sábado, 1 de janeiro de 2022

Tente fazer um Feliz 2022!!!

 


Então é ano novo. O que trará de novo? É difícil imaginar. Aliás, dá medo imaginar. Não dá para não falar de pandemias. Aqueles que tiveram o azar de se contaminar mas se recuperaram têm motivos de sobra para agradecer aos céus, mesmo assim o sofrimento existiu para todos, mesmo os que conseguiram fugir disso, pois não foi fácil tanta privação, medo, isolamento, falta de trabalho, dificuldades em consequência, sem contar os que tiveram casos na família, os que perderam seus entes e mesmo a vida. Mas não quero pensar nessas coisas e sugiro a ninguém pensar, por mais que possa parecer difícil. A esperança está aí, motivos temos para ter.

Independente de qualquer caso ou coisa que venha a aparecer, estejamos prontos, preparados para combater, com as armas que temos em mãos. Devagar, sempre, aumentando a confiança gradativamente. 

A vida nos ensinou que a felicidade está em coisas simples, que deveríamos desde sempre ter dado valor. Que esse ano de agora traga menos doenças, mais oportunidades e chances de poupar ou aproveitar nossos recursos financeiros. 

Que aprendamos mais, mesmo a duras penas, lembrando que somos maduros e estamos calejados com tanta coisa bizarra que apareceu, mas não foi de graça e nos deixou mais fortes. 

Não espere nada cair do céu, não pense no que não pode fazer, e sim no que você pode. Menos pode ser mais, saiba fazer a diferença. Faça boas surpresas, mesmo que não necessariamente caras. Tenha, contudo, boa vontade em receber carinhos simbólicos, entendendo sua real importância. Seja grato e aja de boa fé.

Estude, aprenda, faça um bom empreendimento, lembrando que isso não significa, em hipótese alguma, perder mais do que ganhar. Use a imaginação, esqueça, supere, mude, lute, controle sua mente, jogue fora o que não presta, jogue fora o que não for essencial. Não tente mudar o que não pode ser mudado e não for de sua responsabilidade, o que não tiver remédio, remediado estará. 

Estenda a mão sem esperar que estendam para você, não olhe para trás, não se envergonhe, não tenha medo, desde que seja algo que goste ou que valha a pena lutar. Não precisa ser igual a tantos outros, mas o respeito, bom senso e juízo deve ser levado a sério.

Ensine, aprenda, mas nunca discuta, não gaste energia se não valer a pena. Não se exiba, mas tenha orgulho de você, se cuide, capriche, tenha vaidade. Não se exponha sem necessidade. Nunca tenha vergonha de aprender com qualquer pessoa, e em qualquer situação. Não tenha medo de mudar.

Viaje, poupe, gaste, só você pode saber o quanto, quando e como. Não espere aprovação dos outros, mas tenha autoaceitação, desde que tenha certeza de sua integridade.


Algumas coisas estão sob nosso controle e outras não. Quanto as que não tiver, apenas cuidados, rezas e água benta. Quanto ao resto, só mesmo você pode saber. Este ano pode ser até melhor que os anteriores, porque não? Não tenha medo, também, de saber aproveitar as oportunidades. 


Feliz 2022 então. Respiremos fundo e.... boa sorte para todos!!!!

segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Viva a Dublagem Nacional (Versão Brasileira Herbert Richers)

 

Wendell Bezerra


Carlos Seidl

Eu era um dos que achavam que dublagem só ficava boa em animação, que descaracterizava os personagens de um filme tradicional, que era um insulto à atuação dos atores, que infantilizava as produções dando um ar de ´´Sessão da tarde`` para qualquer filme que fosse. Hoje, dada a dificuldade de se assistir a um bom filme em seu idioma nacional, de encontrar legendas bem traduzidas e bem sincronizadas, aprendi a acolher bem a dublagem brasileira, que aliás, é considerada a melhor do mundo, sem exageros, seja da Dublavídeo, Eclipse, Centauro, Rio Art, MGE, entre tantas outros estúdios de dublagem. Se pegarmos, por exemplo, seriados como Chaves ou qualquer outra produção de comédia, enlatado, sitcom, e compararmos as vozes originais com nossas dublagens, veremos que a versão BR é mais gostosa de se ouvir. Mesmo os seriados mais adultos, tendo as vozes escolhidas especialmente para cada personagem, torna sua narrativa de melhor assimilação para aquele que a acompanha, onde fica mais fácil se identificar com cada personalidade que nossas vozes imprimem. Tudo bem, pode não aparecer algo tão puro que um amante da sétima arte possa dar o braço a torcer, há quem faça questão da acessibilidade ao material original, sentir o regionalismo de cada produção, e, se compreender bem o idioma, comparar com as traduções das legendas. Mas se você assiste seus filmes acompanhados ou quer apresentar algo novo/ diferente, a versão dublada é sempre a melhor opção.

Cecília Lemes



Existe também o pessoal que pensa o contrário, de tão acostumado a ver os programas da infância dublados, acha um pesadelo a versão original, e os mais radicais conseguem criticar até mesmo aqueles que querem apenas matar a curiosidade de ver ao menos um trechinho de fala da versão original. São os chamados ´´puristas da versão BR``. Na maioria dos casos se tratando de animação ou programas infantis. Mesmo as vozes sendo sempre as mesmas, afinal, você já deve ter visto uma centena de filmes com as vozes de Orlando Drummond, Cecília Lemes, José Santa Cruz, Carlos Seidl, Hermes Baróli, Mário Vilela, Nelson Machado, Mário Jorge Andrade, Maria Helena Pader, Isaac Bardavid, Alexandre Marconatto, Wendell Bezerra, Manolo Rey, Felipe Grinnan, Francisco Brêtas, entre tantos grandes nomes. Infelizmente, muitos que emprestaram suas vozes para personagens que tanto nos marcaram não estão mais entre nós, mas seu legado é tão extenso que você ainda vai ouvir suas vozes em muitos filmes que ainda não viu.

