terça-feira, 29 de maio de 2018

X- Men Animação Clássica




Insisto em acreditar que os desenhos dos anos 80 e 90 são melhores que os de hoje. Não importa os acertos, as tentativas, as opiniões divididas entre uma adaptação clássica e uma criação original, o que defendo é que, independente de ser o público alvo, as animações antigas superam as recentes. Lembro da metade dos anos 90, onde a preferência dos garotos da época era disputada entre Os Cavaleiros do Zodíaco, X-men, e um pouquinho depois, Power Rangers (Mighty Morphin). Nesse período passava entre eles, um tanto despercebido, o desenho Os Poderosos, na TV Colosso, que eu gostava bastante e em minha humilde opinião não ficava devendo em nada para esses já citados, mas eu preferia ficar calado para não sofrer ´´hate``. Mas acontece que, se antes eu conhecia X-Men dos quadrinhos, foi com a animação que começou minha admiração pelos mutantes até os dias de hoje. Se não me engano começou a passar no Brasil no comecinho de 1994, e realmente para época era um dos melhores desenhos a passar na televisão, era o último a ser exibido na programação infantil da Globo, na hora do almoço, justamente o momento em que se registrava maiores indicies de audiência, a hora em que as crianças se preparavam para ir à escola (no caso, as que estudavam de tarde, público para o qual a programação era direcionada). Os personagens agora se encontravam em novos uniformes, todos reformulados, diferente da maneira como apareciam nos quadrinhos, com destaque especial a Ciclope, Wolverine, Vampira, Gambit, Fera, Jean Grey, Tempestade, e um protagonismo optativo dado à Jubileu, uma pré adolescente, provavelmente para trazer mais identificação ao público infanto juvenil que viria a acompanhar os episódios, inserindo-os na descoberta desse novo universo de pessoas diferentes que a aguardavam, já que muito provavelmente nem todo leitor dos quadrinhos iria ser conquistado por essa versão animada dos X-Men, que precisaria ter uma linguagem mais infantil e mais universal. A animação seria apresentada à uma nova audiência, aquela que nem tinha o hábito da leitura, ainda mais se lembrarmos que os tempos eram diferentes e as crianças não conheciam nada de redes sociais, sites, blogs e comunicação à distância. Falando nisso, foi assistindo esse desenho que aprendi a pronunciar corretamente o nome Ciclope, que, acredito eu, foi a melhor versão desse personagem. Scott Summers foi o protagonista que as outras mídias precisariam ter, até hoje não o vi em uma adaptação decente nos cinemas, por mais que tivessem tentado nessa última vez. Forte, viril, bom líder, galante e em nada devendo a Logan, que também foi aqui bem retratado, talvez começando desde já a conquistar seu lugar na preferência de muita gente quando se pergunta qual seu herói/ X-Men favorito. Insisto a pensar que só existe os filmes de heróis por que as animações deram seu ponto de partida, não os quadrinhos, ao menos os primeiros a iniciar as sequencias que viriam depois. As versões televisivas foram as que apresentaram os heróis ao mundo, pois todos assistem televisão, crianças assistem televisão, e não necessariamente todo mundo tem o hábito de ler, mesmo hoje em dia, o que não deixa de ser uma pena. É possível conhecer toda a história, os personagens e a mitologia que cercam os heróis sem ter tocado em um gibi sequer, e ainda se tornar fan de um determinado personagem, debater, discutir, e reclamar caso seja escalado outro ator para interpretá-lo, escanteando o qual conhecemos sob a pele do personagem que aprendemos a amar. Mesmo assim a venda dos gibis dos mutantes aumentou bastante com o sucesso da animação, trazendo inclusive às bancas X-Men Adventure, série adaptada dos episódios da animação, e um álbum de figurinha da série de TV, que não vi fazer muito sucesso onde eu morava, tendo sido ofuscado pela coleção das figurinhas dos Cavaleiros do Zodíaco. Como podemos perceber, os impressos faziam sucesso de uma maneira que as crianças de hoje não conseguiriam imaginar. Com relação ao sucesso do desenho também se tornou fácil encontrar o jogo de Super Nintendo X-Men - Mutant Apocalypse, onde se podia jogar com Ciclope, Fera, Wolverine, Gambit e Psylocke, curiosamente a única representante do gênero feminino, que sequer fazia parte da equipe original da animação. Esse foi o primeiro dos muitos jogos, de vários consoles, que veio nesse embalo.

