Percebi há alguns dias
que a Globo está reprisando a temporada da Malhação dirigida por Cao Hamburger,
a das cinco meninas de diferentes personalidades que cuidam de uma criança,
filha de uma delas, que as fazem se aproximar e descobrir que têm muito mais em
comum do que imaginam, tornando-se assim grandes amigas. A premissa é boa,
ainda mais em se tratando à faixa etária a qual a novela se destina, teve
audiência boa e inclusive foi exportada para outros países. Não assisto
Malhação desde a época do Fiuk, mas ao contrário de muita gente, tenho grande
respeito e carinho por esse programa da Rede Globo. Não é a mesma coisa que um
Big Brother, por exemplo, que não acaba nunca e mantém desde sempre o mesmo
formato. A novelinha adolescente está no ar há mais de vinte anos, um produto
inteiramente nacional, não é cópia de outros programas e se atualiza com o
tempo, mesmo que o cerne pareça sempre a mesmo, o que não podia ser diferente,
já que o público alvo sempre foi o adolescente. E sim, fez parte também de
minha adolescência, e o que tenho a dizer é que já foi boa, com assuntos
interessantes abordados, misturando humor, romance, educação, vida familiar,
sempre discutindo o olhar para o futuro, como carreira profissional e as
melhores decisões a se tomar, sem abandonar os momentos importantes para a
formação de caráter do jovem. Se muitas vezes pareceu boba, vazia, de questões
existenciais sem sentido, é porque de fato a vida do jovem é assim mesma, basta
olharmos para trás e lembrarmos de quando éramos adolescentes. É lógico que,
infelizmente, nem todo jovem tem o mesmo destino justo que os personagens dessa
novelinha teen conseguem ter, a
novela apenas aponta a melhor direção que a vida do jovem deveria tomar para
que o mundo fosse íntegro, de boas oportunidades para as pessoas. Mas todos os
personagens, durante o processo, sofrem com problemas reais, como preconceito,
dificuldade, ambiente familiar conturbado, baixa auto-estima, crises com
namorados, entre outras coisas, para no final superar tudo isso e perceber que
a fase difícil da adolescência ficou para trás, entrando no mundo adulto, como
uma pessoa forte, segura, que sabe que outros problemas virão, mas para quem
atravessou toda essa barra da juventude, percebe o potencial que têm para
driblar ou vencer novos problemas. Nenhum personagem é mais favorecido que o
outro, a trama prega a igualdade, e se por uma razão um deles possa apresentar
certa vantagem, a história acaba apresentando lições de vida de que todos os
jovens são iguais, independente de classe social, etnia, descendência, gênero
ou nacionalidade. Já vi gente criticando a novela, dizendo ser um produto
elitista e desinformador. Quem diz isso não assistiu a um episódio sequer. A
maioria dos personagens não são ricos, playboys ou patricinhas, como é comum
ouvirmos falar desde sempre de tal novela. São jovens comuns, de diferentes
personalidades, que aprendem que precisam estudar, trabalhar e se comportar
para que sua vida prospere. Claro que, por se tratar de uma dramaturgia, é
preciso obedecer algumas fórmulas padrões, como o mocinho boa pinta e certinho,
a menina meiga, romântica, que sonha com um namorado (e olha que atualmente sutis
mudanças têm sido feitas sem rejeição, o que é louvável para os dias de hoje),
e vilões adolescentes cuja maior preocupação é ser o mais popular e arrematar a
mocinha ou o mocinho, tudo por capricho. A escolha do elenco bem favorecido
geneticamente é padrão em toda produção audiovisual, mesmo em Hollywood, portanto, não há muito que
comentar sobre isso. Em contrapartida, o restante do elenco, demais personagens
e elenco de apoio, pode contar com atores não tão bem favorecidos
geneticamente, mas que, apesar disso, terão a mesma chance de uma vida de
sucesso como a de qualquer outra pessoa. E a novela segue em suas diferentes
temporadas, com seus erros e acertos, optando por temas principais diferentes
em cada ano, oscilando na audiência, mas no geral com bons índices para o
horário, sobrevivendo ao passar do tempo, à modernidade e à mudança
comportamental dos jovens nessa nova era, onde a internet se tornou a nova televisão e o modo de acompanhar as
séries televisivas se ajustam a um novo formato. É aí que nos perguntamos, será
que o público geral da novela da tarde continua sendo composta apenas por
jovens? Talvez hoje não tenha tanta importância, e talvez não terá por um bom
tempo ainda. Não sou um apreciador da Rede Globo de televisão, mas no que tange
a essa novela inocente, continuaremos torcendo para que continue, sempre se
adaptando, se ajustando, experimentando e conquistando novos públicos. Basta
esperar essa fase pandêmica passar.