 

Dublagens de seriados: Ao contrário do que muita gente possa pensar, o dublador não se restringe a um tipo específico de personagem, não escolhem o que dublar e tampouco assistem um pedaço da cena que vão fazer, pois o tempo de estúdio é corrido. Eles ganham por hora e fazem muita coisa por semana. Séries de diferentes gêneros contam com suas participações, e o dublador, talentoso como deve ser, consegue mudar seu tom de voz para cada personagem, seja ele herói, vilão, coadjuvantes, personagens cômicos, etc. Ouvidos menos atentos às vezes nem consegue ligar a voz a seu dublador. O dublador, no entanto, precisa ser ator por formação e, vamos ser francos, é um trabalho bem mais rico que o de atuação, por oferecer condição de maior versatilidade. O artista não precisa acompanhar o tipo físico de seus personagens e, para mim o ponto mais positivo, pode gravar vestido de qualquer jeito, mesmo mal arrumado, pela correria do dia dia.

Vale a pena assistir a filmes dublados hoje em dia? Minha resposta é sim. Mesmo que atualmente tenhamos poucos bons dubladores, o fato de fazerem as vozes de personagens importantes para a cultura pop mundial por décadas a fio, nos torna cada vez mais próximos, familiarizados com todo esse universo. A intimidade que passamos a ter com seus personagens, que falam como a gente, pensam como nós, é algo realmente grandioso. Para nós, todos esses personagens tem vidas, já deixaram de ser propriedades artísticas há muito tempo. E graças a nossos dubladores! Só não sou a favor de redublagem de clássicos que já estavam consolidados em nossa memória em sua primeira versão.

Manolo Rey

Nelson Machado

quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

10 Filmes Ruins Que Eu Adoro

 


Sou o tipo que não liga para opinião alheia. Não me importa o que todos dizem, se determinado filme é bom ou ruim, eu preciso assistir para tirar minhas próprias conclusões e muitas vezes o resultado é surpreendente. Por essa razão nunca vá na onda dos críticos, seja seu próprio crítico. Listei aqui dez filmes que todos tentaram me fazer detestar, mas tudo que consegui foi amar e me divertir a cada vez que assisto.



1 – Mortal Kombat II - A Aniquilação: Do jeito que terminou o primeiro Mortal, tudo levava a crer que fariam uma continuação, e de fato torcíamos para isso. Queríamos ver os outros personagens em ação. Foi lançado Mortal Kombat – Aniquilação, mas foi de maneira discreta, poucos ficaram sabendo na época, e diretamente para VHS. Tudo bem que a qualidade era inferior, provavelmente produzido com orçamento menor, efeitos especiais toscos e figurinos que parecem cosplay, sem contar o uso de atores desconhecidos, com exceção dos que retornaram com seus papéis originais, Robin Shou  (Liu Kang) e Talisa Soto (Kitana). Jhonny Cage (Chris Conrad) não conta, pois morre bem no comecinho e da maneira mais idiota possível, desperdiçando chances de uso de falaties ou de um drama maior no time dos heróis. Apesar dos pesares, o filme continua sendo Mortal, e sinceramente, bem melhor que esse último aí que foi lançado. As cenas de ação são iguais às do game, todos os personagens aparecem com exceção de bem poucos, e o conjunto da obra, os monstros, as cores, explosões, lutas coreografadas, visual hi-tech de Cyrax, e Smoke (faltou o Sektos. Snif, snif,) nos dá a impressão de que estamos assistindo a um tokusatsu. Sem contar que a atriz que faz a Sonya Blade é uma gata. Pena que hoje é considerado uma vergonha alheia, sabe-se lá porque.



2 – Batman e Robin – Considerado, desde sempre, uma vergonha alheia danada, essa pérola de Joel Schumacher merece crédito por ter grandes nomes em seu elenco, George Clooney (então galã de Plantão Médico) como o herói, Uma Thurman como Era Venenosa, Arnold Schwarzenegger como Sr Frio e Alice Silverstone (então muito conhecida por As Patricinhas de Beverly Hills) como Batgirl. Além desses vilões geniais, ainda podemos ver a primeira versão de Bane, tudo bem que com um visual bem mais tosco, mesmo assim mais próximo dos quadrinhos, só que não fala, sua origem é outra e é bem menos ameaçador, limitando-se a ser capacho da Era venenosa. As cenas glaciais à la Frozen, a dupla dinâmica brigando como adolescentes disputando uma mina, os ´´Bat-mamilos`` da fantasia, a gatíssima Barbara Gordon em seu traje que a deixa bem mais sexy, as piadas tontas (quem viu jamais vai esquecer do Bat-cartão), o visual colorido, clima bem humorado, uma vilã sensual, e Alfred num drama típico de novela mexicana. Parece receita de filme de sucesso, não? Difícil entender por que o diretor teve que pedir desculpa.

 



3 – O Mundo das Spice Girls ­– Na segunda metade da década de 90, tudo que era moleque fantasiava em pegar ao menos uma da Spice... e quem era menina, sonhava em ser uma delas. Tudo bem, o filme O Mundo das Spice Girls foi feito para elas, é tudo bem feminino e fofinho, e ao contrário do que podiam pensar na época não se tratava de um documentário musical ou bastidores de uma turnê, e sim de um filme ficcional, com direito a extraterrestres e espionagem tosca. Entre os atores famosos podemos destacar Allan Cumming, praticamente irreconhecível como um paparazzi. Mas como as musas além de apimentadas eram divertidíssimas, o filme é uma curtição embalada com hits do grupo que fizeram moda na época. Dê o braço a torcer e assista escondido, livre de preconceitos.



4 – O Gato – É um desses filmes infantis que consegue ser engraçado sem ser tonto ou piegas. Espevitado que só ele, o Gato (O Gato do Chapéu, no original) é uma criação do mesmo autor de O Grinch, Theodor Geisel, popularmente conhecido por Dr. Seuss. O gato apronta tanto que se torna o tio que toda criança queria ter, sendo ele tão fantástico, agitado e cômico como um personagem da Carreta Furacão. Algumas crianças, bem sei, chegam a ter medo dele, mas... O filme conta também com uma participação bem rápida (e sem graça) de Paris Hilton. Injustamente foi indicado ao troféu Framboesa de Ouro em 2003, ano de seu lançamento, assim como também foi Mulher Gato e o recente Cats. Definitivamente a academia de cinema não gosta de gatos.



