segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

A Família Dinossauros - Nem parece que foi há tanto tempo

 



O fenômeno

 

Tem séries que não acabam nunca enquanto existem aquelas que, por mais que sejam boas, contam com poucos episódios e se perdem no tempo. Às vezes é até melhor assim, as boas ideias da premissa original acabam sendo corrompidas em nome da audiência, o que, por sorte, não é o caso de A família Dinossauro. Exibida por aqui de 92 A 94, tempo quase simultâneo à sua produção, exibição e encerramento em seu país de origem, a Família Dinossauro, juntamente com Os Simpsons, vendia a ideia de uma produção destinada a todas as idades, explorando o cotidiano de uma família como qualquer outra, cada membro com suas peculiaridades, de fácil identificação ao público. Mas enquanto Os Simpsons estão aí até hoje em sua produção mais simples e de popularidade cada vez mais global, a família de Dino e cia só não se perdeu no tempo por ser uma série um tanto diferente, pioneira em sua época, levando o nome de Jim Henson e sua produtora na concepção de materiais utilizados em cena, o recurso que combinava atores em vestimentas especiais, fantoches e tecnologia animatrônica, animados por computador. Por aí já dá para imaginar a trabalheira que era dar vida a cada personagem em cada episódio, e o quanto isso era caro. Mas fazendo justiça, o seriado era muito mais que isso, a história contava bastante, com personagens carismáticos, muito humor negro e crítica social, e inovação ao retratar o cotidiano de uma família pré histórica na qual os ´´lagartos terríveis`` eram considerados seres pensantes, fazendo uma analogia aos dias atuais da época, e que mesmo hoje em dia continuam iguais, pois o seriado envelheceu bem, nem parece ter sido produzido há tanto tempo. O curioso é que, se aqui temos ´´Família`` já no titulo, no original a série não dá tantas pistas do que se trata a premissa, batizada apenas de Dinosaurs. Mesmo os personagens centrais, nada de Silva Sauro, nada de Dino, nada que lembre sua natureza reptiliana pré-histórica. O nome do patriarca é Earl, e o nome da família é Sinclair, talvez tenha sentido dentro de algum contexto norte-americano, ou não. De qualquer maneira, sabemos que as versões brasileiras para títulos e traduções costumam serem as melhores.


Era interessante ver que, ao alcançar grande popularidade, a série passava a não ser mais um programa semanal, indo de vez para as manhãs diárias da Globo misturando-se aos desenhos animados da programação infantil, isso perto do almoço, momento em que os adultos costumavam estar também presentes na preparação da ida das crianças para a escola, e acabavam tendo sua atenção despertada por essa família pré-histórica. Em terras brasileiras, sem dúvida o programa inicialmente era considerado um produto infantil, lembro que na época o país foi tomado por uma tal de ´´Babymania`` nome dado à modinha que o dinossaurinho rosa, caçula da família, atingia as crianças com seus brinquedos, roupas, acessórios de cama e colecionáveis. Um personagem infantil tão carismático e de fácil apego emocional, paródias de programas de televisão da época em um tom mais cômico, dinossauros se comportando como gente e um visual que lembrava bonecos de filmes dos Muppets e mesmo os cães da TV Colosso, realmente levavam a série para o reconhecimento de mais um conteúdo para os baixinhos, mas quem assistiu a série depois de ter crescido ou quem já era adulto na época, sabe que de infantil não tinha quase nada. Os temas centrais de cada episódio são muito bem trabalhados, envolve questões e termos super atuais já naquela época, como direitismo e esquerdismo, manipulação de massa, consumismo, o controle que a mídia exerce sobre nós, feminismo, fundamentos do trabalho, drogas entre os adolescentes, contestação política, ecologia, assédio moral no trabalho, xenofobismo, liberdade de expressão, alimentação carnívora e antinatural se contrapondo à alimentação saudável, novas tecnologias, capitalismo desmedido, noções de história, geologia e até mesmo vida sexual. O que devemos lembrar que todas essas questões eram veladas, não era nada, digamos assim, escancarado, nada de lição de moral no final, apenas os mais atentos entendiam e começavam a se questionar sobre cada acontecimento do episódio, ou seja, os adultos. Se visto nos dias de hoje, a única diferença é que no lugar da televisão, tecnologia tão consumida pela família, teríamos também a presença de internet, celulares e tablets, inclusive nas mãos do Baby Sauro, já que a alienação era amplamente abordada em cada história. Tanta criatividade nesse inteligente seriado acabava o tornando um item popular igualmente entre os adultos, melhor que isso, os adultos da série, não sendo meros coadjuvantes, passavam a fazer parte do imaginário das crianças, não mais apenas o Baby com seu irritante bordão exaustivamente reproduzido nas escolas e em brincadeiras infantis ´´Não é a mamãe!``. Qual criança da época não queria ter um pai igual o Dino da Silva Sauro, por mais que, como outros pais de séries da época, fosse recheado de maus exemplos? Apesar de irresponsável Dino era um pai de família bem melhor que muitos por aí, marido amoroso, paciente com os filhos e um grande exemplo de proletário, disposto a aceitar tudo para manter uma vida razoavelmente confortável em sua casa. Era fácil identificar membros da própria família com os personagens, tanto que qualquer item que levasse a imagem de qualquer um deles passou a ser fruto de desejo e ostentação. Foram lançados gibis, material escolar, LP com canções em português pela Xuxa Discos, biscoito Passatempo recheado, álbum de figurinhas, chicletes, artigos para festas, bonecos e diversos outros produtos, originais e piratas. Na mesma época, aproveitando o embalo da moda já lançada por essa família, veio outros produtos que exploravam a figura histórica de dinossauros, como o filme Jurassic Park e o seriado Power Rangers, cujos heróis representavam poderes de animais pré-históricos, que também renderam vários produtos, sem contar o extinto chocolate Surpresa, que oferecia de brinde figurinhas com imagens de dinossauros e uma resumida das características de cada espécie em seu verso. Crianças passavam a se interessar pelos répteis gigantes, e os adultos redescobriam uma curiosidade e passavam a ter noções básicas de paleontologia. Porém, a família Silva Sauro, dês de sempre fictícia, não apresentava com precisão histórica sua natureza. Sabemos que Dino é um megalossauro, e a Fran, matriarca da família, é uma alossauro, mas os filhos, e a própria mãe de Fran, parecem ser de espécies diferente, em nada combinando entre si. Roy, melhor amigo de Dino, é um tiranossauro, e senhor Richfield, chefe inescrupuloso de Dino, é um tríceratops, só que essa seria uma espécie vegetariana (se bem que, mais recentemente, soubemos que essa espécie sequer existiu, mas...) e a despeito de sua natureza, Richfield é um terrível predador. Mesmo assim, sabendo mesclar fantasia, humor e alguns pontos realistas, principalmente ao remeter à realidade humana social, o seriado conseguiu lembrar fatos do período em que se situava, a origem dos continentes, o princípio de sua separação, a era glacial, e a inevitável extinção das espécies nas quais pertenciam, retratada com justiça no episódio final, aquele que chocou todo mundo e foi banido em alguns países, mas que você pode encontrar na internet.

