quarta-feira, 11 de abril de 2018

Megaman, um dos desenhos bons do SBT dos anos 90


Parece que só até os anos 90 foram produzidas animações de qualidade, ao menos para as TVs abertas. Se bem que hoje em dia, aqui no Brasil, não passe mais animação a não ser no SBT, que inclusive nos traz excelentes lembranças de bons desenhos. Um desses é Megaman, animação do personagem clássico dos jogos da Capcom, que a princípio demorei a me acostumar, mas logo percebi que não podia ter sido feito uma adaptação melhor para as crianças da época. 
Era em 1996 que estreava esse desenho na programação infantil das manhãs do SBT, se não me engano passava no Bom Dia e Companhia, mas eu assistia mesmo era de vez em quando no Sábado Animado. Nas primeiras vezes que assisti não gostei muito, eu era fascinado pelos jogos e achava que a animação ficava devendo em muita coisa. A começar por personagens que nunca existiram, como a Roll, irmã do Megaman, outra robô criada por Dr Light. Como bom purista que eu era e ainda sou, achei que devia manter as características originais dos jogos de videogame. Não que a personagem não fosse interessante e não se encaixasse nas histórias, pelo contrário, acredito que já que vão inventar um personagem novo, que disponibilizem mais espaço para suas ações e seu crescimento. Me incomodava bastante Dr Light falando bem mais com o Megaman, o designando para missões importantes, explicando detalhadamente seus planos para frustrar as investidas malignas de Dr Willy, deixando a pobre Roll de lado, sendo que os dois eram seus filhos e muitas vezes Roll mostrou força e poder, inclusive salvando Megaman várias vezes. Cadê as feministas que não vêem isso? Curioso também é o nome dos irmãos. Megaman é Rockman no original, mas Light o chamava carinhosamente de Rock, portanto, o nome do casal de irmãos fazia referência ao ritmo musical preferido de dr Light, ´´Rock and Roll``. Pois é, faria todo sentido se o nome do robô azul não fosse mudado para Megaman até o fim da série.  Me incomodava também a maneira como Megaman ´´roubava`` o poder dos inimigos, apenas tocando neles como faz a Vampira, dos X-Men, como se fosse um super poder mesmo, sem esforço nenhum. Nem mesmo ficar com a cor dos inimigos que ele tomava o poder ele ficava. Ora, eu imaginava, e muita gente também, que o processo em que ele tomava o poder dos inimigos fosse o seguinte; ao destruir o tal Robô Master, ele pegava dos escombros (carcaça, sucata, do robô destruído) o hardware responsável pelo conferimento de seus poderes e adquiria a arma/ poder que era conferido ao robô, tornando-se um item útil para sua jornada a partir desse ponto. Mas como adaptar isso para uma animação infantil? Ao menos podia botar o Megaman retirando o tanque canhão do braço do robô inimigo (aliás, todos os Robôs Masters deveriam ter esse tanque canhão no braço sempre que fosse conveniente) e acoplando em seu próprio braço, e prontinho. Eu ficava me perguntando por que o antagonismo fixo de Cutman e Gutsman, ambos do primeiro jogo do Megaman, estavam presentes em todos os episódios sem motivo aparente. Pelo menos o visual deles era bem caprichadinho. Fora isso, a estrutura dos episódios também não me agradou de início, eu queria era ver um Robô Master diferente por dia, que fosse uma grande ameaça, e ao ser destruído não aparecesse mais, tal como uma emulação das sensações que sentíamos ao jogar o game. Hoje, mais maduro, entendo perfeitamente que uma mídia é bem diferente da outra, e que, afinal, era uma animação infantil, e não necessariamente feita para quem conhecia os jogos. Os Robôs Masters aqui, mesmo sendo destruídos, eram recuperados em questão de segundos, e eram atrapalhados, palhações, por mais que fossem inconvenientes e conseguissem dar um pouquinho de trabalho para nossos heróis. Eu resmungava demais era pela falta de inimiguinhos que Megaman encontrava pelos estágios, como Mettall, por exemplo, que apareceu só no comecinho, e mesmo assim bem longe de como ele era de fato nos games. Mas será que haveria espaço para eles no seriado? Ao menos os robôs morceguinhos apareceram, e acabamos descobrindo algo a seu respeito; São robôs câmera (!)


Os robôs chefes apareciam aleatoriamente e numa sequencia sem muita explicação, sem respeitar suas aparições cronológicas nos games.  Enquanto uns apareciam de mais, outros apareciam de menos. E muitos sequer apareceram, como Crash Man, Flash Man, Charge Man, Bubble Man e Skull Man.
Embora produzida um ano antes (é uma produção feita por japoneses e americanos, da Ruby-Spears, a mesma que, entre outras coisas, produziu animações da Hanna-Barbera. Por isso Megaman não tem uma cara tãããão anime), estreava no SBT numa época em que animações baseadas em jogos de videogame estavam em alta. Chegou a alternar espaço na programação com Street Fighter Victory, teve uma audiência boa, e até hoje não teve mais nenhuma outra animação do robô azul que chegasse perto em termos de popularidade. O anime MegaMan NT Warrior é um desrespeito ao herói convencional, e ainda esperamos uma animação protagonizada pelo Megaman X.

