domingo, 28 de junho de 2020

Malhação Viva a Diferença - Uma reprise de acerto


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Percebi há alguns dias que a Globo está reprisando a temporada da Malhação dirigida por Cao Hamburger, a das cinco meninas de diferentes personalidades que cuidam de uma criança, filha de uma delas, que as fazem se aproximar e descobrir que têm muito mais em comum do que imaginam, tornando-se assim grandes amigas. A premissa é boa, ainda mais em se tratando à faixa etária a qual a novela se destina, teve audiência boa e inclusive foi exportada para outros países. Não assisto Malhação desde a época do Fiuk, mas ao contrário de muita gente, tenho grande respeito e carinho por esse programa da Rede Globo. Não é a mesma coisa que um Big Brother, por exemplo, que não acaba nunca e mantém desde sempre o mesmo formato. A novelinha adolescente está no ar há mais de vinte anos, um produto inteiramente nacional, não é cópia de outros programas e se atualiza com o tempo, mesmo que o cerne pareça sempre a mesmo, o que não podia ser diferente, já que o público alvo sempre foi o adolescente. E sim, fez parte também de minha adolescência, e o que tenho a dizer é que já foi boa, com assuntos interessantes abordados, misturando humor, romance, educação, vida familiar, sempre discutindo o olhar para o futuro, como carreira profissional e as melhores decisões a se tomar, sem abandonar os momentos importantes para a formação de caráter do jovem. Se muitas vezes pareceu boba, vazia, de questões existenciais sem sentido, é porque de fato a vida do jovem é assim mesma, basta olharmos para trás e lembrarmos de quando éramos adolescentes. É lógico que, infelizmente, nem todo jovem tem o mesmo destino justo que os personagens dessa novelinha teen conseguem ter, a novela apenas aponta a melhor direção que a vida do jovem deveria tomar para que o mundo fosse íntegro, de boas oportunidades para as pessoas. Mas todos os personagens, durante o processo, sofrem com problemas reais, como preconceito, dificuldade, ambiente familiar conturbado, baixa auto-estima, crises com namorados, entre outras coisas, para no final superar tudo isso e perceber que a fase difícil da adolescência ficou para trás, entrando no mundo adulto, como uma pessoa forte, segura, que sabe que outros problemas virão, mas para quem atravessou toda essa barra da juventude, percebe o potencial que têm para driblar ou vencer novos problemas. Nenhum personagem é mais favorecido que o outro, a trama prega a igualdade, e se por uma razão um deles possa apresentar certa vantagem, a história acaba apresentando lições de vida de que todos os jovens são iguais, independente de classe social, etnia, descendência, gênero ou nacionalidade. Já vi gente criticando a novela, dizendo ser um produto elitista e desinformador. Quem diz isso não assistiu a um episódio sequer. A maioria dos personagens não são ricos, playboys ou patricinhas, como é comum ouvirmos falar desde sempre de tal novela. São jovens comuns, de diferentes personalidades, que aprendem que precisam estudar, trabalhar e se comportar para que sua vida prospere. Claro que, por se tratar de uma dramaturgia, é preciso obedecer algumas fórmulas padrões, como o mocinho boa pinta e certinho, a menina meiga, romântica, que sonha com um namorado (e olha que atualmente sutis mudanças têm sido feitas sem rejeição, o que é louvável para os dias de hoje), e vilões adolescentes cuja maior preocupação é ser o mais popular e arrematar a mocinha ou o mocinho, tudo por capricho. A escolha do elenco bem favorecido geneticamente é padrão em toda produção audiovisual, mesmo em Hollywood, portanto, não há muito que comentar sobre isso. Em contrapartida, o restante do elenco, demais personagens e elenco de apoio, pode contar com atores não tão bem favorecidos geneticamente, mas que, apesar disso, terão a mesma chance de uma vida de sucesso como a de qualquer outra pessoa. E a novela segue em suas diferentes temporadas, com seus erros e acertos, optando por temas principais diferentes em cada ano, oscilando na audiência, mas no geral com bons índices para o horário, sobrevivendo ao passar do tempo, à modernidade e à mudança comportamental dos jovens nessa nova era, onde a internet se tornou a nova televisão e o modo de acompanhar as séries televisivas se ajustam a um novo formato. É aí que nos perguntamos, será que o público geral da novela da tarde continua sendo composta apenas por jovens? Talvez hoje não tenha tanta importância, e talvez não terá por um bom tempo ainda. Não sou um apreciador da Rede Globo de televisão, mas no que tange a essa novela inocente, continuaremos torcendo para que continue, sempre se adaptando, se ajustando, experimentando e conquistando novos públicos. Basta esperar essa fase pandêmica passar.