 



Pontos do seriado.

 

Tudo bem, a produção do seriado era dispendiosa por contar com recursos tão modernos para a época, isso sem contar com o esforço e o trabalho da equipe técnica para casar tudo isso, o que pode ter contribuído para a série ter poucos episódios se comparada a outras produções semelhantes. A série tentava ser econômica a seu modo, personagens como Zilda e Richfield permaneciam a maior parte do tempo sentados, o que poupava esforços técnicos, eram usados planos fechados para não ser preciso criar cenários demasiado grandes e de muita profundidade, bonecos eram reaproveitados para vários personagens e omitia-se alguns detalhes, como o carro da família, que apareceu em poucos episódios e em soluções práticas, como mostrando apenas o interior do veículo. Quem assistiu a série deve ter visto alguns personagens reproduzidos com a mesma aparência, isso acontecia porque para a criação de figurantes a produção mudava apenas as roupas de velhos conhecidos, mas que não eram da família original, o que contava com nossa aceitação. Inconscientemente imaginávamos apenas que eram indivíduos da mesma espécie. Inclusive era possível mudar o sexo pela troca de vestuário e pela voz da dublagem. Era assim com os colegas de trabalho de Dino, que ´´viraram``, em outros episódios, médicos, juízes, fotógrafos, ´´Mago do Trabalho``, namorados dos filhos adolescentes, entregadores, analistas, professores, populares e demais figurantes, inclusive o próprio Baby em sua versão adulta. Falando nisso, é quase deixado claro, em um determinado episódio, que Baby não é filho de Fran e Dino, tudo não passou de um acaso por uma troca de ovos, fato esse que Salomão, o Grande, conseguiu fazer não importar. Apenas o elenco principal não contava para outras participações como outros personagens, caso de Dino, Zilda, Fran, Bobby, Charlene, Baby, Sr Richfield, Mônica Invertebrada (que engenhosamente contava apenas com sua cabeça e seu pescoço comprido, em poucas vezes aparecendo seu corpo em uma panorâmica longínqua da casa da família), Roy e Carlão, melhor amigo de Bobby. Só em casos excepcionais podíamos vê-los como outros personagens, como quando aparece a irmã idêntica de Dino e quando a família recebe a visita do possível autêntico filho de Dino e Fran, no caso um Baby verde, menos travesso do que o que estávamos acostumados.




Como tudo que é bom dura pouco, em 94 os produtores do seriado decidiram que já era hora de terminá-lo, o que talvez fosse o tempo certo, antes que começasse a perder a graça. Para isso decidiram um final um tanto comovente, mas interessante em termos de história, que seria a extinção dos dinossauros já na geração dessa família querida que aprendemos a amar. Mesmo amenizado com o humor e a alegoria tão característicos dessa série, o épico episódio final traz nas entrelinhas a mensagem de que o capitalismo, o consumo desmedido e o desperdício de nossos recursos naturais podem simplesmente nos levar ao fim de tudo isso, o que acaba fazendo não valer à pena tais esforços, e que o melhor a fazer é usufruirmos tudo de forma natural, aceitando o preço sem querer dar um passo maior que as pernas. É incrível pensar que um seriado retratado em tal época e considerado apenas um sitcom ou um simples programa infantil, pudesse trazer mensagens tão profundas para os dias recentes, e que, aliás, faz muito mais sentido nos dias ainda mais atuais, onde tudo tem andado em um ritmo cada vez mais desordenado, nos fazendo ter uma perspectiva não muito boa do futuro. Será que, tal como os répteis gigantes pré-históricos, nós humanos poderíamos ter um destino semelhante? Bem, seriados como esse são raros hoje em dia, e talvez por isso não mais exista. Estava bem à frente de seu tempo, o que se torna irônico em vários sentidos. Hoje ele seria ajustado para se tornar uma comédia mais leve e sem mensagens políticas ou ecológicas. Hoje o ´´canibalismo`` e o humor negro seria tratado como algo indigesto para a TV aberta, onde um certo bebê Yoda não conseguiu ser tratado com tanta naturalidade ao passar aos olhos pseudo conservacionistas, gerando militância em meios midiáticos. Você pode não lembrar ou sequer ter percebido, mas sim, A Família Dinossauro previu tudo isso.




segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Éramos Seis da Globo, a última novela a terminar antes da pandemia começar.

Assista o vídeo comparativo entre uma cena da versão de 94 do Sbt e da mais recente, da Globo, clicando   na imagem abaixo.

Éramos Seis acabou tem um tempinho e me parece que foi a última novela a ser completa antes dos tempos pandêmicos. Assim que ela acabou, o mundo entrou em quarentena, quase que não deu para ver o final a tempo. Mesmo assim, essa versão otimista de galãs que falam com sotaque para mim é algo esquecível, e não digo por ela ser ofuscada pelo tal corona vírus. A última versão, exibida pelo SBT, continua imbatível. Não vou entrar em detalhes, mas a única coisa boa mesmo foi o fan service de reunirem atores de diferentes versões (Irene Ravache, Nicete Bruno, Othon Bastos, e mesmo Wagner Santisteban) em cenas em especial. O que ofereço no post de hoje é a oportunidade de se fazer uma comparação de uma cena particularmente dramática da versão da Globo e a do SBT. No final, veremos qual das duas produções tem o maior capricho dramatúrgico.