Pontos positivos
Estive revisitando a série animada e percebi que hoje consigo respeitar e entender de uma maneira que não conseguia no tempo em que eu era moleque. Tem sim muita coisa legal nesse desenho para a justiça dos clássicos jogos da Nintendo. Dr Light ficou perfeito, o criador e mentor que o herói realmente precisa para seguir em frente frustrando os planos do Dr Willy, o antagonista, com aquele jeitão de cientista louco, bem fiel, até mesmo fisicamente, de sua versão em videogame. A relação entre os dois gênios da robótica assemelha-se bastante com a de Charles Xavier e Eric Lehnsherr, de X-Men. Achei muito interessante a história, a mitologia dos personagens, que não conseguíamos entender em profundidade apenas com os jogos do Nes 8 bits, a questão da inteligência artificial, a comparação com clássicos da literatura mundial como Pinóquio, os planos mirabolantes e contraditoriamente também simplórios de Dr Willy para a dominação global, e a solução encontrada por Dr Light, Megaman, Roll, Rush, e de vez em quando Eddie, para frustrá-los, os combates ingênuos entre Megaman e os Robôs Master, tudo isso me fez considerar o desenho como uma boa produção que merece ser lembrada e apresentada para a geração atual. É o tipo de animação que não morre com o tempo, até por se tratar de uma história futurista. E o que eu mais amei, Rush, o cachorro robô que é como um mascote para Megaman. Sua caracterização ficou perfeita. Se nos games ele era considerado uma mera ferramenta de auxílio para o herói azul, transformando-se em jato, mola e submarino, na animação suas transformações são ilimitadas, luta ao lado de Megaman e Roll mostrando seu real valor. Além disso, é engraçado, fofo, protagoniza momentos cômicos, e a dupla que faz com Megaman faz os dois parecerem bastante Salsicha e Scooby, ficando bem difícil renegar essa influência. Rush é também responsável pelos desfechos dos episódios, propositalmente dando uma cara ainda mais infantil e ingênua à série. Até mesmo Eddie tem aqui seu valor reconhecido, aparecendo sempre que o herói precisa de uma revitalizada em suas forças, lhe conferindo provisões de energia tal como faz nos games. Assim como Rush, Eddie é um personagem muito fofinho, bem kawaii, porém, seu protagonismo é menor.
Protoman (algumas vezes referido como Breakman), o irmão desafeto de Megaman e Roll, adotado por Willy como cria sua, também está bem caracterizado e seu antagonismo torna o enredo da série ainda mais interessante. Gostei de ele aparecer em todos os episódios como sidekick de Willy, e a questão mal resolvida de como deveria se relacionar de fato com Megaman.





A série teve uma quantidade de episódios razoável e só não teve mais por que a produção sofreu por falta de orçamento. Aqui no Brasil mesmo, fez um sucesso muito grande, gerando quadrinhos nacionais produzidos pelo estúdio PPA e publicados pela Editora Magnum, roteirizados por Sérgio Peixoto (idealizador de revistas como Japan Fury, Animax). Aqui, eles não eram muito fan do Rush e acabaram escanteando o personagem. De qualquer maneira, a história dos quadrinhos era bem diferente da animação, embora alguns personagens principais permanecessem. Lembro que dentro do gibi era feito um concurso de futuros desenhistas que trabalhariam na produção, e em geral, os desenhos não eram dos melhores. Tinha até mesmo uma pegada ´´hentai``, por assim dizer.





Megaman X
Lá para o penúltimo episódio temos um gostinho de como seria uma possível continuação, X aparece,
assim como Vile e um dos 8 chefes mais interessantes, ao menos visualmente; Spark Mandrill. Viajantes do tempo, de onde se passa as aventuras de X, a versão mais turbinada de Megaman não me agradou tanto em sua versão animada quanto na versão dos games, pois se na versão do Megaman normal ele tem um semblante adolescente, X parece já bem mais maduro e garboso, e eu esperava um tipo poderoso, mas inocente e ingênuo, como o Goku, por exemplo. Contudo, era apenas um protótipo, e ainda podemos sonhar com uma saga de qualidade com um X mais carismático, aproveitando as versões mais recentes de nosso herói do mundo dos games. Sonhar não custa nada, é só lembrar de Castelvania que teve uma excelente animação de quatro episódios (por enquanto) ano passado.



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