5 – As Panteras – Essa colocação serve para os dois filmes, o de 2000 e sua continuação, As Panteras – Detonando, que para mim são igualmente bons. Esqueça esse último de 2019 com Kristen Stewart, que tenta a todo custo provocar lacração feminista como se os dois primeiros já não fossem feministas suficientes, em uma época onde tudo era mais sútil. Eu muito pouco ouvia falar da série dos anos 70 até então, só ganhando intimidade com o time Alex, Dylan e Nat. Depois de me divertir bastante com o ritmo ágil e cômico, porém de roteiro fraco e de pouca profundidade do primeiro filme, vibrei com a participação irrisória do Rodrigo Santoro na continuação, além da tentativa de uma versão sombria, com a volta do personagem de Crispin Glover e com as referências engraçadas de outros filmes e séries. Achei até mesmo o Bosley do saudoso Bernie Mac melhor que o do Bill Murray. Mas claro que o que eu mais gostei foram das beldades que aparecem nos dois filmes.



6 – Double Dragon – Dizem que até hoje não existe um bom filme adaptado de jogos de videogame, inclusive o agora citado foi massacrado até dizer chega, mas sinceramente, achei o filme bem legalzinho. Tudo bem que é cheio de gracinhas, piadinhas infames fora de hora, podiam ter feito uma história mais séria, mas o filme diverte a maior parte do tempo. A descaracterização de alguns personagens nem incomodou tanto assim, como o Billy Lee moreno e não louro como nos games e o Abobo, vilão bem conhecido que virou uma espécie de monstro marombado e descerebrado dos Power Rangers, pois, afinal de contas, temos personagens interessantes como o ´´gran boss`` Chuko, Marian Delario, parceira dos irmãos Lee, e Linda Lash, interpretada pela belíssima Kristina Wagner. O elenco feminino, aliás, é para ninguém botar defeito, não podemos esquecer a gatinha singapurense Julia Nickson-Soul como Satori Imada, a matriarca dos irmãos dragão. Sem contar que pra mim esse é um filme especial, pois o assisti em uma época muito gostosa da minha vida. Minha memória emotiva, contudo, só me permite enxerga-lo com bons olhos.

 



7 -  Dragonball Evolution - Como adaptar uma série tão extensa e querida no mundo todo, dos mangás aos animes, com tantos personagens e arcos de histórias, para uma versão live action de aproximadamente 90 minutos? Parece uma tarefa complicada, certo? Sem contar que, para ter continuação, o filme precisaria ir bem na bilheteria, e a obra de Akira Toriyama é tão fantasiosa e cômica, com situações tão absurdas, que assim que noticiaram o filme todo mundo entendeu que o diretor tinha em mãos grandes responsabilidades. Pois bem, mudaram muita coisa, cortaram personagens, ignoraram a infância de Goku por mais que tentassem resgatar elementos da primeira saga Dragon Ball, condensaram um grande arco da história para caber no tempo de projeção tendo Piccolo como vilão principal, e deixaram os personagens e as situações mais críveis para que qualquer pessoa pudesse assistir, não só o otaku fan do anime. Muitos torceram o nariz para a escolha de Justin Chatwin para o papel de Goku, mas os produtores sabiamente lembraram que o saiyajn não deveria ter olhinhos puxados como o restante do elenco, e isso é ponto positivo, assim como a caracterização dos personagens no que era possível, mas o mais interessante para mim foi o penteado (ou a falta dele) do protagonista ter sido respeitado. As atrizes que fizeram Bulma, Chi Chi e Mai são tremendas gatas bem escolhidas, as cenas de luta são boas e só o que me incomodou foi o tempo curto de projeção. Teve umas coisas diferentes como o visual do mestre Kame, um Yamcha menos tímido e Goku como um colegial vitima de bullying, mas também teve muito fan servisse como Sheng Long aparecendo, Goku virando um Oozaru (macaco gigante que os saiyajin viram ao olharem a lua cheia) e a luta final se encerrando com o kamehameha. Precisa de mais coisa para o filme ser maneiro?



8 – Os Mestres do Universo – O príncipe de Etérnia tem algo a mais que muitos personagens dos desenhos animados dos anos 80; um filme com ´´personagens de carne e osso`` como anunciava na televisão. Até hoje tem gente reclamona achando defeito, esquecendo o ano que foi feito, as tendências da época e as inevitáveis limitações. Permanece sendo o único filme de He-Man, o que me faz assistir sempre que quero rever o herói na pele de alguém que honre seu nome, e vamos ser sinceros, Dolph Lundgren ficou ótimo para o papel, e seu visual muito bem representado. Temos uma produção digna de Star Wars com direito a frase clássica do personagem ´´Pelos poderes de Grayskull, eu tenho a força!!`` e só sentimos falta do príncipe Adam, Gorpo e Pacato/ Gato Guerreiro. O roteiro pode ser um pouco infantil, mas vamos lembrar que a animação também não era nada adulta.

 



9 – DOA – Vivo ou Morto – Baseado em um jogo que ninguém conhece, fica difícil esperar algo bom, sendo que até jogos populares nunca foram bem representados. Mas saca só, cenas de ação coreografadas bem ao estilo Matrix, narrativa dinâmica, humor ácido, violência e muitas, mas muitas garotas bonitas, são ingredientes que deixam qualquer filme interessante. Aqui, as lutadoras são o atrativo principal. O visual e as cores deixam tudo mais leve e alegre. Pode confiar.