domingo, 28 de junho de 2020

Malhação Viva a Diferença - Uma reprise de acerto


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Percebi há alguns dias que a Globo está reprisando a temporada da Malhação dirigida por Cao Hamburger, a das cinco meninas de diferentes personalidades que cuidam de uma criança, filha de uma delas, que as fazem se aproximar e descobrir que têm muito mais em comum do que imaginam, tornando-se assim grandes amigas. A premissa é boa, ainda mais em se tratando à faixa etária a qual a novela se destina, teve audiência boa e inclusive foi exportada para outros países. Não assisto Malhação desde a época do Fiuk, mas ao contrário de muita gente, tenho grande respeito e carinho por esse programa da Rede Globo. Não é a mesma coisa que um Big Brother, por exemplo, que não acaba nunca e mantém desde sempre o mesmo formato. A novelinha adolescente está no ar há mais de vinte anos, um produto inteiramente nacional, não é cópia de outros programas e se atualiza com o tempo, mesmo que o cerne pareça sempre a mesmo, o que não podia ser diferente, já que o público alvo sempre foi o adolescente. E sim, fez parte também de minha adolescência, e o que tenho a dizer é que já foi boa, com assuntos interessantes abordados, misturando humor, romance, educação, vida familiar, sempre discutindo o olhar para o futuro, como carreira profissional e as melhores decisões a se tomar, sem abandonar os momentos importantes para a formação de caráter do jovem. Se muitas vezes pareceu boba, vazia, de questões existenciais sem sentido, é porque de fato a vida do jovem é assim mesma, basta olharmos para trás e lembrarmos de quando éramos adolescentes. É lógico que, infelizmente, nem todo jovem tem o mesmo destino justo que os personagens dessa novelinha teen conseguem ter, a novela apenas aponta a melhor direção que a vida do jovem deveria tomar para que o mundo fosse íntegro, de boas oportunidades para as pessoas. Mas todos os personagens, durante o processo, sofrem com problemas reais, como preconceito, dificuldade, ambiente familiar conturbado, baixa auto-estima, crises com namorados, entre outras coisas, para no final superar tudo isso e perceber que a fase difícil da adolescência ficou para trás, entrando no mundo adulto, como uma pessoa forte, segura, que sabe que outros problemas virão, mas para quem atravessou toda essa barra da juventude, percebe o potencial que têm para driblar ou vencer novos problemas. Nenhum personagem é mais favorecido que o outro, a trama prega a igualdade, e se por uma razão um deles possa apresentar certa vantagem, a história acaba apresentando lições de vida de que todos os jovens são iguais, independente de classe social, etnia, descendência, gênero ou nacionalidade. Já vi gente criticando a novela, dizendo ser um produto elitista e desinformador. Quem diz isso não assistiu a um episódio sequer. A maioria dos personagens não são ricos, playboys ou patricinhas, como é comum ouvirmos falar desde sempre de tal novela. São jovens comuns, de diferentes personalidades, que aprendem que precisam estudar, trabalhar e se comportar para que sua vida prospere. Claro que, por se tratar de uma dramaturgia, é preciso obedecer algumas fórmulas padrões, como o mocinho boa pinta e certinho, a menina meiga, romântica, que sonha com um namorado (e olha que atualmente sutis mudanças têm sido feitas sem rejeição, o que é louvável para os dias de hoje), e vilões adolescentes cuja maior preocupação é ser o mais popular e arrematar a mocinha ou o mocinho, tudo por capricho. A escolha do elenco bem favorecido geneticamente é padrão em toda produção audiovisual, mesmo em Hollywood, portanto, não há muito que comentar sobre isso. Em contrapartida, o restante do elenco, demais personagens e elenco de apoio, pode contar com atores não tão bem favorecidos geneticamente, mas que, apesar disso, terão a mesma chance de uma vida de sucesso como a de qualquer outra pessoa. E a novela segue em suas diferentes temporadas, com seus erros e acertos, optando por temas principais diferentes em cada ano, oscilando na audiência, mas no geral com bons índices para o horário, sobrevivendo ao passar do tempo, à modernidade e à mudança comportamental dos jovens nessa nova era, onde a internet se tornou a nova televisão e o modo de acompanhar as séries televisivas se ajustam a um novo formato. É aí que nos perguntamos, será que o público geral da novela da tarde continua sendo composta apenas por jovens? Talvez hoje não tenha tanta importância, e talvez não terá por um bom tempo ainda. Não sou um apreciador da Rede Globo de televisão, mas no que tange a essa novela inocente, continuaremos torcendo para que continue, sempre se adaptando, se ajustando, experimentando e conquistando novos públicos. Basta esperar essa fase pandêmica passar.


sábado, 20 de junho de 2020

Podiam ter deixado Andy ficar com Woody



Woody Buzz Lightyear Andy | Cine FX

Toy Story 4 pode ter sido um bom filme, deixando pontas soltas para continuações, mas uma coisa me incomodou na história. Ainda no terceiro filme, Andy tinha vontade de doar seus brinquedos antigos e guardar com ele o seu favorito, aquele que o acompanhou por praticamente toda sua vida, o caubói Woody. Seria para ele então como um amuleto, ia acompanhá-lo por toda sua vida, não que ele ainda brincasse, mas iria guardar com todo carinho como uma doce lembrança da infância, muitos adultos ainda tem guardado uma ou outra coisa para se recordar de momentos queridos. Porém, por força do destino, Woody foi parar na caixa de brinquedos que iria doar para a menina Bonnie, que, por capricho de criança, acaba ficando com ele e Andy não resistiu ao doá-lo, pedindo para que, ao menos, a menininha cuidasse dele direitinho. Acontece que a menina não gostava muito de Woody, preferia os outros brinquedos, inclusive brinquedos que ela mesma criava com objetos encontrados em lixeiras, e o boneco caubói foi cada vez mais deixado para trás. Até que ele se reencontra com a boneca Bo Peep há anos doada por Andy, e depois de muitas aventuras o casal de brinquedos acaba decidindo embarcar numa jornada pelo mundo, tornando-se assim independentes, sem uma criança que os controlassem. E assim os dois bonecos ficam por aí, vagando sem dono, sem sequer Bonnie ter dado pela falta de Woody. Fico imaginando se Andy fica sabendo que Bonnie perdeu o brinquedo sem se dar conta disso, o desapontamento que o rapaz teria pela desfeita. Woody podia muito bem acompanhar o rapaz por essa incursão ao mundo adulto, o próprio xerife de brinquedo preferiria isso. Resta torcer para que numa eventual sequencia, Woody e seu antigo dono se encontrem novamente, e o jovem possa enfim ficar com o boneco novamente, deixando a mensagem de que adultos também tem apreço aos brinquedos. É só lembrar dos colecionadores, como o Al do segundo filme.

quarta-feira, 10 de junho de 2020


Site Autárquico da CM Silves Sessão de apresentação do Clube de ...

