terça-feira, 2 de junho de 2020

Como reinventar o cinema para os dias atuais?



Post COVID, will our movie watching habits be altered forever ...

Todos nós sabemos que não vamos mais ao cinema tão cedo. Tem muito filme bom por aí a ser lançado, mas infelizmente estão engavetados, isso sem contar as produções interrompidas e adiadas. Não podemos culpar a ninguém a não ser ao maior inimigo desse ano, o tal do corona vírus. Quando enfim pudermos voltar às salas de cinema depois de tanto tempo (contando aí o tempo em que, além de resolvida a questão do corona, teríamos perdido o receio de frequentar lugares fechados cheios de gente) vai haver um ´´engarrafamento`` de filmes sendo lançados praticamente no mesmo período, filmes bons estreando na mesma semana, permanecendo em cartaz por tempo semelhante, e o espectador vai ter que escolher bem o que assistir para não morrer numa grana. Mas o que fazer com as produções que podem facilmente sofrer com a pirataria, sem forte apelo comercial, ou mesmo as que podem ficar datadas com o tempo, precisando ser exibidas em datas específicas para não perder seu sentido? É aí então que serviços de streaming podem parecer uma boa ideia. O lançamento direto para plataformas digitais, levando em conta que já há muito tempo discutia-se que cada espectador tinha sua preferência por comodidade, interação e dispositivos para consumir cinema. Liberar a produção ao assinante pelo valor que seria cobrado na bilheteria se torna mais vantajoso até para o espectador, mesmo abrindo mão de vantagens que só a sala de cinema pode oferecer. O valor é único para toda a família, que, no conforto do seu lar, pode assistir no horário que quiser, o tempo que quiser, sem a preocupação do estar ´´aqui e agora``, enquanto o filme estiver liberado por até 48 horas. Hoje em dia muita gente tem uma televisão grande na sala, que supre a ausência de uma tela de cinema. E assim tem sido com muitas produções, das grandes a pequenas, e estúdios se perguntam se talvez não seria melhor adotar essa solução como definitiva.
E o que pensar de tudo isso? Bem, a ida ao cinema para mim é um programa social, onde se levar a namorado, passear com a família, ou mesmo um programa cultural, que nada está relacionado a ser um espetáculo melhor ou não do que assistir o filme em casa. Muita gente consegue prestar mais atenção na sua sala de estar.  Porém, há certos filmes que tornam-se muito mais atraentes se assistidos na sala escura, como Santuário, Gravidade, por exemplo. Não podemos nos esquecer que a pirataria está aí, praticamente desde sempre, e é fácil esperar o filme não ser mais lançamento para começar a procurá-lo. Além disso, existe aquele pensamento de que, se vai ver sozinho e dentro de casa, por que pagar por ele? O valor único cobrado para ser assistido por uma família de número ilimitado de pessoas acaba dando certo prejuízo a uma produção planejada a ser lançada no cinema. Não digo o mesmo de produções que pensem a adotar esse esquema daqui por diante. A qualidade de um filme se dá mais pela criatividade, bom roteiro, e soluções simples e eficazes, indo muito além das cifras investidas. Novos rostos, novos talentos, precisam começar a aparecer. Sabemos que existem muitos filmes que ainda precisam ser vistos, e mesmo aqueles que amam cinema não vão ficar sem filme nessa quarentena, mas se quisermos continuar incentivando a indústria, devemos fazer mais assinaturas, pagar para assistir aos filmes, mesmo que escolhendo bem, mesmo que num ritmo quebrado e lento, para não deixar o cinema enfraquecer. Mesmo que, e talvez por essa mesma razão, pareça ser um valor simbólico para os ingressos... mesmo que tenhamos a impressão de estar dando uns trocados para um artista de rua talentoso que fica tocando violão na praça, aquele artista que merece uma chance melhor e não deva parar de tocar.

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