 



10 – A Bússola de Ouro – Filmes únicos, sem continuação, podem ser considerados um flop. É o caso de a Bússola de Ouro, adaptação do primeiro livro da série de Phillip Pullman, Fronteiras do Universo. O filme conta com uma história que busca atrair tanto crianças como adultos, de drama comovente, personagens carismáticos e excelentes efeitos especiais e visuais. Sem contar as fofuras que ajudam a quebrar a densidade da trama. A série de livros não chega a ser um Harry Potter aqui no Brasil, a história é mais complexa, cheia de fundamentos teológicos e menos gostosa de ler. Já no filme temos a gracinha Lyra Belacqua (Dakota Blue Richards) e seu amiguinho daemon (no caso dela, uma espécie de ratinho chamado Pantalaimon, que quando preciso se transforma em outros bichos, como um gato), seu amigo e companheiro de aventuras Roger Parslow (Ben Walker), cujo daemon é Salcillia, um cão de raça terrier, e a cereja do bolo, o urso polar super cuti Iorek Birnison, pois não é sempre que vemos uma fofura dessa enfiada numa armadura de guerra, dando porrada e enchendo a cara deprimido, o que faz a gente ter vontade de botar no colo e dar muito carinho. Nicole Kidman como a vilã bela e sedutora Marisa Coulter também ajuda a vender a trama, no entanto, toda essa dramaticidade não casou bem com certos elementos infantis e público e crítica estranhou a combinação. Nem o visual glacial à la Frozen foi capaz de dar ao filme uma experiência sensorial mais palatável. Mas o espectador maduro que sabe acompanhar as nuances a cada direcionamento da trama vai entender que o filme é maior do que parece. Enfim, um filme nem para crianças nem para adultos, e sim para poucos.

 

Esses são apenas alguns filmes que têm meu respeito, minha admiração, independente se são sucesso ou não. Você, espectador, busque sua opinião, não vá atrás do que as pessoas dizem. Assista e opine você mesmo. Tem tanta gente por aí detestando coisas sem nem saber porque.

sábado, 4 de dezembro de 2021

Pirata do Espaço – Anime das antigas (Texto com Spoiler)

 

Terminei de ver um anime que, apesar de ser bem antigo, até então só conhecia de nome. Foi um dos primeiros animes a passar no Clube da Criança, programa oitentista da Manchete, e ainda no tempo da Xuxa como apresentadora, mas eu ainda era um zigoto praticamente e não cheguei a aproveitar. Anos mais tarde o anime foi para a CNT junto com outros clássicos, como Macross e Don Drácula, na programação infantil noturna, um horário um tanto ingrato, e não me interessei em acompanhar.



Depois de assistir já adulto, percebo a vantagem que foi não ter conhecido a animação quando criança. Primeiramente pude experimentar, sem nostalgismo e de olhar maduro, essa animação de qualidade, de roteiro sensível e primoroso. Depois, que eu iria simplesmente desabar em lágrimas a cada drama explorado nos episódios. Sim, porque o anime é uma sofreguidão só. Sendo uma produção dos anos 70 a animação tem todas as características de produções da época, mesmo as americanas, como as da Hanna Barbera. Seus traços, cores, visual dos personagens, todos usando roupas de época e de calças tradicionais boca de sino, efeitos sonoros, e mesmo as músicas. As músicas são ótimas, remete bem ao estilo da época, tanto de abertura quanto das cenas de combate, e o curioso é que na trilha de Piratas tem até um sambão. No nosso caso a dublagem ajuda a manter a padronização, como Cleonir dos Santos (voz do Daniel Larusso, de Karatê Kid) como a voz de Jô, o mocinho principal, piloto de acrobacias que se uniria a Rita, uma gailariana em fuga, no controle do Pirata do Espaço contra a invasão do inescrupuloso exército do Império Gailar, e as famosas vozes de José Santa Cruz e do saudoso Orlando Drummond, para os vilões. Só que, diferente das produções americanas, Pirata do Espaço (Groizer X no original) carrega em sua fórmula elementos tão presentes nos animes, dos mais antigos aos atuais, como mortes, sangue e violência. Sim, muita violência. Parece que no Japão a criançada é mais familiarizada com esse tipo de coisa e as histórias dos episódios não se sustentariam sem isso tudo. A nave Pirata do Espaço comandada por Jô e Rita se converte em um super robô de combate contra os Robôs Bomba, naves de batalha comandadas pelos vilões do Império Gailar, que têm o Imperador Geldon como líder. O pai de Rita, um cientista bondoso, foi obrigado pelos seus até então companheiros a entregar o colossal Pirata do Espaço, sua maior invenção. O cientista, no entanto, se sacrifica ao enviar a filha para bem longe dos bandidos. Rita e a nave vão parar nas mãos da equipe do professor Tobishima, veterano da segunda guerra e chefe da base aérea Akane. Além de Jô, com quem passa a fazer parceria, a equipe conta também com o mecânico Ippei, o garoto Sabu e o também veterano de guerra Baku, dono do avião biplano Dragão Vermelho, fora tantos outros personagens que aparecem por durante toda a série. Como um dos mais simpáticos cito Gen, um pescador doido para ser piloto igual aos amigos da base Akane, mas que nunca conseguiu sequer levar jeito para coisa. Todos eles vão mostrando, no decorrer da série, serem dignos companheiros de Jô e Rita.




Mas nada é tão fácil para nossos heróis. Muito sacrifício precisou ser feito, muitas lágrimas derramadas, muito sangue, dor, perdas, sofrimento e raiva, muita raiva! Tudo isso pode definir a série. Confesso que me emocionei bastante em muitos episódios, e se eu tivesse visto quando criança talvez levasse anos para superar. Mas como de praxe o bem vence o mal, entre as coisas justas da série é revelado que o pai de Rita estava vivo, e o reencontro entre pai e filha foi mais que satisfatório. Bem, isso depois de Rita já ter sido adotada pelo doutor Tobishima, o que custou suor para ela decidir se aceitava ou não. Os dois retornam ao planeta Gailar afim de retomar sua vida normal após o fim da grande ameaça, mas deixam o Pirata do Espaço como mimo para Jô e a equipe do professor Tobishima. Isso significa que entre o casal protagonista não existia nada além de amizade, e honestamente prefiro o final assim, cada um para seu lado, sem deixar a impressão de que homem e mulher não podem apenas ser amigos. E como diria aquele policial do filme Velocidade Máxima, toda relação construída a partir de uma situação de estresse tende a não durar. No entanto, a despedida dos dois amigos não me comoveu, o que quase me fez chorar mesmo foi o episódio da morte de Baku.