Desde sempre a gente é acostumado a ouvir que jovens leem muito pouco. E isso numa época onde não se existia internet e não nos era oferecido diversos tipos de entretenimentos, que cabem até na palma de nossa mão. Quase sempre a questão se resumia aos livros, já que gibis eram mais fáceis de serem aceitos. O que me pergunto é; será que hoje em dia o jovem continua lendo pouco?
Pois bem, vamos pensar o seguinte... hoje o jovem é totalmente habituado ao mundo digital, livro de papel seria alguma coisa como um certo tipo de ´´luxo``, afinal, é o modelo clássico de leitura. Para mim, nenhum tablet, kindle ou celular vai substituir a leitura tradicional, de folhear página por página, e se o livro for novo, sentir aquele cheiro de papel novinho, as páginas branquinhas, ou mesmo as folhas amareladas, dando certo ar de importância histórica para a leitura. Sem contar a percepção do quanto já foi lido e o quanto ainda falta para chegar ao final e trocar por outro, sentir o peso, saber o tempo que vamos precisar para terminá-lo só pela grossura. E isso não é coisa de quem está ficando velho, o livro tradicional é mais seguro, não dependente da energia elétrica, de dispositivos eletrônicos, e não faz tanto mal à vista além dos problemas que já conhecemos, pois tudo fica mais tortuoso se observado através de uma tela de led. Não danifica facilmente, se molhar pode secar, podemos levar para qualquer lugar sem medo de sermos roubados, e tudo que precisamos para ler, além do livro, é de um lugar de boa ou razoável iluminação. Hoje em dia, tal como qualquer outra coisa, é fácil encontrar para baixar de graça vários títulos para ler em pdf, há inclusive mercado digital para isso. A dúvida é se o jovem está habituado, ou mesmo interessado, a procurar por tal material. Tanta coisa por aí que chama sua atenção, que a leitura, mesmo em sua forma moderna, acaba sendo uma coisa ultrapassada. Não acho que a leitura por meios digitais deva substituir a leitura de livros, mas já seria de grande valia para uma geração instruída. Se bem que o jovem busca hoje outras formas de se instruir, como vídeos no Youtube, aqueles que procuram bem. A literatura provavelmente vai se manter apenas para casos de alfabetização, entendimento de textos, legendas, e essas coisas. Preocupações gramaticais, de concordância textual, vai ser por muito tempo um pesadelo, pois ninguém aprende a maneira certa de escrever lendo textos de facebook, por exemplo. Isso não nos deixa esquecer outra preocupação antiga, a preocupação quanto a caligrafia, pois é cada vez mais difícil alguém, mesmo os adultos, escrever de maneira raiz (mão, caneta e papel). Crianças de hoje já aprendem a escrever com ´´letra de máquina`` (discursivas). Se isso é bom para o meio ambiente, não sabemos. Ainda consumimos muita energia elétrica, petróleo, plástico, metal e outros componentes químicos para essas questões do dia a dia.
Bem, e quanto aos gibis? O jovem de hoje ainda lê gibi? Meu palpite é que não tanto como antes. Se não for moda, se não for comentado nas redes sociais, se não for um mangá lido por um número aleatório e comprado em poucas edições enquanto a moda durar, não vai haver interesse. Não existe mais nada novo nas bancas, um herói novo, personagem novo, uma aventura que valha a pena acompanhar. Não há lançamento, mesmo porque sempre vai haver o discurso de que pode ser possível fazer download de scans em um link futuro. No máximo, relançamento de quadrinhos de personagens antigos, buscando atingir as gerações passadas que acompanharam tal título. Quanto a outras revistas, nem tem muito que falar. Tudo que ali se trata pode ser encontrado na internet mesmo. Somos abastecidos com tanta série, tanto filme, tanta adaptação de heróis para as telas, que não precisamos mais ler nenhum gibi do Homem Aranha para conhecer e acompanhar as histórias do personagem, a UCM já nos fornece tudo de bandeja. Quanto aos gibis mais infantis, como os da Mônica, hoje seria referido como ´´coisa de criança`` por crianças que crescem cada vez mais cedo. Mas sim, ainda existem bons títulos nas bancas, sobreviventes, que merecem ser prestigiados, como os da Disney.
Pode ser triste, mas é assim mesmo, é o progresso, a evolução. Que ao menos tornem-se produtos digitais, scans ou não. Artistas novos merecem sua vez e podem agora contar com essa ferramenta, com essa projeção, sem precisar tirar muito dinheiro do bolso para o projeto acontecer, e essa é a maior vantagem dessa época que vivemos. Mas ainda estou preso a meu fascínio pelos gibis, revistas, livros e todo tipo de impresso, desde que com conteúdo interessante, e como bom colecionador faço questão de levar o que encontrar de bom para a casa. Só deus sabe o quanto ainda irá durar, podem um dia se tornar itens valiosos, mais valiosos até do que já é uma publicação da Ebal dos heróis da Marvel. Só é difícil se acostumar que a geração de hoje só conheça um clássico literário apenas pela sua adaptação para as telas de cinema.

terça-feira, 2 de junho de 2020

Como reinventar o cinema para os dias atuais?



Post COVID, will our movie watching habits be altered forever ...