A animação



A animação tinha uma pegada bem anos 80, e digo de uma maneira positiva, pelos bons traços, roteiro bem trabalhado e personagens bem construídos, mas foi produzida entre 1992 a 1997, num total de 5 temporadas. A Rede Globo nem se atrasou tanto em trazer a animação para nossa terra, e o sucesso foi praticamente instantâneo. Pena que a belíssima abertura foi cortada para poupar tempo de exibição, restando apenas a ´´colisão`` entre heróis e vilões que, afinal de contas, acabou se tornando uma abertura antológica. A mansão do professor Xavier se mantém bem equipada e sofisticada, porém, sem a cara de uma ´´escola de alunos super dotados`` que precisaria ser seu disfarce. Para não duvidar do intelecto das crianças e de qualquer outra pessoa que assistisse a animação, não existia mais ninguém na mansão além dos tradicionais X-Men. Esqueça isso de aulas, alunos e professores, a Mansão X apenas abrigava mutantes heróis que se reuniam para discutir seus planos, treinarem seus poderes e habilidades, e ter um teto para viver, tudo sob a tutela de Charles Xavier. Em um determinado episódio a mansão é toda destruída e refeita por eles mesmos, voltando a funcionar em tempo recorde, com todos equipamentos que nela contêm. Outros personagens importantes esbarravam com nossos heróis em alguns episódios, como Colossus, Noturno (que por alguma razão teve seu nome alterado para Morcego), a Tropa Alfa, Anjo, Cable, Blob, Homem de Gelo, Psylocke, Moira, Pyro, Mercúrio, Morlocks, Feiticeira Escarlate, Bishop, Banshee, Ka-Zar, Mística, Sauron, Cristal, Solaris, Capitão América, Samurai de Prata, Senador Kelly, Mojo e Longshot, entre muitos outros. Alguns achei que foram bem utilizados, outros não, mas devemos saber que são muitos personagens e é difícil encontrar lugar para todos eles. Além dessas participações, um ou outro personagem do universo Marvel aparece em forma de lembrança, flash, frame ou plano detalhe, sendo de certa forma homenageados, como aconteceu com o Motoqueiro Fantasma, Justiceiro, Deadpool e Homem aranha. 




De todos os personagens que não são os clássicos protagonistas, um que chamou bastante atenção, além da Jubileu, foi o Morfo. Com o mesmo poder da Mística, era basicamente um estranho para quem conhecia os X-Men apenas dos quadrinhos, e morreu logo no segundo episódio. Ou seja, era um personagem criado só para morrer mesmo. Segundo Wolverine, era um grande amigo seu, sempre sarcástico e divertido como o mutante canadense. Apareceu alguns episódios depois, vivinho da silva e bem revoltadinho por sinal, a princípio querendo se vingar de seus ex-colegas X-Men por o terem deixado para trás e resultando em sua morte, mas perto do fim da série ocorre uma trégua e volta a se entender com eles, não retornando à equipe por achar que ali não é mais seu lugar (e também porque não cabia mais no roteiro), apesar da insistência do Professor Xavier e Wolverine. Nos quadrinhos tem um personagem bem parecido, porém, o da versão televisiva foi apenas inspirado neste, já que não há grandes semelhanças além do poder de metamorfose. 

Contudo, há um grande estranhamento entre essa versão televisiva com as demais, detalhes, histórias e origens que entram em choque. Como por exemplo, ser difícil considerar a relação maternal entre Mística e Vampira, assim como a mesma relação que a mutante azul tem com Noturno (ou morcego, em se tratando dessa animação), dessa vez uma relação sanguínea. Fora isso, arcos de histórias foram aqui muito bem representadas, como o da Fênix / Fênix Negra, a participação da equipe Shi´ar, a história em torno da cura mutante, as viagens temporais, e as lembranças, em flashback, que a equipe mutante nem sempre foi como passamos a conhecer desde o primeiro episódio, mostrando que antes era usado um uniforme padrão, os integrantes nem sempre eram os mesmos, e Fera já teve forma humana. A linha do tempo doida e bifurcada característica de uma produção dos X-Men marcava sua presença já nessa época, com os infindáveis casamentos entre Scott e Jean e falhas de continuidade e de coerência. Às vezes parecia que o roteirista esquecia do que havia acontecido antes. Tudo bem apenas se você achar que as crianças tem memória curta e não lembram do que comeram no café da manhã do dia anterior. 