A série como um todo é muito boa, sabe mesclar com perfeição momentos cômicos e momentos trágicos, sem deixar de lado as cenas de ação e a motivação dos personagens. É muita coisa em se tratando de animação infantil. Se você não conhece ou se viu há muito tempo, não perca a chance de aproveitar todos os episódios em canais no Youtube.




domingo, 21 de novembro de 2021

Kawaii Metal - O melhor do metal japonês

 


Dizem que o rock morreu na primeira década do século, pelo menos aqui no Brasil. Quanto ao resto do mundo eu não sei, mas talvez a situação seja a mesma, nunca mais conheci algo de relevante nesse estilo musical. Posso dizer, seguramente, que parei no tempo, minhas bandas preferidas são sempre as mesmas, de repente apenas me tornei um tiozinho desinteressado que não se impressiona com mais nada. O que foge à regra é uma novidade que não passou despercebida a meus olhos, um estilo diferenciado, produzido lá no Japão (sempre eles a ditar moda), o Kawaii Metal. Kawaii, que numa tradução literal quer dizer algo como fofinho, cute, somado com o estilo trevoso e pesado do metal forma uma combinação contraditória, com garotinhas pubescentes de vozes agudas e guitarras distorcidas e batidas nervosas, com direito a coreografias e modelitos infantis, dando impressão, a cada clipe, se tratar de umas Chiquititas da deep web. Gosto de inovação e, tendo a mente aberta, acolhi a novidade com boa vontade e me dei a chance de ouvir Baby Metal, primeira banda do gênero a se ter notícia aqui no ocidente, quem sabe essa variação do rock pesado japonês seja a reciclagem musical que estávamos precisando? Me surpreendi com algumas faixas do disco de estreia do grupo, a começar pelo principal hit Gimme Chocolate, e descobri que, de repente, nem era tão metal assim. Músicas simplesmente dançantes, ideais para correr ou malhar, outras bem chatas e caidinhas, talvez o clima sombrio de certas composições e de outras de instrumental arrastado e farofa pudesse fazer render o rótulo de metal, se bem que sou desses tantos que não se prendem a rótulos, e quem sabe por essa razão eu não classificasse Baby Metal como outro estilo além de uma genuína invenção contemporânea do rock japonês. Porém, marketing é tudo, pode ter sido fundamental para o sucesso internacional da banda se vender desse jeito.

Baby Metal, no entanto, não é mais tão novidade assim. As vocalistas (agora duas apenas, sendo que uma delas, a Yuimetal, deixou o grupo em 2018) Su-metal e Moametal já não são mais adolescentes, mas continuam a ser o lucro da banda. Se você não é fan vai saber bem pouco ou quase nada dos músicos por trás das cantoras, já que não são nem de longe tão importantes quanto elas. Recentemente o grupo lançou o disco duplo Baby Metal Budokan, de músicas ao vivo, e é bastante cultuado pelo meio otaku afora, e como vivemos tempos diferentes é bem menos hateada pela galera do metal pesado como seria antigamente. Confesso que depois do primeiro disco fui me interessando cada vez menos pela banda. O hit Awadama Fever, do segundo disco Metal Resistance, até me despertou uma atençãozinha, mas os outros trabalhos, incluindo aí músicas elogiadas pela mídia especializada, não me agradaram mais.

 




Outras bandas de Kawaii Metal

 

Pouco tempo depois de conhecer Baby Metal descobri outra banda do gênero, dessa vez bem menos dark e mais colorido e alegre, chamada Lady Baby. Também composta por um trio, mas em vez de três garotas, eram duas garotas e um homem feito, o tal de Lady Beard, sem dúvida o destaque da banda, por seu jeito próprio de dançar, se comportar e se vestir como se também fosse uma garotinha. Apesar de gigante é uma figura cute, o que destoa é seu vocal gutural que fazia toda diferença para a banda poder se denominar metal. Porém Lady Beard não ficou muito tempo, apenas o suficiente para seguir carreira com outros grupos, mantendo autonomia sobre seu nome e imagem, que, além de tudo, não era oriental e exibia excelente forma física de lutador de Luta Livre.




A saída de Ladybeard ajudou a acabar com a imagem alegre e cômica da banda, isso somada ao fim da adolescência das outras duas cantoras. Hoje o grupo conta com outras integrantes, às vezes até tentam acrescentar um vocal gutural como nos velhos tempos com Ladybeard. Acontece é que a banda acabou se tornando qualquer coisa menos Kawaii Metal, está mais para J-pop mesmo.


 




Death Rabbits (Desurabbits)

A partir de Lady Baby passei a notar certo novo padrão nas bandas Kawaii Metal; duas ou três meninas e um ´´mascote``, uma figura peculiar masculina que destoa das demais integrantes. No caso de agora, o Bucho (personagem de Akira Kanzaki, fundador da banda), um personagem obscuro com toda pinta de vilão de seriado sci-fi. Desse grupo eu amei as meninas, todas elas muito fofas, as danças parecem fazer sentido para mim, mas o aspecto dark da paleta de cores da faixa Nande (minha favorita) somado a outros elementos bizarros da banda, a começar pelo nome, deixa cada vez mais uma cara de ´´Chiquititas ao reverso``. De todas as bandas que citei essa é a menos metal. Se eu tivesse que fazer uma definição eu diria algo como... rock japonês para meninas. A própria voz de Bucho em nada tem a ver com metal, mas está sempre presente de alguma forma nas músicas, dividindo espaço com as três garotas. Um detalhe interessante é que, em se tratando de letra, é o que menos importa, dada a dificuldade e a falta de interesse para com o idioma japonês.