Todos nós sabemos que não vamos mais ao cinema tão cedo. Tem muito filme bom por aí a ser lançado, mas infelizmente estão engavetados, isso sem contar as produções interrompidas e adiadas. Não podemos culpar a ninguém a não ser ao maior inimigo desse ano, o tal do corona vírus. Quando enfim pudermos voltar às salas de cinema depois de tanto tempo (contando aí o tempo em que, além de resolvida a questão do corona, teríamos perdido o receio de frequentar lugares fechados cheios de gente) vai haver um ´´engarrafamento`` de filmes sendo lançados praticamente no mesmo período, filmes bons estreando na mesma semana, permanecendo em cartaz por tempo semelhante, e o espectador vai ter que escolher bem o que assistir para não morrer numa grana. Mas o que fazer com as produções que podem facilmente sofrer com a pirataria, sem forte apelo comercial, ou mesmo as que podem ficar datadas com o tempo, precisando ser exibidas em datas específicas para não perder seu sentido? É aí então que serviços de streaming podem parecer uma boa ideia. O lançamento direto para plataformas digitais, levando em conta que já há muito tempo discutia-se que cada espectador tinha sua preferência por comodidade, interação e dispositivos para consumir cinema. Liberar a produção ao assinante pelo valor que seria cobrado na bilheteria se torna mais vantajoso até para o espectador, mesmo abrindo mão de vantagens que só a sala de cinema pode oferecer. O valor é único para toda a família, que, no conforto do seu lar, pode assistir no horário que quiser, o tempo que quiser, sem a preocupação do estar ´´aqui e agora``, enquanto o filme estiver liberado por até 48 horas. Hoje em dia muita gente tem uma televisão grande na sala, que supre a ausência de uma tela de cinema. E assim tem sido com muitas produções, das grandes a pequenas, e estúdios se perguntam se talvez não seria melhor adotar essa solução como definitiva.
E o que pensar de tudo isso? Bem, a ida ao cinema para mim é um programa social, onde se levar a namorado, passear com a família, ou mesmo um programa cultural, que nada está relacionado a ser um espetáculo melhor ou não do que assistir o filme em casa. Muita gente consegue prestar mais atenção na sua sala de estar.  Porém, há certos filmes que tornam-se muito mais atraentes se assistidos na sala escura, como Santuário, Gravidade, por exemplo. Não podemos nos esquecer que a pirataria está aí, praticamente desde sempre, e é fácil esperar o filme não ser mais lançamento para começar a procurá-lo. Além disso, existe aquele pensamento de que, se vai ver sozinho e dentro de casa, por que pagar por ele? O valor único cobrado para ser assistido por uma família de número ilimitado de pessoas acaba dando certo prejuízo a uma produção planejada a ser lançada no cinema. Não digo o mesmo de produções que pensem a adotar esse esquema daqui por diante. A qualidade de um filme se dá mais pela criatividade, bom roteiro, e soluções simples e eficazes, indo muito além das cifras investidas. Novos rostos, novos talentos, precisam começar a aparecer. Sabemos que existem muitos filmes que ainda precisam ser vistos, e mesmo aqueles que amam cinema não vão ficar sem filme nessa quarentena, mas se quisermos continuar incentivando a indústria, devemos fazer mais assinaturas, pagar para assistir aos filmes, mesmo que escolhendo bem, mesmo que num ritmo quebrado e lento, para não deixar o cinema enfraquecer. Mesmo que, e talvez por essa mesma razão, pareça ser um valor simbólico para os ingressos... mesmo que tenhamos a impressão de estar dando uns trocados para um artista de rua talentoso que fica tocando violão na praça, aquele artista que merece uma chance melhor e não deva parar de tocar.

quinta-feira, 28 de maio de 2020

O Milagre da Sela 7 - Qual versão é a melhor?


Milagre na Cela 7: Final explicado e teorias do filme da Netflix

Assistir Milagre na Cela n° 7 coreano original filme online ...

Para um filme ter um remake, o diretor que se propor a tal projeto precisa estar convicto de que pode fazer melhor que o original. Geralmente acontece quando a ideia é boa, mas o filme nem tanto, por isso a necessidade de reciclar o roteiro, para ele não acabar sendo desperdiçado assim, em uma produção ruim. Ou mesmo depois de tantos anos, quando a história precisa ser reajustada aos padrões atuais, com as produtoras preocupadas em lucrar em cima de um nome já consagrado. Porém, Quando o filme já era bom, as chances de sair uma porcaria são grandes, já que é sabido que em clássicos não se mexe. Ou então, quando precisamos adaptar a história para outro país, mexer com o que funciona melhor em determinadas regiões, lembrando que nosso mundo é dividido por seis continentes e diferentes culturas. É o caso de O Milagre da Sela 7, filme original do cineasta sul-coreano Lee Hwan-gyeong lançado em 2013, adaptado em uma versão turca exclusivamente para a Netflix, dirigida por Mehmet Ada Öztekin. As duas versões conseguem ser diferentes, apesar da mesma premissa. A primeira contrasta momentos de humor com forte carga dramática e emocional, principalmente no que se trata a respeito de Yong-Goo (O ´´Memo`` original) e sua filha Ye-Sung, que nessa versão parece ser bem mais inocente e desassociada da realidade que a ova, cruzando com a história de outros personagens, como o delegado de polícia que se sensibiliza com Yong-Goo e acredita em sua inocência, cultivando uma forte apatia com sua história de vida e buscando fazer de tudo para ajudá-lo. Os outros detentos nem chegam a parecer assim, tão ameaçadores, quanto na versão turca. Na última versão tudo é mais agressivo, tem mais detalhes, e o roteiro não tem pressa a revelar a premissa original. Sem querer dar spoiler, o final é conveniente modificado, mudando um pouco o sentido proposto para deixar tudo mais palatável para qualquer tipo de público, mas em ambas as versões um sacrifício foi preciso ser feito. É uma pena a versão turca ser mais conhecida que a original, ainda é bem difícil encontrar para assistir, mas talvez, não fosse essa refilmagem, a história e toda sua profundidade se perderia com o tempo... e em seu país de origem.

Comparações entre produções diferentes de um mesmo roteiro são inevitáveis, e de longe podemos nos lembrar de alguns detalhes que às vezes não são tão detalhes assim, pois acabam sendo capazes de mudar o sentido de certas tramas. Mas devemos lembrar que em ambas as versões, os personagens centrais fazem grande diferença para a vida dos detentos e dos agentes penitenciários. Na versão coreana, por exemplo, o protagonista é acusado, além da morte da menina, de violência sexual. O ritmo é mais ágil quanto aos fatos, mas mesmo assim o roteiro tem muita barriga, repetição de acontecimentos e tramas paralelas. Não que na versão turca não tivesse, mas aqui algumas tramas paralelas poderiam ser facilmente agilizadas, sem desperdiçar tempo de tela. Porém, elas abrem caminho para o humor, drama e sentimentalismo, como a tentativa frustrada de fuga de Yong-Hoo e sua filha, que mesmo assim rendeu uma belíssima e metafórica cena, o tipo de coisa que faltou na última versão. O prólogo, o epílogo, tudo bem denso, explicativo e positivo, foram o diferencial que rendeu pontos para a primeira versão. Fora outras coisas como a troca da personagem das mochilas desejos de consumo de Ova e Ye-Sung (Heidi dos Andes na versão turca, e Sailor Moon na versão coreana. A personagem Sailor Moon, aliás, ainda é bastante explorada por durante todo o filme.), as maneiras como o pai da menina morta demonstra sua crueldade, tal crueldade que faz a gente ter menos pena dele, e outros detalhes narrativos modificados entre uma versão e outra, como um soldado desertor possível testemunha, personagens usados como licença poética para livrar a pele de nosso herói, sua avó com quem pode contar para cuidar de sua filha nessa última versão, entre outros. O que sempre vou concordar é que, tanto em uma quanto na outra, o personagem central está bem representado, natural em sua inocência e maneira alegre com a qual lida com a vida. Características essas que o aproxima ao mundo infantil e o faz ser tão amado pela filha. Diante de tanto sofrimento que o pobre diabo encontra pela frente, o espectador acaba esquecendo-se da garotinha que teve um triste fim levando a todos esses acontecimentos, e nisso as duas versões mandam muito bem. O roteiro é triste, trágico, contudo, ensina que a justiça deve ser sempre gentil ao tomar suas decisões, evitando as erradas. E é claro, é um filme a favor da vida, contra penas punitivas de morte, e prova que toda vida é igual. Merecem ser vistas as duas versões.