domingo, 28 de junho de 2020
sábado, 20 de junho de 2020
Podiam ter deixado Andy ficar com Woody
Toy Story 4 pode ter sido um bom
filme, deixando pontas soltas para continuações, mas uma coisa me incomodou na
história. Ainda no terceiro filme, Andy tinha vontade de doar seus brinquedos
antigos e guardar com ele o seu favorito, aquele que o acompanhou por praticamente
toda sua vida, o caubói Woody. Seria para ele então como um amuleto, ia
acompanhá-lo por toda sua vida, não que ele ainda brincasse, mas iria guardar
com todo carinho como uma doce lembrança da infância, muitos adultos ainda tem
guardado uma ou outra coisa para se recordar de momentos queridos. Porém, por
força do destino, Woody foi parar na caixa de brinquedos que iria doar para a
menina Bonnie, que, por capricho de criança, acaba ficando com ele e Andy não
resistiu ao doá-lo, pedindo para que, ao menos, a menininha cuidasse dele
direitinho. Acontece que a menina não gostava muito de Woody, preferia os
outros brinquedos, inclusive brinquedos que ela mesma criava com objetos
encontrados em lixeiras, e o boneco caubói foi cada vez mais deixado para trás.
Até que ele se reencontra com a boneca Bo Peep há anos doada por Andy, e depois
de muitas aventuras o casal de brinquedos acaba decidindo embarcar numa jornada
pelo mundo, tornando-se assim independentes, sem uma criança que os controlassem.
E assim os dois bonecos ficam por aí, vagando sem dono, sem sequer Bonnie ter
dado pela falta de Woody. Fico imaginando se Andy fica sabendo que Bonnie
perdeu o brinquedo sem se dar conta disso, o desapontamento que o rapaz teria
pela desfeita. Woody podia muito bem acompanhar o rapaz por essa incursão ao
mundo adulto, o próprio xerife de brinquedo preferiria isso. Resta torcer para
que numa eventual sequencia, Woody e seu antigo dono se encontrem novamente, e
o jovem possa enfim ficar com o boneco novamente, deixando a mensagem de que
adultos também tem apreço aos brinquedos. É só lembrar dos colecionadores,
como o Al do segundo filme.
segunda-feira, 15 de junho de 2020
quarta-feira, 10 de junho de 2020
Desde sempre a gente é acostumado
a ouvir que jovens leem muito pouco. E isso numa época onde não se existia internet e não nos era oferecido
diversos tipos de entretenimentos, que cabem até na palma de nossa mão. Quase
sempre a questão se resumia aos livros, já que gibis eram mais fáceis de serem
aceitos. O que me pergunto é; será que hoje em dia o jovem continua lendo
pouco?