Vilões

Para ser sincero nunca achei os vilões dos X-Men tão terríveis assim. Magneto, por exemplo, me parece uma flor de pessoa. Acessível à conversas, sua motivação é coerente e seus planos nem são tão terríveis assim. Apareceu em alguns poucos episódios como vilão, em muitos como aliado, e nem impressionou tanto. O mesmo se diz sobre Juggernaut (eu prefiro chamar de Fanático, mas muita gente se refere a ele pelo nome original). Foi interessante lembrar do meio irmão de Charles Xavier e explicar sua história, o fato de ele não ser mutante e mesmo assim parecer uma grande ameaça, seu caráter, em vários episódios não importando a distância entre eles. Mesmo assim, ele não é de longe tão ameaçador como deveria. Sua primeira aparição coincide com a primeira aparição de Colossus e o conflito que se segue (a bem da justiça, o desenho é cheio de ação e luta, embora para os padrões aceitáveis da época) deixa bem claro que na verdade ele é um bobalhão de miolo mole, dependente de sua couraça. Um detalhe curioso é que em um episódio bem à frente, um Zé ninguém encontra a jóia de Cyttorak que confere os poderes de Juggernaut e se torna um pit boy irresponsável, indo parar, em conflitos com o Juggernaut verdadeiro, no set de filmagem dos Power Rangers, referência que teve origem talvez por o  seriado, que também é da Saban assim como essa animação dos X-Men, estar fazendo sucesso na mesma época. 



Dentes-de-Sabre é um personagem que não pode faltar, mas teve sua origem mal trabalhada e mal desenvolvida nessa animação. Ficou sem explicação do porquê Wolverine odiá-lo tanto, não podia nem ver o cara que já ficava de TPM. Nos episódios futuros, suas sequencias com o Wolverine, seu envolvimento nas descobertas da Arma X e a união com outros personagens, foram dando um tempero adicional ao personagem. Mas sem dúvida o maior deles foi mesmo Apocalipse, merece levar a menção honrosa de melhor vilão da série. Nem mesmo Sr Sinistro se mostrou tão terrível (lembrando que os arcos de aventura dele são chatos). Já Apocalipse em todas suas formas, seus planos, seus vilões derivados, Arcanjo, os quatro cavaleiros do apocalipse, Pestilência, Guerra, Fome e Morte, enfim, já nem deixaria mais espaço para outro personagem bicão se estivessem em todos episódios.  Tão estiloso quanto ele, mas não mais amedrontador, é o Molde-Mestre, que fabricava Sentinelas numa escala absurdamente grandiosa. 




Não sou um cara preso ao passado, acredito e torço para que futuras gerações conheçam animações de qualidade de super herói como foram as do meu tempo. Ao menos que conheçam as originais, por que não, desenho bom não fica datado. Os personagens estão sempre se reciclando, nas animações, no cinema, em adaptações live-action, só vamos esperar que não descaracterizem nossos heróis em produções preguiçosas e infantis abaixo da média. Pode ser inclusive que X-Men precise de uma nova adaptação, mas nada parecido com X-Men Evolutions. Só que na direção que caminha as produções atuais quem sabe ser comparado com X-Men Evolutions não seja mais tão ruim assim.

quarta-feira, 9 de maio de 2018

Street Fighter The Movie - O Jogo baseado no filme, baseado no jogo


Acho Street Fighter: The Movie um jogo muito bom, pena que seja tão injustiçado. A adaptação para os cinemas do jogo de luta da Capcom não foi nenhum motivo de orgulho, ao menos sua adaptação para os games salva um pouco essa infeliz experiência. Se bem que é melhor você jogar esquecendo o filme, ficando apenas com a sensação de estar jogando uma versão realista de Street Fighter II, mais necessariamente da versão Super. Eu estranhei um pouco quando joguei pela primeira vez ainda na segunda metade dos anos 90, isso na versão para Sega Saturn, mas recentemente, jogando no emulador de Ps1, percebo que esse Street não é tão diferente assim, a jogabilidade é a mesma, os comandos, os golpes especiais, é tudo feito da mesma maneira que qualquer outra versão. Inclusive os golpes são bem fáceis de se mandar. Mesmo o filme sendo ruim, a escalação dos atores não tem nada de tão errado, e Street Fighter: The Movie acaba dando um rosto para esses personagens que estávamos até então cansados de conhecer em sua versão cartunesca. E para os produtores o lançamento desse jogo veio bem a calhar, pois acaba de uma forma ou outra promovendo o filme, despertando o interesse daqueles que não se deram o trabalho de assistir, ou fazendo os gamers considerarem dar uma nova chance ao filme depois de ver que o jogo é tão bom. Mas acontece que o jogo é melhor que o filme, e o que ambos tem em comum é apenas a caracterização dos personagens, e aliás, o filme está longe de ter esses golpes todos que tem nos games. 


