Todos nós sabemos que não vamos
mais ao cinema tão cedo. Tem muito filme bom por aí a ser lançado, mas
infelizmente estão engavetados, isso sem contar as produções interrompidas e
adiadas. Não podemos culpar a ninguém a não ser ao maior inimigo desse ano, o
tal do corona vírus. Quando enfim pudermos voltar às salas de cinema depois de
tanto tempo (contando aí o tempo em que, além de resolvida a questão do corona,
teríamos perdido o receio de frequentar lugares fechados cheios de gente) vai
haver um ´´engarrafamento`` de filmes sendo lançados praticamente no mesmo
período, filmes bons estreando na mesma semana, permanecendo em cartaz por
tempo semelhante, e o espectador vai ter que escolher bem o que assistir para
não morrer numa grana. Mas o que fazer com as produções que podem facilmente
sofrer com a pirataria, sem forte apelo comercial, ou mesmo as que podem ficar
datadas com o tempo, precisando ser exibidas em datas específicas para não
perder seu sentido? É aí então que serviços de streaming podem parecer uma boa
ideia. O lançamento direto para plataformas digitais, levando em conta que já
há muito tempo discutia-se que cada espectador tinha sua preferência por
comodidade, interação e dispositivos para consumir cinema. Liberar a produção
ao assinante pelo valor que seria cobrado na bilheteria se torna mais vantajoso
até para o espectador, mesmo abrindo mão de vantagens que só a sala de cinema
pode oferecer. O valor é único para toda a família, que, no conforto do seu
lar, pode assistir no horário que quiser, o tempo que quiser, sem a preocupação
do estar ´´aqui e agora``, enquanto o filme estiver liberado por até 48 horas. Hoje
em dia muita gente tem uma televisão grande na sala, que supre a ausência de
uma tela de cinema. E assim tem sido com muitas produções, das grandes a
pequenas, e estúdios se perguntam se talvez não seria melhor adotar essa
solução como definitiva.
E o que pensar de tudo isso? Bem,
a ida ao cinema para mim é um programa social, onde se levar a namorado,
passear com a família, ou mesmo um programa cultural, que nada está relacionado
a ser um espetáculo melhor ou não do que assistir o filme em casa. Muita gente
consegue prestar mais atenção na sua sala de estar. Porém, há certos filmes que tornam-se muito
mais atraentes se assistidos na sala escura, como Santuário, Gravidade, por
exemplo. Não podemos nos esquecer que a pirataria está aí, praticamente desde sempre,
e é fácil esperar o filme não ser mais lançamento para começar a procurá-lo. Além disso, existe aquele pensamento de que, se vai ver sozinho e dentro de
casa, por que pagar por ele? O valor único cobrado para ser assistido por uma
família de número ilimitado de pessoas acaba dando certo prejuízo a uma
produção planejada a ser lançada no cinema. Não digo o mesmo de produções que
pensem a adotar esse esquema daqui por diante. A qualidade de um filme se dá
mais pela criatividade, bom roteiro, e soluções simples e eficazes, indo muito
além das cifras investidas. Novos rostos, novos talentos, precisam começar a
aparecer. Sabemos que existem muitos filmes que ainda precisam ser vistos, e
mesmo aqueles que amam cinema não vão ficar sem filme nessa quarentena, mas se
quisermos continuar incentivando a indústria, devemos fazer mais assinaturas,
pagar para assistir aos filmes, mesmo que escolhendo bem, mesmo que num ritmo
quebrado e lento, para não deixar o cinema enfraquecer. Mesmo que, e talvez por
essa mesma razão, pareça ser um valor simbólico para os ingressos... mesmo que
tenhamos a impressão de estar dando uns trocados para um artista de rua
talentoso que fica tocando violão na praça, aquele artista que merece uma
chance melhor e não deva parar de tocar.
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