo portal e os enviando para lá, tirando o dele da reta, lutando apenas em raríssimas vezes, o que é uma pena, pois seus poderes, como o arco e flecha de energia, é realmente bonito. Nightwolf conta também com a ajuda de seu lobo mascote Kiva, sempre presente e preparado para defender seus companheiros de equipe. Kiva não está presente nos games, mas é de praxe adaptações para as telinhas criarem um personagem novo aqui e ali (quem não lembra dos ´´Super Gêmeos ativar``, da versão animada da Hana Barbera dos Superamigos?). Mesmo de vez em quando quebrando o pau entre eles, a equipe dos ´´Mortal Kombat`` se dá muito bem e resolvem grandes problemas juntos, o que não deixa de ser engraçado, se pensarmos que nos games ninguém parece tão bonzinho assim, com aqueles golpes mortais todos. Jhonny Cage, como sabemos, morreu no comecinho do segundo longa live action, Mortal Kombat - A aniquilação, portanto não aparece nesse desenho. Pobre Jhonny Cage, mesmo o personagem não tendo tanta graça assim, mereceria uma morte bem mais interessante. Sony Blade e seu ``amigo colorido`` Jax continuam vivendo em sua relação de tapas e beijos. Kitana também marca presença, como a segunda expoente do gênero feminino da equipe, e continua fazendo par romântico com Liu Kang, mesmo aquele par romântico que vive no ´´chove e não molha``. É interessante o cuidado de lembrar dos fatos ocorridos nos filmes, as cenas do combate entre Liu Kang e Shang Tsung é refeita em flashbacks, dessa vez obviamente mais fiel aos jogos pela caracterização dos personagens, assim como a aparição de Kitana interferindo nos combates de Liu Kang, cheia de mensagens de sabedoria, e o combate entre Sonya e Kano. Kano, aliás, ficou perfeito nessa animação, tal como esperávamos que o personagem fosse retratado em outra mídia além dos games. Minha única reclamação é que na animação alternava sua aparência nos momentos em que ele aparecia, ora como o Kano do primeiro MK, ora como o Kano de MK III, não respeitando uma ordem cronológica. Dessa vez, a equipe do bem de MK, os ´´Defensores da Terra``, como o desenho bem faz questão de frisar, se desloca por aí de um lado para o outro com jatos, tal como uma equipe G.I Joe respeitável, para livrar o mundo de invasores de Outworld. Gostei da decisão de botar cada personagem do time dos vilões de Mortal Kombat como pertencentes de um exército de seres semelhantes, isso rende muitos inimigos, muitas lutas, e cria um roteiro interessante. Temos exército de ninjas cibernéticos, de onde pertencem Sektor e Cyrax, exército de Barakas, de lagartos, de onde veio Reptile, de criaturas de quatro braço, de onde vem Sheeva (Goro e Kyntaro também, mas enquanto Goro foi liquidado no primeiro Mortal por Jonny Cage, o coitado do Kyntaro sequer é citado. O nome dessa espécie é Shokan), exército de minotauros, de onde vem Motaro, e o clã Lin Kuei, de onde vieram Sub Zero, Smoke e outros ninjas. Sem deixar de lembrar de invenções da própria animação, criaturas que Os Defensores da Terra enfrentam em suas aventuras, como múmias, monstros, criaturas de pedra, dinossauros, e Zara, inimiga de Kitana, que aparece em um único episódio, mas um dos melhores da série, Espadas de Ilkan. Parecia até um episódio da She-Ra. Senti falta de uma participação melhorzinha de Sektor e Cyrax, que embora tivessem aparecido, foi bem superficialmente, não tiveram nem mesmo seus golpes especiais respeitados. Percebo que MK tem o tipo de história que funciona melhor como roteiro de série e de filme do que de videogame. A animação é boa, apareceu, senão todos, ao menos a maioria dos personagens, até mesmo os mais obscuros, como Kabal, Rain e Quan Chi, mas senti falta de Mileena, Jade, Syndel e Kung Lao. O desenho é bom, as cenas de luta são legais, o roteiro, para um seriado infantil, até que é bem feitinho, e apesar de uma ou outra tosquice, seja na animação ou no próprio roteiro, é uma produção divertida. Pena que não fez lá muito sucesso, a série termina de repente sem sequer ter um desfecho, os produtores não estavam preparados para o cancelamento da série. E ainda tem uns recalcados que vivem criticando, honestamente acho difícil encontrar uma razão para tanto. Não podemos esquecer do grande time de dubladores escalado para dar voz aos personagens, pois temos aqui, para citar alguns nomes, Elcio Sodré, Alexandre Marconatto, Armando Tiraboschi e Jennifer Carpenter.