Kawaii Brasileiro: Tudo que faz sucesso gera imitação, portanto não era difícil imaginar que um ou outro grupo de garotas pubescentes fosse aparecer por aí aproveitando-se da onda kawaii, ainda mais numa época em que o empoderamento feminino está em alta. O difícil mesmo é reconhecer o estilo em sua sonoridade apenas, sendo o idioma japonês tão característico. Foi o que aconteceu com Três Evas, uma espécie de cosplay de baby Metal. As meninas, todas elas uma graça, insistiam a todo custo copiar a banda japonesa, seja em coreografias mal trabalhadas e no figurino saia de tule e jaquetinha fake de fantasia improvisada. O vocal das meninas até que não era ruim e o instrumental surpreendentemente era bom, difícil era imaginar como esse pessoal todo se juntou, pois diferente do kawaii metal tradicional onde se conta com profissionalismo e toda uma grande estrutura comercial, aqui no Brasil ´´roqueiros da pesada`` não se misturam com menininhas. De certo uma delas era filha de um músico, vai saber. Enfim, o grupo teve vida curta, lançou apenas três músicas e foi pouco divulgado, fazendo pequenas aparições em eventos otakus do Rio de Janeiro, sua cidade natal. Permanece até hoje como sendo a única banda brasileira de kawaii metal, mas não é difícil aceitar se pensarmos que era uma modinha adolescente e que meninas, desde sempre, crescem rápido. Faltou alguma coisa? Claro que sim, um bom empresário, mais investimento no figurino e fotos de divulgação mais caprichada. Apesar de tudo consigo achar a banda um projeto positivo. Nesssa época em que é difícil conhecer música de qualidade e os adolescentes cantam lixo como ´´... ela quer p@u, p@u ...``, encontrar cantando rock e lançando clipes em que se dispõem a entrar em rodas punk, lembrando se tratar de meninas... me parece muita coisa. E coisa boa.


Três Evas




Mas aí eu volto a outra questão; por que definir-se então como kawaii metal, se nem é metal de fato, tampouco japonês? Por que imitar os figurinos das bandas japonesas? Por que não aproveitar o momento em que as mulheres tem voz mais ativa e as meninas já não são mais tão frágeis para se lançarem no meio mais pesado do rock, usando e abusando de mensagens e simbologias, tendo o kawaii apenas como ponto de partida? Fica então a dica. Torço para que essas moças, ao olharem para o passado, tenham em mente que participaram de um projeto que poderia ter mais força do que imaginavam.

 

Conclusão: As bandas que citei foram apenas as que mais gostei, existe uma infinidade no Japão. Algumas arrisco a dizer que de metal só mesmo o nome, mas quem sou eu para desmerecer tal título? Enfim, só não digo que é uma boa variação porque poucas músicas me agradaram de fato, mas de longe é bem melhor ver os jovens curtindo essa inovação do rock japonês do que os superestimados mcs daqui. Mas se você já não é mais tão jovem, nem mesmo um otaku, vai ser difícil ouvir falar, talvez vez ou outra em canais de metal, ou mesmo por memes de Facebook. De repente você até já viu uma imagem do Lady Beard e ficou sem saber de onde veio essa figura.

quinta-feira, 11 de novembro de 2021

Xuxa – Amor Estranho Amor: Muito barulho por nada



Quando eu era moleque era normal ouvir falar que a Xuxa, a tão famosa ´´Rainha dos baixinhos``, tinha feito um filme pornográfico. Para muitos, não passava de lenda disseminada por línguas invejosas e destrutivas, lembrando que eram os anos 90, época em que vivíamos de boa sem internet e muita coisa ficava sem provas. Eu era um desses que não acreditava, achava difícil imaginar a loura se prestando a esse papel, mesmo antes da fama. O que diziam por aí é que a Rainha dos Baixinhos, depois de ter ficado famosa, tinha decidido apagar seu passado obscuro e para isso desembolsou uma grana para tirar todas as cópias do mercado do filme em que aparecia fazendo sexo com um garoto de 14 anos, mas alguns espertalhões que ainda detinham o material divulgavam por aí de maneira clandestina.

Eis que na primeira metade dos anos 2000, já com o poder da internet em mãos, finalmente pude ter acesso ao material, ao menos uma parte. Era uma cena decepcionante, longe do que diziam as línguas ferinas nos anos 90. Na cena em questão Xuxa aparecia vestida de pelúcia dentro do que parecia ser uma caixa, e um adolescente não parava de encará-la. Percebendo isso, a musa chama o garoto de maneira sedutora e inicia um diálogo no melhor estilo predador e vítima inocente. Ela explica que vai ser dada de presente para um homem muito rico e pergunta se o rapaz não estaria sentindo desejo por ela. Seduzindo-o, a Rainha oferece o seio para acariciar, e o jovem, virgem e bobo, se contenta em ficar passando a mão por sua mama. A cena se resume apenas a isso, e acredito ter sido decepcionante não só para mim, como para muita gente que estava esperando coisas mais explícitas, apesar do teor realmente pedófilo.

Só que não parou por aí. Essa cena que viralizou é um recorte muito pequeno do filme, que pode ser encontrado com facilidade pela internet afora. Trata-se de uma pornochanchada do começo dos anos 80 chamada Amor Estranho Amor, e Maria da Graça Xuxa Meneghel não é a atriz principal, e sim Vera Fischer, contando também com participações de nomes como Tarcísio Meira, Mauro Mendonça, Otávio Augusto e Rubens Ewald Filho.

Ambientada em 1937 às vésperas do golpe de estado no qual o então presidente
Getúlio Vargas institui o Estado Novo (a Terceira República Brasileira), a trama apresenta já no início o jovem Hugo (personagem de Marcelo Ribeiro) sendo deixado pela mãe aos cuidados da personagem de Vera Fischer, dona de um bordel no qual acolhe o adolescente. O então desorientado rapaz acaba se aproximando de uma prostituta do local, personagem de Xuxa Meneghel, e com ela acaba perdendo a virgindade. Quem assistiu ao filme sabe que a primeira cena divulgada é coisa pouca comparada com o que vem a seguir; o casal chega a fazer sexo de fato, claro que tudo não passa de uma encenação, nada real. A musa dos baixinhos rendeu também ótimas cenas solo, danças sensuais, e sua atuação não deixa nada a desejar entre os nomes da dramaturgia nacional que participaram do longa.