sábado, 20 de junho de 2020

Podiam ter deixado Andy ficar com Woody



Woody Buzz Lightyear Andy | Cine FX

Toy Story 4 pode ter sido um bom filme, deixando pontas soltas para continuações, mas uma coisa me incomodou na história. Ainda no terceiro filme, Andy tinha vontade de doar seus brinquedos antigos e guardar com ele o seu favorito, aquele que o acompanhou por praticamente toda sua vida, o caubói Woody. Seria para ele então como um amuleto, ia acompanhá-lo por toda sua vida, não que ele ainda brincasse, mas iria guardar com todo carinho como uma doce lembrança da infância, muitos adultos ainda tem guardado uma ou outra coisa para se recordar de momentos queridos. Porém, por força do destino, Woody foi parar na caixa de brinquedos que iria doar para a menina Bonnie, que, por capricho de criança, acaba ficando com ele e Andy não resistiu ao doá-lo, pedindo para que, ao menos, a menininha cuidasse dele direitinho. Acontece que a menina não gostava muito de Woody, preferia os outros brinquedos, inclusive brinquedos que ela mesma criava com objetos encontrados em lixeiras, e o boneco caubói foi cada vez mais deixado para trás. Até que ele se reencontra com a boneca Bo Peep há anos doada por Andy, e depois de muitas aventuras o casal de brinquedos acaba decidindo embarcar numa jornada pelo mundo, tornando-se assim independentes, sem uma criança que os controlassem. E assim os dois bonecos ficam por aí, vagando sem dono, sem sequer Bonnie ter dado pela falta de Woody. Fico imaginando se Andy fica sabendo que Bonnie perdeu o brinquedo sem se dar conta disso, o desapontamento que o rapaz teria pela desfeita. Woody podia muito bem acompanhar o rapaz por essa incursão ao mundo adulto, o próprio xerife de brinquedo preferiria isso. Resta torcer para que numa eventual sequencia, Woody e seu antigo dono se encontrem novamente, e o jovem possa enfim ficar com o boneco novamente, deixando a mensagem de que adultos também tem apreço aos brinquedos. É só lembrar dos colecionadores, como o Al do segundo filme.

quarta-feira, 10 de junho de 2020


Site Autárquico da CM Silves Sessão de apresentação do Clube de ...