quinta-feira, 21 de maio de 2020

Tarjas laterais nos seriados tokusatsu de Mundo Animado


jaspion - Twitter Search


As manhãs de domingo da Band conta, já faz algumas semanas, com a volta dos seriados Changeman, Jiraiya e Jaspion, grande sucesso há mais de vinte anos em nossa terra. Seria interessante dar uma força para o retorno do tokusatsu à Tv aberta, mesmo se seu futuro parecer incerto. A emissora ouviu os apelos dos fans xiitas para que a medida original da tela fosse respeitada, levando em conta que os programas foram concebidos nos anos 80, tempo em que as Tvs eram quadradinhas. O que a Band fazia para adequar os programas aos tempos atuais era dar um zoom na tela, o que acabava cortando partes de cima e dos lados, mesmo que coisa pouca. Eu apoio que os programas de antigamente precisem se adaptar aos moldes atuais de exibição, mas acho esse zoom inapropriado. Poderiam simplesmente esticar e achatar a tela, de tal modo que, depois da edição, ocupe o espaço de tela de uma televisão dos padrões atuais. Mesmo assim os fans reclamariam, dizendo que também fica ruim, como velhas reclamonas. Sou mancheteiro também, mas não acho que o formato precise parar no tempo. Ora, o programa é o mesmo, o que mudou é a maneira de assistir, passando por uma reciclagem, lembrando que também resistimos à mudança das Tvs de tubo para as de tela plana de led, satisfeitos com a evolução. Nem mesmo Chaves eu conseguiria assistir em seu formato original. Resultado, cedendo aos apelos dos fans antigos, que na verdade é o principal público alvo, e aos do próprio Nelson Sato da Sato Company, a Band se rendeu ao formato quadrado, deixando as tarjas dos lados, agora coloridinhas e customizadas para ´´não ficar feio``. Não gostei. Pareceu um remendo, pareceu que tentavam reparar algo que não tinha jeito, parecia que não seria possível completar a tela, ou não sabiam como fazer isso. Mudou coisa pouca ou quase nada na tela onde se desenvolvia a ação. Mas fazer o que? É o tal ´´O cliente tem sempre a razão``. E tem gente que ainda reclama da demora com que a Band levou para atender esse pedido.

terça-feira, 19 de maio de 2020

O QUE FALAR A RESPEITO DOS CURADOS DO COVID-19


Mais de 50% dos pacientes com covid-19 no Brasil já se curaram ...

Com toda essa histeria de corona vírus, o medo de se infectar achando que basta pisar na rua para que o ar contaminado, com seus vírus flutuantes, nos acometa com o covid-19, fico aqui pensando nas pessoas que já se infectaram e se curaram. Será que essas pessoas têm menos medo que os que ainda não? Pois a pessoa viu que pode sim ser vulnerável, mas que nem sempre pegar a doença significa que vai ser levada à morte, e, quem sabe, pode até estar relaxando seus cuidados, acreditando que o pior já passou. De repente que adquiriu certa imunidade ao vírus, como se fosse uma catapora, por exemplo. Hoje os especialistas estão estudando um jeito de usar anticorpos de pessoas recuperadas para a fabricação de vacinas. Nunca se sabe ao certo o que pode acontecer. Ao menos, ao contrário de muita gente por aí, aquele que se contaminou sabe que o vírus existe. O que tem de gente acreditando na teoria da conspiração e mesmo duvidando da existência do vírus, não são poucas. Agora, quanto sua recuperação, se é terrível ou não, quais sintomas se manifestam, isso varia de pessoa para pessoa. Imagino que o pior de todos é a tão ameaçadora falta de ar. É tanta informação que recebemos por aí que nem sabemos mais no que acreditar. Tudo que sabemos é que o vírus existe e que devemos ficar em casa trancados por tempo indeterminado (na verdade estamos até nos acostumando a viver assim), mas se o vírus é terrorismo ou não, arma química, biológica, ou se veio mesmo do morcego, se tem planos conspiratórios envolvidos, se é o início da nova ordem mundial sendo estabelecida, quando vai terminar, etc, essas coisas ninguém pode saber. Não vai passar de teorias, cada um falando o que acredita, sem provas e sem chegarmos a uma conclusão. É como correr em círculos. Ninguém sabe e nem pode afirmar nada, só o criador. Perto dessa doença, parece, todas as outras ficaram pequenas, por isso a razão em acreditar que tudo possa estar sendo manipulado. Mas e então, o que fazer nos dias de hoje? A resposta é; NADA. Isso mesmo. Antes de ser chamado de gado que segue a maioria, ou mesmo de duvidar da existência do tal vírus, a verdade é que ninguém paga para ver. Obedecemos a um sistema social já estabelecido, talvez não aqueles sem referência de autoridade, esses sim fazem o que acham certo, mas nós, que nascemos, crescemos e nos desenvolvemos em uma sociedade em comum, estamos mesmo acostumados a acreditar e seguir o que vemos na televisão. Mas minha dica é que não veja tanta Tv. Não digo o mesmo da internet, pois ali cada opinião é própria, não precisa necessariamente seguir a uma agenda, mesmo assim é bom filtrar, estudar e checar fontes, para só a partir dali chegar a uma própria conclusão. Claro que talvez não adiante muita coisa, mas você não vai ser um alienado que não sabe a estimativa de uma vacina, a data provável para o relaxamento da quarentena e como e quando se preparar para uma vida, digamos, mais próxima com a qual estava acostumado. É certo que todos sabem que para as coisas voltarem ao normal totalmente vai levar um pouco de tempo. Caso queira se manter informado pelos veículos de mídia tradicionais, recomendo se afastar do grupo Globo, grande veículo de desinformação e pautado no capitalismo. No mais, seguiremos com nossa vida normal, sem alarde, fazendo o que pudermos fazer, acompanhando o desdobramento dessa pandemia, suas consequências sociais e econômicas, rezando por um desfecho satisfatório. Os cuidados a serem tomados vocês já devem saber.

quinta-feira, 14 de maio de 2020

Regina Duarte mereceu ser crucificada?