O Jogo

Street Fighter II era um grande sucesso dos arcades lá no início dos anos 90, quem viveu a época lembra bem disso. Chegaram muios jogos parecidos para concorrer com essa inovação dos jogos de luta, e o que mais se destacou até então, que chegou a disputar com Street a preferência desse gênero, foi Mortal Kombat, apresentando elementos que nunca houveram antes, como os fatalities e gráficos digitalizados dos personagens, lembrando bastante Pit Fighter, porém bem mais próximo dos jogos do estilo de Street Fighter mesmo. Nada mais justo para a Capcom se inspirar nesse jogo também, lançando uma versão bem parecida, com personagens digitalizados e uma pegada mais realista. Para isso se uniram à Acclaim, a mesma empresa de desenvolvimento de games que tornou MK o sucesso mundial que passamos a conhecer, eu só não imaginava que na época tinham pego umas horinhas dos atores de Street Fighter: O Filme para digitalizar suas imagens e capturar seus movimentos. Significa então que desde o início pensavam em fazer o jogo, mas eu cheguei a pensar também que apenas aproveitaram a cabeça dos atores para usarem em corpos digitalizados de dublês ou especialistas em artes marciais, já que nem sempre os figurinos dos personagens correspondem com os usados nos filmes, e também é difícil dizer se os atores saberiam interpretar certos movimentos e golpes com precisão. Mas o jogo foi feito com capricho, para nenhum fan de Street Fighter II clássico botar defeito, com fidelidade de personagens, só que numa versão realista. A história tinha que lembrar minimamente a do filme, antes de começar o jogo é exibido um tipo de trailer com as melhores cenas do filme para vender o produto, e infelizmente, já que a história não é exatamente sobre o torneio de artes marciais que conhecíamos, não tem essa de cada um lutar em sua casa, e nisso os cenários estão bem diferentes, e para falar a verdade eu não gosto deles. Tudo bem que os cenários precisam ser os que tem no filme, a cidade de Shadaloo, selvas, essas coisas, mas seria bom se lembrassem pelo menos um pouco aos que estávamos acostumados. Um ou outro eu acho bonito, mas que ficaria melhor para personagens trocados, por exemplo, o cenário da Cammy ficaria uma boa para o Ken, e o cenário do Capitão Sawada cairia como uma luva para o Blanka, se bem que achei que ficou legal o cenário dele, o laboratório onde esse monstrão verde foi criado. Mas gostei do cenário do Guile, combinou com ele, mas não podia ser diferente, sendo ele o personagem principal do filme. Eu só substituiria a base militar lá do fundo por um tradicional caça parecido com a versão do cenário clássico, mas está valendo. De todos eles, o cenário que chegou mais perto foi o do Vega (O cara da garra, que por alguma razão está sem a máscara), gostei bastante. Alguns outros cenários ficaram até bons mesmo com a falta de comprometimento com a fidelidade aos jogos originais, como o do Balrog e do Bison, mas detestei o da Chun-Li, pobrezinha, ela merecia qualquer coisa mais caprichada. Mas a trilha sonora compensa a falta de harmonia dos cenários, de fato esse jogo tem músicas muito boas, ao menos dessa versão que joguei, como toda grande produção de Ps1 deve ter. Só pecava por uns bugs quando a música terminava e reiniciava, como se o ´´técnico de som`` errasse o botão da música e logo corrigisse apertando o botão certo, quem jogar esse rom vai saber o que estou falando.