Pois bem, vamos pensar o
seguinte... hoje o jovem é totalmente habituado ao mundo digital, livro de
papel seria alguma coisa como um certo tipo de ´´luxo``, afinal, é o modelo
clássico de leitura. Para mim, nenhum tablet, kindle ou celular vai substituir
a leitura tradicional, de folhear página por página, e se o livro for novo,
sentir aquele cheiro de papel novinho, as páginas branquinhas, ou mesmo as
folhas amareladas, dando certo ar de importância histórica para a leitura. Sem
contar a percepção do quanto já foi lido e o quanto ainda falta para chegar ao
final e trocar por outro, sentir o peso, saber o tempo que vamos precisar para
terminá-lo só pela grossura. E isso não é coisa de quem está ficando velho, o
livro tradicional é mais seguro, não dependente da energia elétrica, de
dispositivos eletrônicos, e não faz tanto mal à vista além dos problemas que já
conhecemos, pois tudo fica mais tortuoso se observado através de uma tela de
led. Não danifica facilmente, se molhar pode secar, podemos levar para qualquer
lugar sem medo de sermos roubados, e tudo que precisamos para ler, além do
livro, é de um lugar de boa ou razoável iluminação. Hoje em dia, tal como
qualquer outra coisa, é fácil encontrar para baixar de graça vários títulos para
ler em pdf, há inclusive mercado digital para isso. A dúvida é se o jovem está
habituado, ou mesmo interessado, a procurar por tal material. Tanta coisa por
aí que chama sua atenção, que a leitura, mesmo em sua forma moderna, acaba
sendo uma coisa ultrapassada. Não acho que a leitura por meios digitais deva
substituir a leitura de livros, mas já seria de grande valia para uma geração
instruída. Se bem que o jovem busca hoje outras formas de se instruir, como
vídeos no Youtube, aqueles que procuram bem. A literatura provavelmente vai se
manter apenas para casos de alfabetização, entendimento de textos, legendas, e
essas coisas. Preocupações gramaticais, de concordância textual, vai ser por
muito tempo um pesadelo, pois ninguém aprende a maneira certa de escrever lendo
textos de facebook, por exemplo. Isso não nos deixa esquecer outra preocupação
antiga, a preocupação quanto a caligrafia, pois é cada vez mais difícil alguém,
mesmo os adultos, escrever de maneira raiz (mão, caneta e papel). Crianças de
hoje já aprendem a escrever com ´´letra de máquina`` (discursivas). Se isso é
bom para o meio ambiente, não sabemos. Ainda consumimos muita energia elétrica,
petróleo, plástico, metal e outros componentes químicos para essas questões do
dia a dia.
Bem, e quanto aos gibis? O jovem
de hoje ainda lê gibi? Meu palpite é que não tanto como antes. Se não for moda,
se não for comentado nas redes sociais, se não for um mangá lido por um número
aleatório e comprado em poucas edições enquanto a moda durar, não vai haver
interesse. Não existe mais nada novo nas bancas, um herói novo, personagem
novo, uma aventura que valha a pena acompanhar. Não há lançamento, mesmo porque
sempre vai haver o discurso de que pode ser possível fazer download de scans em
um link futuro. No máximo, relançamento de quadrinhos de personagens antigos,
buscando atingir as gerações passadas que acompanharam tal título. Quanto a
outras revistas, nem tem muito que falar. Tudo que ali se trata pode ser
encontrado na internet mesmo. Somos abastecidos com tanta série, tanto filme,
tanta adaptação de heróis para as telas, que não precisamos mais ler nenhum
gibi do Homem Aranha para conhecer e acompanhar as histórias do personagem, a UCM
já nos fornece tudo de bandeja. Quanto aos gibis mais infantis, como os da
Mônica, hoje seria referido como ´´coisa de criança`` por crianças que crescem
cada vez mais cedo. Mas sim, ainda existem bons títulos nas bancas, sobreviventes,
que merecem ser prestigiados, como os da Disney.
Pode ser triste, mas é assim
mesmo, é o progresso, a evolução. Que ao menos tornem-se produtos digitais,
scans ou não. Artistas novos merecem sua vez e podem agora contar com essa
ferramenta, com essa projeção, sem precisar tirar muito dinheiro do bolso para
o projeto acontecer, e essa é a maior vantagem dessa época que vivemos. Mas
ainda estou preso a meu fascínio pelos gibis, revistas, livros e todo tipo de
impresso, desde que com conteúdo interessante, e como bom colecionador faço
questão de levar o que encontrar de bom para a casa. Só deus sabe o quanto
ainda irá durar, podem um dia se tornar itens valiosos, mais valiosos até do
que já é uma publicação da Ebal dos heróis da Marvel. Só é difícil se acostumar
que a geração de hoje só conheça um clássico literário apenas pela sua
adaptação para as telas de cinema.
terça-feira, 2 de junho de 2020
Como reinventar o cinema para os dias atuais?