Desde sempre a gente é acostumado a ouvir que jovens leem muito pouco. E isso numa época onde não se existia internet e não nos era oferecido diversos tipos de entretenimentos, que cabem até na palma de nossa mão. Quase sempre a questão se resumia aos livros, já que gibis eram mais fáceis de serem aceitos. O que me pergunto é; será que hoje em dia o jovem continua lendo pouco?
Pois bem, vamos pensar o seguinte... hoje o jovem é totalmente habituado ao mundo digital, livro de papel seria alguma coisa como um certo tipo de ´´luxo``, afinal, é o modelo clássico de leitura. Para mim, nenhum tablet, kindle ou celular vai substituir a leitura tradicional, de folhear página por página, e se o livro for novo, sentir aquele cheiro de papel novinho, as páginas branquinhas, ou mesmo as folhas amareladas, dando certo ar de importância histórica para a leitura. Sem contar a percepção do quanto já foi lido e o quanto ainda falta para chegar ao final e trocar por outro, sentir o peso, saber o tempo que vamos precisar para terminá-lo só pela grossura. E isso não é coisa de quem está ficando velho, o livro tradicional é mais seguro, não dependente da energia elétrica, de dispositivos eletrônicos, e não faz tanto mal à vista além dos problemas que já conhecemos, pois tudo fica mais tortuoso se observado através de uma tela de led. Não danifica facilmente, se molhar pode secar, podemos levar para qualquer lugar sem medo de sermos roubados, e tudo que precisamos para ler, além do livro, é de um lugar de boa ou razoável iluminação. Hoje em dia, tal como qualquer outra coisa, é fácil encontrar para baixar de graça vários títulos para ler em pdf, há inclusive mercado digital para isso. A dúvida é se o jovem está habituado, ou mesmo interessado, a procurar por tal material. Tanta coisa por aí que chama sua atenção, que a leitura, mesmo em sua forma moderna, acaba sendo uma coisa ultrapassada. Não acho que a leitura por meios digitais deva substituir a leitura de livros, mas já seria de grande valia para uma geração instruída. Se bem que o jovem busca hoje outras formas de se instruir, como vídeos no Youtube, aqueles que procuram bem. A literatura provavelmente vai se manter apenas para casos de alfabetização, entendimento de textos, legendas, e essas coisas. Preocupações gramaticais, de concordância textual, vai ser por muito tempo um pesadelo, pois ninguém aprende a maneira certa de escrever lendo textos de facebook, por exemplo. Isso não nos deixa esquecer outra preocupação antiga, a preocupação quanto a caligrafia, pois é cada vez mais difícil alguém, mesmo os adultos, escrever de maneira raiz (mão, caneta e papel). Crianças de hoje já aprendem a escrever com ´´letra de máquina`` (discursivas). Se isso é bom para o meio ambiente, não sabemos. Ainda consumimos muita energia elétrica, petróleo, plástico, metal e outros componentes químicos para essas questões do dia a dia.
Bem, e quanto aos gibis? O jovem de hoje ainda lê gibi? Meu palpite é que não tanto como antes. Se não for moda, se não for comentado nas redes sociais, se não for um mangá lido por um número aleatório e comprado em poucas edições enquanto a moda durar, não vai haver interesse. Não existe mais nada novo nas bancas, um herói novo, personagem novo, uma aventura que valha a pena acompanhar. Não há lançamento, mesmo porque sempre vai haver o discurso de que pode ser possível fazer download de scans em um link futuro. No máximo, relançamento de quadrinhos de personagens antigos, buscando atingir as gerações passadas que acompanharam tal título. Quanto a outras revistas, nem tem muito que falar. Tudo que ali se trata pode ser encontrado na internet mesmo. Somos abastecidos com tanta série, tanto filme, tanta adaptação de heróis para as telas, que não precisamos mais ler nenhum gibi do Homem Aranha para conhecer e acompanhar as histórias do personagem, a UCM já nos fornece tudo de bandeja. Quanto aos gibis mais infantis, como os da Mônica, hoje seria referido como ´´coisa de criança`` por crianças que crescem cada vez mais cedo. Mas sim, ainda existem bons títulos nas bancas, sobreviventes, que merecem ser prestigiados, como os da Disney.
Pode ser triste, mas é assim mesmo, é o progresso, a evolução. Que ao menos tornem-se produtos digitais, scans ou não. Artistas novos merecem sua vez e podem agora contar com essa ferramenta, com essa projeção, sem precisar tirar muito dinheiro do bolso para o projeto acontecer, e essa é a maior vantagem dessa época que vivemos. Mas ainda estou preso a meu fascínio pelos gibis, revistas, livros e todo tipo de impresso, desde que com conteúdo interessante, e como bom colecionador faço questão de levar o que encontrar de bom para a casa. Só deus sabe o quanto ainda irá durar, podem um dia se tornar itens valiosos, mais valiosos até do que já é uma publicação da Ebal dos heróis da Marvel. Só é difícil se acostumar que a geração de hoje só conheça um clássico literário apenas pela sua adaptação para as telas de cinema.

terça-feira, 2 de junho de 2020

Como reinventar o cinema para os dias atuais?