Resumo da ópera, a glamourosa Rainha dos Baixinhos apanhou bastante por anos a fio, e praticamente por nada. Não se tratava de produção pornográfica e não esteve envolvida em nenhuma ação real de pedofilia, era simplesmente mais um filme entre o gigantesco acervo da pornochanchada brasileira. Meramente uma ficção. Por que não citar os outros atores também? Por que, em outro exemplo, não colocaram na cruz Marília Pêra por ter encenado momentos libidinosos com um garoto de dez anos em Pixote, A Lei do mais Fraco? Por mais que saibamos a resposta, pois são atores há longos anos e sempre participaram de produções do gênero, não artistas de imagem vinculada às crianças, é difícil não se indignar. Existem outros filmes com a loura antes da fama de Rainha dos Baixinhos, é só procurar. Antes dos programas infantis a loura se aventurava em áreas como a da atuação, e no momento que nosso Brasil passava eram produções como essa que rendiam bom faturamento. Ela simplesmente ia aceitando os papéis que lhe eram oferecidos. Entendamos também que no ano de produção de Amor Estranho Amor a musa estava recém saindo da adolescência. Por pouco era uma baixinha também.



domingo, 7 de novembro de 2021

Esse Filme é Para Criancinha


Tem uma frase que me irrita toda vez que escuto depois de criticar uma animação ou o final de um filme infantil; ´´Esse filme é para criancinha``. A pessoa que diz isso simplesmente justifica o fato de o produto ser uma total porcaria simplesmente por ter sido direcionado ao público infantil. Como se crianças precisassem gostar de coisas idiotas ou fossem elas mesmas idiotas. O Indivíduo que subestima as crianças, ou não teve infância ou não lembra mais dela, ou pior, acredita que a geração atual é de pessoas de menor inteligência, o que culminaria em um futuro não muito próspero para a humanidade, afinal, a criança de hoje é o adulto de amanhã. Você consegue se lembrar de quando era pequeno, os programas que gostava de assistir e os heróis que queria ser? E agora eu pergunto, você diria que hoje, ao revisitar essas criações, são coisas idiotas, fúteis ou sem conteúdo? Pois eu diria que não, o que consumimos na infância e que tanto contribuiu para nossa maturidade como indivíduos, moldando nosso caráter e nos influenciando em atitudes positivas não merece ser considerado como tal. Claro que se você for uma pessoa do bem.

Fator nostalgia: ver com olhos adultos algo que tanto o encantou na infância é complexo. Pode não parecer mais tão fascinante assim, provavelmente não vai mexer com você da mesma maneira. Acredite, isso acontece. Mas isso não quer dizer que você vá negar toda a importância histórica para sua vida, o ser humano é sensível e fiel às suas boas experiências, não fosse assim, deveríamos nos preocupar. Devemos nos atentar a que, enquanto adultos, enxergamos nuances que não percebíamos quando crianças. Mesmo assim, não podemos nos deixar cegar pela nostalgia a ponto de considerarmos obras atuais sem o seu devido mérito para conquistar novas gerações, pois daí vem o preconceito e o descaso, o que leva a achar tudo inferior. Mas será que, com toda sinceridade, as obras atuais infantis no campo da animação, cinema e outras mídias têm tanta profundidade como, por exemplo, filmes como O Mágico de Oz e A Fantástica Fábrica de Chocolate, repletos de mensagens boas e lições de moral, sem deixar de ser bem divertidos? É o tipo de produção que reúne pais e filhos, os chamados ´´filmes família`` que faz questão de lembrar que todos nós fomos ou somos crianças, rendendo bons assuntos mesmo entre pais e filhos e mestres e alunos. Que não envelhece nunca, e se formos espertos devemos temer a ´´reciclagem`` desse material.




Por essa razão é triste e preocupante ver com o olhar de um adulto que teve o privilégio de conhecer boas produções de entretenimento, obras vazias, sem mensagens, super estimadas pelo poder de viralização e de produções baratas, feitas por estúdios caça-níquel. Pode ser divertido para uma criança, mas a longo prazo nada ou muito pouco têm a oferecer, adulto que somos percebemos isso. Só querem lucrar com seu filho, fazendo muito pouco. É triste, mas estamos em uma geração que lê pouco, o que impera são jogos eletrônicos cada vez menores nas mãos de crianças de concentração de peixinhos dourados, que chegam na adolescência cada vez mais cedo e saem cada vez mais tarde. Videogames que nem precisa ser o mesmo que estávamos acostumados décadas atrás, pois qualquer aplicativo simplório cumpre essa função. O que então fornecer a essas crianças e lucrar com elas? É o que pensa as grandes corporações.

Antes, a produção de qualquer material infantil não podia ser idealizada por uma pessoa qualquer, e sim por artistas de verdade, que conheciam bem esse universo. Será que um dia teremos novos autores que representam pessoas de diferentes idades, como Ziraldo, e autores de obras atemporais como um Monteiro Lobato? Ou ao menos obras que acompanham o processo evolutivo de uma pessoa desde a tenra idade, tornando-se assim um entretenimento inteligente para toda a família? O que vemos por aí são sempre os mesmos, e com isso eles são cada vez mais importantes, pois são tudo que temos.

A triste conclusão que tenho é que dispomos de boas opções limitadas para os pequenos. De resto, temos aos montes. Tentar se ajustar ao que hoje é tendência é desonroso artisticamente, como o que faz Maurício de Souza, personalidade importantíssima para a cultura de nosso país, com sua tendenciosa série de gibis Turma da Mônica Jovem. Mas, como é o dinheiro que move o mundo, é mais que compreensível.


quinta-feira, 4 de novembro de 2021

Rio de Nojeira – O melhor canal de pivetes do Youtube

 


Quem é carioca ou já morou no Rio de Janeiro sabe que a vida por lá não é exatamente fácil. No Centro da cidade quem não é esperto fica à mercê de pivetes (trombadinhas, se não estiver por dentro da gíria local), que são bons de fuga e não perdem a chance de tirar vantagem. Pensando nisso um morador local, da janela do prédio onde mora ou trabalha, faz vídeo em forma de denúncia para as autoridades, o governador do estado ou para quem quer que seja que possa vir a tomar uma providência, ou mesmo alertar as pessoas das ações da delinquência dos moradores de rua. É um problema social, óbvio, o buraco é mais embaixo e soluções precisam ser encontradas, com certeza não é tão simples como gostaríamos, mas é preciso divulgar as ações desses menores, evitando assim grandes problemas. São situações tristes, deploráveis, algumas provocam muita revolta, coisas como furtos, roubos, assaltos, uso de drogas ilícitas, ameaças, perturbação da paz, delitos, situações insalubres e mesmo brigas entre eles, tudo isso postado no canal oficial Rio de Nojeira, que faz uso de trocadilho entre o nome da cidade e as situações que revelam a podridão de parte dela. O canal está tanto tempo captando flagrantes que os moradores de rua até já sabem onde fica a janela onde o youtuber  costuma gravar, não é difícil encontrar imagens de eles olhando debochando e fazendo ameaças para a câmera, por essa razão o youtuber costuma, como forma de segurança, gravar usando uma máscara do serial killer do filme Pânico, ocultando sua identidade.