Personagens

Todos os personagens da versão Super estão presentes, com exceção de Fei Long (que não tem no filme), Thunder Hawk (que até tem no filme, mas está bem descaracterizado, e muito sem graça por sinal) e Dhalsin (que no filme é um cientista ´´nada a ver`` que não teria o menor encaixe nesse jogo).  Mas no geral, todos estão bem parecidos, salvo uma ou outra diferença. Balrog não é mais uns dos chefes finais de Bison, já que no filme ele não é um vilão da Shadaloo, apenas o cinegrafista da repórter Chun-Li Zang, e Dee Jay e Zangief passam a ser considerados os chefões finais de acordo com a história do filme. Particularmente adorei o Dee Jay, bem fiel ao Super Street Fighter II clássico, dessa vez com uma vibe mais psicótica, até mesmo por ser o vilão da vez. Se antes ele era um jamaicano sorridente, dessa vez ele continua sendo, só que agora seu sorriso dá medo. Seu cenário trocou o clima festeiro e musical por um clima mais tenso, mais soturno, além de ele continuar um ótimo lutador. Já o Zangief, tem aqueles que o consideraram mais magro e menos ameaçador, mas eu sinceramente não penso assim. Vamos esquecer do filme de uma vez por todas e pensar que essa é uma versão realista de Street Fighter, onde montanhas de músculo desproporcional não costumam existir com facilidade na vida real, e esse Zangief já é bem fortinho como uma pessoa normal que podemos conhecer por aí, em lugares como a academia, e o que é melhor, teve todos seus golpes respeitados. O Blanka também achei mais magro e menos verde que o original, mas é uma maravilha como conseguiram manter seus golpes originais com fidelidade e competência, e lembraram que, como ele era um soldado aliado de Guile, deveriam manter o calção camuflado que ele usava quando foi capturado e transformado, pequenos detalhes que fazem os gamers mais atentos ficarem pensando. Um importante personagem do filme que lembraram de acrescentar no jogo é o Capitão Sawada, outro aliado de Guile. Bom lutador, com golpes interessantes, não apareceu em mais nenhuma outra versão de Street Fighter, é difícil inclusive imaginá-lo em uma versão cartunesca, mesmo assim é lembrado por muitos gamers, até por aqueles que não gostaram nada do filme, já que sua participação no jogo o tornou um dos lutadores preferidos. Fiquei sabendo por aí que existe um código secreto de botões, e bem fácil de fazer, para liberar o personagem Akuma no menu, e pelo que vi em ação está bem caracterizado, bem realista, mas sem perder a essência selvagem e seus golpes especiais, inserido gentilmente no jogo mesmo sem sequer ter sido pensado no filme. Senti apenas um pouco da falta dos movimentos acrobáticos bem ligeiros da Chun-Li, ela me pareceu mais travada, mais comedida, porém sem deixar de ser uma boa lutadora. Talvez, por se tratar de uma versão mais realista, esses movimentos afoitos e turbinados não teria um bom cabimento aqui.


Por sorte, esse jogo foi lançado apenas para videogames de CD, com boa resolução e qualidade, portanto se distanciou bastante de MK, que, embora moderno para a época, os consoles para qual foi lançado não suportavam tanta memória e mesmo os personagens digitalizados de seus jogos ficavam com cara pixelizada. Street Fighter: The Movie tem toda um ar de filme mesmo, a trilha sonora de introdução, do menu da escolha de personagens, pena que tem o filme para comparar, e essa é a razão que muitos gamers bobos encontraram para hatear o jogo. Mas está ali, e podemos reconhecer, queridos atores como Van Damme e Raul Júlia em seu último personagem. Uma coisa interessante que percebi é que a digitalização é tão bem feitinha que podemos saber até mesmo o tipo de tecido que compõe a roupa dos personagens.
Já nos arcades, a recepção em grande parte do mundo não foi muito boa. Também pudera, sequer foi produzida pela Capcom, e definitivamente pareceram esquecer que ainda se tratava de Street Fighter. O que fizeram era um híbrido grotesco de Street Fighter com Mortal Kombat, com bem mais elemento de MK que de Street, só faltava os fatalities. Era sangue para tudo que é lado, movimentos ligeiros e péssima jogabilidade, alto grau de dificuldade, cenários chupados de MK, e uma agressividade nas lutas que é quase uma marca registrada do jogo da Midway. Só o fato de não ter Blanka nem Dee Jay, os preferidos de muita gente, já mostra que não pode ser boa coisa. Ainda empurraram um personagem novo mascarado a la Mortal Kombat, Blade, soldadinho insosso da Shadaloo. Para mim a única coisa interessante, mas não menos bizarra, é a magia em forma de dragão da Chun-Li. Por sorte, mesmo com a rejeição, foi lançada versões para consoles caseiros, dessa vez passando pela reformulação necessária, como lembrar que Street Fighter tem uma identidade própria e não precisa chupinhar outros jogos da geração. Ainda bem.