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A princípio não tive vontade de fazer um post sobre esse tema, mas, como esse blog se propõe a falar de todo tipo de manifestação artística e meus gostos especiais de um entusiasta de artes em geral, acho que um assunto tão recente tratando-se da ministra da cultura atual não pode passar despercebido. A entrevista de Regina Duarte para um programa da CNN divide opiniões. Longe de querer misturar com assuntos políticos e partidários, acredito que, desde o início, a mulher foi colocada numa saia justa por uma equipe jornalística pouco profissional, antibolsonarista, que sem se preocupar em não evidenciar perguntas tendenciosas, foi logo atacando com perguntas que fugiam à sua função. Não necessariamente Regina precisaria estar de acordo com propostas do partido com a qual trabalha, se já há muito tempo desejasse ter a oportunidade de propor suas ideias, direitos e deveres a toda uma classe artística, classe da qual faz parte há tantos anos. Como ela mesma disse, esse negócio de esquerda e direita é algo descabido, não passa de um rótulo. Não vou dizer que gosto da Regina Duarte como artista ou ministra, para mim tanto faz, mas é certo que suas propostas não precisam estar associadas com o sistema do governo Bolsonaro, é uma área totalmente específica, esse governo nada ou muito pouco entende de cultura, e se é sua chance de fazer alguma coisa nessa época tem mais é que aproveitar a chance. Ao menos a cultura dos dias atuais pode estar sob boa gestão, longe de toda sujeira e desordem do sistema político atual, e o que a Regina Duarte pode fazer é botar a mão na massa e cuidar do que pode. Ela foi duramente interrogada e criticada pelo sistema fascista brasileiro que se manteve até 1985, principalmente depois de ela falar sobre sua relação com o presidente. O jornalístico fez questão de frisar que o presidente enaltecia o poder e a ´´competência`` de coronel Ustra, em atividade no movimento e responsável por prisões e torturas de jovens, inclusive crianças. Mas, com sinceridade, esse assunto não cabe à Regina, com certeza ela não seria favorável a esse movimento, e ela não se referia a essa fala e a todas essas questões quando contava os momentos em que conversava com o presidente e este explicava as duras penas que enfrentaria aceitando o cargo. Pessoas normais não compactuam com as falas do presidente e menos ainda com o sistema político que o Brasil atravessou nessa fase, com certeza essa época vai ficar para trás sem jamais se repetir, lembrando que o primeiro passo que o Brasil precisaria tomar para voltar com a ditadura hoje seria tirar a internet do alcance de todos, veículo onde mais temos liberdade de expressão. Também não estou dizendo que sou a favor do governo Bolsonaro, apenas quero ser justo com aquilo que podemos salvar, se feito com boa vontade. Regina Duarte, com sua imagem bem viva de certas ´´Helenas`` de novelas do Manuel Carlos, quase todas ambientadas no Leblon, bairro do Rio de Janeiro, tem carisma, fala mansa, e esbanja a satisfação e a  simplicidade de uma pessoa feliz. Pode ser que ela não saiba se expressar muito bem, precisaria de um assessor, ela ainda é mais atriz do que ministra, mas é só com isso que ela peca. Mas é aquela coisa, você pode se enforcar com suas próprias palavras, as pessoas não perdoam, é normal se prejudicar por até muito menos. As pessoas não têm boa vontade de procurar entender ou ter apatia, pois julgar é mais fácil. Quando Regina mostrava-se ´´não ligar`` para as pessoas que morreram em épocas passadas pelo sistema ditatorial fascista, comparando com holocaustos e outros ditadores, ela queria dizer que era algo que ficou preso no passado, que nada mais podemos fazer além de deixar para trás e não reproduzir, que devemos ´´olhar para frente`` e pensar no que fazer para o futuro, dentro de sua função, projetos envolvendo a classe artística, logicamente. Afinal, o que essas questões teriam de ligação com o trabalho que a Regina vem fazendo, sendo que não tem nem mesmo com o governo Bolsonaro? A ministra não é desnaturada, não quer passar panos quentes, apenas dizia que nada mais poderia ser feito, e que, a partir de agora, devemos pensar em um futuro melhor, um futuro vivo, com artes e qualidade de vida. Sei que é um assunto sensível, que é preciso cuidado na hora de se pronunciar, mas mesmo assim, vivemos uma época em que precisamos ser solidários, tentar entender e encontrar um senso comum. Lembrando que a área da Regina é somente a cultura.
Quanto às doenças, essa pandemia que não podemos esquecer e todas suas mortes, inclusive de artistas, vítimas ou não do covid-19, Regina foi obrigada a tomar um posicionamento, e como grande parte do mundo, encontrava-se de mãos atadas. O que pôde fazer é entrar em contato com a família de artistas falecidos ou convalescentes, como qualquer pessoa de bem. Regina não é culpada pela disseminação de doenças ou por mortes, e como ela mesma disse na entrevista, não quer falar disso.  Mostra-se focada em trabalhar pensando na vida, recuperação, trabalho e artes. O que ficou para trás, o que não é de sua alçada, ou planos políticos que não influem no que ela pode oferecer, não estão dentro de sua proposta. Não adianta querer despejar na ministra todo seu descontentamento com a política no Brasil. Regina Duarte pode parecer sim aluada, dissociada da realidade, mas isso é apenas um reflexo de sua veia artística, acho que ela devia ser mais respeitada, tem todo direito de ocupar essa cadeira, atriz com tantas novelas no currículo, a eterna ´´namoradinha do Brasil``. Precisa de um crédito de confiança. Quanto a não querer responder o depoimento de Maitê Proença, foi só uma reação natural a um programa tendencioso que não avisa o que tem em pauta. Mesmo assim, acho que ela devia responder, com imparcialidade, independente do tema a ser analisado, como boa ministra que acredita ser, ouvindo e acatando as pessoas envolvidas em seu meio. Regina foi intransigente, geniosa, sequer ouviu o que a colega tinha a dizer, e essa é minha única crítica quanto a seu comportamento de ministra da educação. No mais, Regina não é a culpada por todas essas coisas ruins que vem acontecendo, culpem o governo Bolsonaro, os órgãos específicos, não o ministério da cultura.