Todos nós sabemos que não vamos
mais ao cinema tão cedo. Tem muito filme bom por aí a ser lançado, mas
infelizmente estão engavetados, isso sem contar as produções interrompidas e
adiadas. Não podemos culpar a ninguém a não ser ao maior inimigo desse ano, o
tal do corona vírus. Quando enfim pudermos voltar às salas de cinema depois de
tanto tempo (contando aí o tempo em que, além de resolvida a questão do corona,
teríamos perdido o receio de frequentar lugares fechados cheios de gente) vai
haver um ´´engarrafamento`` de filmes sendo lançados praticamente no mesmo
período, filmes bons estreando na mesma semana, permanecendo em cartaz por
tempo semelhante, e o espectador vai ter que escolher bem o que assistir para
não morrer numa grana. Mas o que fazer com as produções que podem facilmente
sofrer com a pirataria, sem forte apelo comercial, ou mesmo as que podem ficar
datadas com o tempo, precisando ser exibidas em datas específicas para não
perder seu sentido? É aí então que serviços de streaming podem parecer uma boa
ideia. O lançamento direto para plataformas digitais, levando em conta que já
há muito tempo discutia-se que cada espectador tinha sua preferência por
comodidade, interação e dispositivos para consumir cinema. Liberar a produção
ao assinante pelo valor que seria cobrado na bilheteria se torna mais vantajoso
até para o espectador, mesmo abrindo mão de vantagens que só a sala de cinema
pode oferecer. O valor é único para toda a família, que, no conforto do seu
lar, pode assistir no horário que quiser, o tempo que quiser, sem a preocupação
do estar ´´aqui e agora``, enquanto o filme estiver liberado por até 48 horas. Hoje
em dia muita gente tem uma televisão grande na sala, que supre a ausência de
uma tela de cinema. E assim tem sido com muitas produções, das grandes a
pequenas, e estúdios se perguntam se talvez não seria melhor adotar essa
solução como definitiva.
E o que pensar de tudo isso? Bem,
a ida ao cinema para mim é um programa social, onde se levar a namorado,
passear com a família, ou mesmo um programa cultural, que nada está relacionado
a ser um espetáculo melhor ou não do que assistir o filme em casa. Muita gente
consegue prestar mais atenção na sua sala de estar. Porém, há certos filmes que tornam-se muito
mais atraentes se assistidos na sala escura, como Santuário, Gravidade, por
exemplo. Não podemos nos esquecer que a pirataria está aí, praticamente desde sempre,
e é fácil esperar o filme não ser mais lançamento para começar a procurá-lo. Além disso, existe aquele pensamento de que, se vai ver sozinho e dentro de
casa, por que pagar por ele? O valor único cobrado para ser assistido por uma
família de número ilimitado de pessoas acaba dando certo prejuízo a uma
produção planejada a ser lançada no cinema. Não digo o mesmo de produções que
pensem a adotar esse esquema daqui por diante. A qualidade de um filme se dá
mais pela criatividade, bom roteiro, e soluções simples e eficazes, indo muito
além das cifras investidas. Novos rostos, novos talentos, precisam começar a
aparecer. Sabemos que existem muitos filmes que ainda precisam ser vistos, e
mesmo aqueles que amam cinema não vão ficar sem filme nessa quarentena, mas se
quisermos continuar incentivando a indústria, devemos fazer mais assinaturas,
pagar para assistir aos filmes, mesmo que escolhendo bem, mesmo que num ritmo
quebrado e lento, para não deixar o cinema enfraquecer. Mesmo que, e talvez por
essa mesma razão, pareça ser um valor simbólico para os ingressos... mesmo que
tenhamos a impressão de estar dando uns trocados para um artista de rua
talentoso que fica tocando violão na praça, aquele artista que merece uma
chance melhor e não deva parar de tocar.
Marcadores:
assinatura,
cinema,
coronavírus,
covid 19,
demanda,
futuro,
netflix,
online,
Pay per view,
plataformas digitais,
pode acabar,
se reinventando,
serviços,
streaming,
tempos de quarentena,
Trolls 2
Assinar:
Postagens (Atom)