terça-feira, 18 de dezembro de 2018
segunda-feira, 10 de dezembro de 2018
Ninja Gaiden - A saga mais difícil do nes... dos games
Quando eu era moleque achava que Battletoads in
Battlemaniacs era o jogo mais difícil que existia. Hoje percebo que estava
enganado. Sabia sim que existia outros jogos difíceis, mas não tanto quanto ou
mais. Agora, homem feito e com maturidade suficiente para saber o que é um
desafio de verdade, vejo que a trilogia para nes do Ninja Gaiden é a franquia
de games mais difícil de todas, incluindo aí todos os consoles, até os dos dias
de hoje. Jogos atuais são fáceis demais, direcionados para uma geração que não
gosta de suar a camisa e que deixaria de se interessar por grandes desafios,
dada a oferta de muitas opções disponíveis. Antigamente a molecada era mais
engajada, mesmo em se tratando de diversão descompromissada como os jogos de
videogame. Tenho revisitado essa clássica série do Nintendo 8 bits já há algum
tempo, dessa vez através de roms e emulador, e apesar de usar e abusar dos
´´saves`` sem o menor remorso por considerar um direito merecido em se tratando
de jogos tão traiçoeiros, demorei um bocado para finalizar. Porém, só
recentemente consegui terminar o segundo título, The Dark Sword of Chaos, isso
depois de desistir e retomar várias vezes. A dificuldade, apesar de muitas
vezes diminuir o desejo de jogar e fazer a gente passar raiva, não desmerece o
valor da série, muito pelo contrário, o alto grau de desafio simplesmente a
torna um grande clássico do nes ao lado de Mario Bros, Mega Man e Castelvania.
Não só o desafio como tudo no jogo é bem trabalhado, como os efeitos sonoros, a
trilha sonora das fases, passando pelo chefe de fase até a derrota, tudo é bem
empolgante e envolvente. O gráfico então, para a limitação de paleta e dos bits
do console, era muito bonito e conseguia passar para o jogador toda a ideia do
que se tratava o lugar, a composição das fases e a atmosfera dos cenários,
todos eles variados e com temas diversos, tinha fase no céu, no gelo, lava,
cavernas, passagens subterrâneas, etc. Como todo ninja que se preze o
personagem principal lutava com sua tradicional espada, mas ia coletando armas
e equipamentos no caminho que o ajudava a lidar com os inimigos, como
shurikens, bola de fogo e até mesmo itens que aumentava o poder de alcance de
sua espada e danos que ela causava. A partir do segundo jogo o ninja podia
adquirir sombras que funcionavam como suas cópias fiéis em combate com os
vilões, e a quantidade de cópias não era econômica caso o herói soubesse pegar
os itens certos, e o melhor de tudo, elas nunca morriam caso nada acontecesse
ao ninja original. Pela dificuldade de sua jornada as sombras eram
indispensáveis, mesmo assim conseguiam me irritar um pouquinho, algumas vezes
me confundiam a ponto de eu não saber mais quem era o herói que eu controlava e
quem eram suas cópias, e isso me custava pontos de energia e muitas vidas, além
de as informações visuais tornarem a imagem, digamos assim, mais poluída
(poluição visual, aliás, é uma grande característica das fases, todas repletas
de inimigos que não cessam de surgir de tudo que é lugar). Nosso ninja é perito
em muitas habilidades, como não podia ser diferente, pulava alto, andava
correndo, se pendurava na parede, e a partir do segundo jogo ele podia escalar.
A única habilidade que ele não adquiriu foi a de nadar, sim, nosso ninja forte
e habilidoso simplesmente morria afogado.
Muita gente pode não saber, mas foi essa série da Tecmo a
pioneira na inserção de cut scenes nos jogos de videogame, ou seja, cenas
narrativas próprias de filme entre um estágio e outro, explicando toda a
história e a motivação do herói. Quando criança não tive a menor paciência de
acompanhar, as cenas eram compridas e tinham realmente vontade de oferecer ao
espectador a experiência de acompanhar um longa de animação, mas hoje, adulto
centrado, paciente e com maior poder de concentração, decidi dar uma chance, e
assim tomei conhecimento de que nosso ninja é na verdade Ryu Hayabusa, um dos
últimos descendentes de um clã de ninjas, e sua história cheia de reviravoltas
envolve aliados como um arqueólogo, uma agente da CIA (e futuro interesse
amoroso de Ryu) e um atirador profissional, contra demônios nascidos do próprio
ódio, Jaquio, Ashtar, Foster e Clancy. Finalizar todos esses jogos, depois das
inúmeras tentativas frustradas, das raivas passadas, das horas, dias e meses perdidos,
da trolagem dos programadores de fazerem você repetir uma fase inteira depois
de morrer e de outras até piores, que fazia você percorrer uma fase que já era
dificílima pelo inverso, nos dá uma satisfação enorme, uma sensação profunda de
dever comprido, e de que você é páreo para desafios duros e complexos que
envolve agilidade psíquica e motora. Imagino que uma criança que conseguisse
zerar qualquer titulo desses jogos (e sem save, por sinal), poderia ser
considerada super dotada e mereceria ser estimada.
Versões além do nintendinho 8 bits
Antes de seu bem sucedido port para nes em 1989, o jogo não
rendeu bons frutos em seu tempo de arcade, sendo considerado por muitos uma
cópia traumatizante de Double Dragon, hit da época. Depois de uma reformulação,
aliás, uma reinvenção, pois de reformulação não tinha nada, tendo em vista que
a versão de arcade pouco tinha a ver com a de nintendo 8 bits, o jogo caiu no
gosto dos gamers da época e seu sucesso continuou até sua terceira edição, The
Ancient Ship of Doom, de 1991. Nesse meio tempo foram produzidas versões para
Master System e Game Boy, mas sem dúvida nenhuma as melhores foram as de nes, a
franquia parece ter nascido para esse console. Pena não terem feito na época
uma versão para Super Nes, com a mesma jogabilidade e mesmos conceitos,
provavelmente seria um de seus melhores jogos, mas em vez disso lançaram para
ele, em 1995, um cartucho contendo a trilogia completa, e o melhor, sem mexerem
em nada no aspecto original, se muito apenas refinaram os pixels, deram uma
realçadinha na cor e nos sons e só. Presentaço para os retro gamers da época. Teve uma época que descobri uma rom atribuída ao Mega Drive do nosso querido ninja azul, e achei uma coisa decepcionante, não por o jogo ser ruim, mas por em pouca coisa lembrar o Ninja Gaiden que estávamos acostumados. Era mais um beat up estilo sua versão de arcade mesmo, jogabilidade fraca e inimigos sem graça. Por sorte, descobri mais tarde que tratava-se de apenas um protótipo que nunca foi lançado, jogado na net de maneira clandestina, uma versão cheia de bugs por sinal, que dava a entender que o jogo realmente não tinha sido completado.
Em 2004 foram lançados novos títulos para XBox, Playstation
3, XBox 360 e Wii U, mas é aquela história, nunca vi nem comi, quem sabe mais
para frente eu me interesse em conhecer, mas vendo imagens e gameplays tenho na
consciência que as versões para Nintendo eram de fato insuperáveis. Mesmo com
aqueles gráficos pixelados e datados, duvido que outra versão fosse mais badass
que aquelas.
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