terça-feira, 12 de maio de 2020

Capitão Planeta e os Protetores


Túnel do Tempo – Capitão Planeta | Gabo Carvalho

Insisto em dizer que os desenhos antigos são os melhores. Hoje em dia é difícil encontrar um desenho que funcione tão bem para todas as idades, melhor que isso, que seja sim infantil, mas um infantil levado a sério, que não fique datado, preso no tempo. Uma clássica animação que podemos destacar é Capitão Planeta, que, visto em qualquer época, continua sempre atual. Passava nos anos 90, nas manhãs da programação da Globo, e enquanto crianças não percebíamos a grandiosidade das mensagens que o desenho passava, para muitos era apenas uma animação tradicional de cinco jovens escolhidos de diversas partes do mundo a dedo, por uma entidade da mãe natureza para combater o mal, sendo que, na verdade, o principal mal não é nada como uma invasão espacial, por exemplo, e sim uma ameaça que existe mesmo na vida real; a poluição. Cada um portava um anel do qual extraía poderes baseados em cinco elementos da natureza; o ruivinho novaiorquino Willer, jovem bonito e forte candidato a protagonista (o que não podia ser diferente, já que o desenho é americano) possui o poder do fogo, o que é condizente com sua personalidade e seus desejos ardentes à flor da pele, levando em conta sua idade e seus hormônios em ebulição, sempre tentando conquistar a loirinha russa Linka, mas nunca obtendo sucesso. O jovem é um tanto ignorante quanto às questões naturais, mesmo sendo por conta da influência das pessoas à sua volta ao longo de sua vida. Também é impulsivo, corajoso, viril, mas sempre gente boa. No time masculino também temos Kuami, representante da África. Preocupado com plantações de árvores e alimentos em sua terra árida e pouco fértil, acaba ganhando o anel cujo poder é a manipulação da terra. Como representante da América do Sul temos o indiozinho Ma-ti, um provável brasileiro, habitante de uma tribo da Floresta Amazônica, o mais novo do grupo, e um tanto frágil e sensível. Seu poder é o ´´Coração``, que, embora não sendo um dos elementos naturais, é importante para a conexão, o respeito e o desejo de preservação a tudo de importante à sua volta. Ma-ti vive acompanhado por seu macaco prego de estimação, Sushi, embora seu nome não faça o menor sentido. No time feminino temos a asiática Gui, que em contrapartida à modalidade de pesca aos golfinhos tão comum nos países asiáticos, a menina tem como paixão esses simpáticos mamíferos. Também é uma exímia nadadora, razão pela qual ganhou o poder de manipulação da água. E a já citada Linka possui o poder de manipulação do vento. O desenho não deixa claro se os jovens possuem a capacidade de criar tais elementos ou apenas manipulá-los através de matéria prima já fornecida, na maioria das vezes parecia que apenas Willer tinha capacidade de criar seu elemento. Conforme as coisas iam ficando piores, os jovens uniam seus poderes (quase sempre por iniciativa de Kuami) e formavam o Capitão Planeta, um herói peculiar de corpo metálico, cabelo verde e partes vermelhas, não necessariamente obedecendo às cores do planeta Terra, super forte, com capacidade de voar e o dom de reciclar materiais destrutivos para alguma coisa que a natureza possa aproveitar. O interessante é que ele não fazia o tipo indestrutível, tinha lá seus pontos fracos, como a poluição e a toxicidade, que enfraquecia seus poderes. Eu até chego a achá-lo fraco, pois vivia levando a pior no combate aos inimigos. A poluição, inclusive, enfraquecia os poderes dos anéis. Nesse caso, os jovens heróis tinham que criar outra estratégia.
Batizado por Os Protetores, os jovens foram escolhidos e reunidos por Gaia, entidade representante da natureza, que se manifesta por uma morena formosa e altiva. Eles se reúnem na Ilha da Esperença sempre que surge uma ´´Ecomissão``, como bem diz Gaia. Além dos anéis, Gaia também ofereceu aos Protetores o Geo-planador, nave ecológica movida a energia solar, que os jovens se revezam para pilotar e se dirigir a diversas partes do globo, e onde podem observar a tudo pelo Planeta visão, monitor embutido no painel do veículo. Eles usam também o Geo-submarino, para missões aquáticas. Se os jovens retornam para seus respectivos continentes, casas e família após cada missão, não sabemos, mas é certo que os cinco passam muito tempo juntos, se divertindo ou trabalhando, como grandes amigos. Ao longo da série eles chegam a conseguir alguns aliados que os ajudam a manter a ordem e o equilíbrio ambiental.
As ameaças ecológicas representam problemas reais, mas nessa animação os gananciosos, que muitas vezes fazem uso de planos antiéticos, são vilões fixos, estigmatizados, fácil para a compreensão das crianças de como funciona o lado sombrio do progresso e suas consequências para o futuro. A série se preocupa em sugerir o melhor modo de como deve funcionar as indústrias, o comércio, respeitando a vida, o espaço geográfico, fazendo observar que, a longo prazo, o respeito ao meio ambiente é mais importante que o dinheiro, do contrário nada faria sentido. Os vilões são interessantes e bem trabalhados, representados por poluidores como Greendler, um homem de sugestivo aspecto suíno sempre acompanhado por seu braço direito Rigger, a Dra Blight e seu fiel computador de inteligência artificial M.a.l, Duke Nuken, Bil Plender, Matreiro (Dr Lodo), Verminoso Scum, Celsu Jeira, Zarm, Roupa de Couro e muitos outros, dos mais terríveis aos mais atrapalhados. Ao final de cada episódio, os heróis passam mensagens de como devemos cuidar da natureza.
Mesmo depois de tantos anos a série continua atual, com suas questões ambientais. Já adulto, percebo que o desenho é muito mais que um simples espetáculo infantil, e o quão importante ele é para o desenvolvimento de um adulto responsável, consciente com o mundo em que vive. Pena que a maioria dessas questões nos passava despercebidas quando crianças. Eu diria até que é uma animação à frente de seu tempo, e se mais animações como essa fossem produzidas na época, quem sabe o mundo hoje não seria bem melhor. O desenho já citava, mesmo nos anos 90, aquecimento global, crescimento populacional, uso de drogas por adolescentes, poluição, desperdício de dinheiro, pragas, pestes, quarentena, desmatamento de florestas, mau gerenciamento na criação de animais, preconceito com certos tipos de animais, caçadas ilegais, desequilíbrio na fauna ambiental, falta de ética na venda/ aquisição de produtos e mercadorias, ciência ilegal, enfim, tudo de maneira didática, permitindo-se o uso de alegorias, mas tratando com seriedade, de modo que toda a família pudesse entender. Permitia-se o uso de imagens chocantes para fins educacionais. Pena esse desenho ter praticamente se perdido no tempo com todas essas mensagens, porém, acredito que ainda não é tarde para redescobrirmos seu conceito e pôr em prática tudo que a animação sugere. Vivemos um momento de preocupação com o meio ambiente e a vida na Terra, nada mal para estudarmos meios de preservação do mundo onde vivemos. Seja conversando com as pessoas, pesquisando por aí, e seguindo o bom senso. Já somos grandes e sabemos o que precisa ser feito. Na dúvida, podemos até mesmo lembrar quando éramos crianças e revisitar episódios antigos da série animada Capitão Planeta. Vai que refresca nossa memória?