Post COVID, will our movie watching habits be altered forever ...

Todos nós sabemos que não vamos mais ao cinema tão cedo. Tem muito filme bom por aí a ser lançado, mas infelizmente estão engavetados, isso sem contar as produções interrompidas e adiadas. Não podemos culpar a ninguém a não ser ao maior inimigo desse ano, o tal do corona vírus. Quando enfim pudermos voltar às salas de cinema depois de tanto tempo (contando aí o tempo em que, além de resolvida a questão do corona, teríamos perdido o receio de frequentar lugares fechados cheios de gente) vai haver um ´´engarrafamento`` de filmes sendo lançados praticamente no mesmo período, filmes bons estreando na mesma semana, permanecendo em cartaz por tempo semelhante, e o espectador vai ter que escolher bem o que assistir para não morrer numa grana. Mas o que fazer com as produções que podem facilmente sofrer com a pirataria, sem forte apelo comercial, ou mesmo as que podem ficar datadas com o tempo, precisando ser exibidas em datas específicas para não perder seu sentido? É aí então que serviços de streaming podem parecer uma boa ideia. O lançamento direto para plataformas digitais, levando em conta que já há muito tempo discutia-se que cada espectador tinha sua preferência por comodidade, interação e dispositivos para consumir cinema. Liberar a produção ao assinante pelo valor que seria cobrado na bilheteria se torna mais vantajoso até para o espectador, mesmo abrindo mão de vantagens que só a sala de cinema pode oferecer. O valor é único para toda a família, que, no conforto do seu lar, pode assistir no horário que quiser, o tempo que quiser, sem a preocupação do estar ´´aqui e agora``, enquanto o filme estiver liberado por até 48 horas. Hoje em dia muita gente tem uma televisão grande na sala, que supre a ausência de uma tela de cinema. E assim tem sido com muitas produções, das grandes a pequenas, e estúdios se perguntam se talvez não seria melhor adotar essa solução como definitiva.
E o que pensar de tudo isso? Bem, a ida ao cinema para mim é um programa social, onde se levar a namorado, passear com a família, ou mesmo um programa cultural, que nada está relacionado a ser um espetáculo melhor ou não do que assistir o filme em casa. Muita gente consegue prestar mais atenção na sua sala de estar.  Porém, há certos filmes que tornam-se muito mais atraentes se assistidos na sala escura, como Santuário, Gravidade, por exemplo. Não podemos nos esquecer que a pirataria está aí, praticamente desde sempre, e é fácil esperar o filme não ser mais lançamento para começar a procurá-lo. Além disso, existe aquele pensamento de que, se vai ver sozinho e dentro de casa, por que pagar por ele? O valor único cobrado para ser assistido por uma família de número ilimitado de pessoas acaba dando certo prejuízo a uma produção planejada a ser lançada no cinema. Não digo o mesmo de produções que pensem a adotar esse esquema daqui por diante. A qualidade de um filme se dá mais pela criatividade, bom roteiro, e soluções simples e eficazes, indo muito além das cifras investidas. Novos rostos, novos talentos, precisam começar a aparecer. Sabemos que existem muitos filmes que ainda precisam ser vistos, e mesmo aqueles que amam cinema não vão ficar sem filme nessa quarentena, mas se quisermos continuar incentivando a indústria, devemos fazer mais assinaturas, pagar para assistir aos filmes, mesmo que escolhendo bem, mesmo que num ritmo quebrado e lento, para não deixar o cinema enfraquecer. Mesmo que, e talvez por essa mesma razão, pareça ser um valor simbólico para os ingressos... mesmo que tenhamos a impressão de estar dando uns trocados para um artista de rua talentoso que fica tocando violão na praça, aquele artista que merece uma chance melhor e não deva parar de tocar.