O canal já foi deletado algumas vezes, ressurgiu e foram criadas várias outras cópias de outros usuários, utilizando o mesmo nome, mas no fim isso acaba não importando para nós espectadores, pois os arquivos costumam serem sempre os mesmos, os vídeos viralizam e nunca se perdem com o tempo, inclusive sempre aparece um novo que infelizmente vem a provar que o tempo nada resolve. Como nós brasileiros costumamos levar tudo na brincadeira, esses vídeos não tardam a se tornar memes ou montagens engraçadas, como abertura de animes e versões de jogos de videogame, tudo acompanhado de trilhas sonoras engraçadas e familiares aos usuários do Youtube, que conseguem até arrancar boas risadas.

Sabemos que os vídeos ainda vão se espalhar muito por aí, como forma de comédia ou protesto, outras pessoas vão querer seguir a fórmula do canal e podemos achar tudo ok. O problema mesmo é se tudo não vai passar de uma grande piada e se perder o propósito de denúncia social, o que infelizmente é o mais provável de acontecer.










segunda-feira, 18 de outubro de 2021

Turma da Mônica - Lições (O segundo filme da turminha)

 


Desde sempre a turminha criada por Maurício de Souza nos devia um filme em sua versão live action, embora muitos torcessem o nariz. Mesmo os mais otimistas temiam pela descaracterização da turma dos gibis. Acabou que Turma da Mônica: Laços (2019, Daniel Rezende) foi bem recebido por grande parte de crítica e público, projeto até então grandioso, inédito, e o que é melhor, ainda na era de seu criador. A história é baseada na graphic novel homônima de Vitor e Lu Cafaggi, e tudo é bem fiel à turminha, a história, as confusões, e os personagens, mesmo alguns secundários, foram lembrados. O filme teve direito até a Maurício de Souza fazendo uma ponta bem ao estilo Stan Lee. Contudo, um só filme é pouco e nos deixou um gostinho de quero mais. Torcíamos, na verdade, por uma trilogia, consigo até imaginar todo um universo cinematográfico com os personagens, como o MCU mesmo. As sequencias não deveriam demorar sendo que crianças crescem rápido e seria, para mim e para muitos, inadmissível a troca dos atores principais. É até preferível que apareçam espichados entre um filme e outro, cheios de espinha na cara, engrossando a voz e começando a evidenciar pelos pelo corpo, tal como aconteceu com Stranger Things. Por essa razão que não consegui imaginar mais que três filmes. 

Recentemente tomei conhecimento de uma continuação; Lições, e fiquei entusiasmado ao assistir o trailer apresentando versões de carne e osso de personagens que faltaram em Laços. Contudo, não acho que o filme possa ser perfeito. Se o primeiro tinha todo sabor de fan servisse e cumpria a função de apresentar a Turma da Mônica em uma versão diferente para várias gerações, que poderia se sustentar por si só, o segundo vem com a promessa de completar a história, fechando o arco e apresentando o que ficou de fora. Já deu para ver que o novo filme vai tratar de questões como maturidade, fim da infância e chegada à adolescência. Não pareceu que caberia outra história depois dessa, não com a mesma turminha. Teríamos então, quem sabe, um filme com a Turma da Mônica jovem? Sinceramente, prefiro nem pensar nisso.

Bem, então devemos aproveitar Turma da Mônica: Lições sem pensar em nada mais, sendo essa uma sequência bônus. Embora preferisse um filme descompromissado sem lições e sem questões profundas, só com a turminha em situações próximas às dos gibis, é inegável que o capricho precisa ser maior em produção com atores de verdade. Mas tudo bem. Só de pensar em assistir um segundo filme da turminha que há mais de 30 anos jamais imaginaria ver em uma única versão realista, é coisa demais para se contentar. E se mesmo assim o gostinho de quero mais persistir é só lembrar que o universo dos personagens de Maurício de Souza é gigantesco, o que não vai faltar é histórias de personagens para adaptar.




 

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

O que dizer de colecionadores que não tiram os brinquedos das cartelas?

 


Desde sempre me sinto incomodado com uma mania que atinge grande parte dos colecionadores, sobretudo os de brinquedos, o fato de não tirar o produto, no caso brinquedo/ boneco, da caixa/ cartela, principalmente os mais antigos, os mais raros, os que custam uma grana. Segundo se diz, o produto perderia o valor uma vez retirado da embalagem, além do que, no caso daqueles que revendem ou trocam seus itens, o prejuízo seria considerável. Nesse caso seria até mais compreensível, mas a verdade é que mesmo aqueles que jamais abririam mão de seus itens de coleção costumam ostentar seus artigos em suas respectivas embalagens. Cada qual tem seu gosto de colecionar, mas juro não conseguir entender como é ter preciosidades embaladas, sem poder mostrar, sem poder ver direito, envoltas em plático e papelão. Nada como a sensação de sentir nas mãos um brinquedo raro, manusear, sentir o cheiro de plástico, a consistência, mexer em suas articulações, definir poses e variar o modo de como expor em sua prateleira. A embalagem não permite que contemplemos o produto, as caixas de papelão não permitem provar  que o colecionador detêm de fato o produto que a mesma estampa, fica parecendo um engodo, o ideal seria, se quiser guardar a embalagem, a deixar exposta estratégicamente atrás do produto. O pior mesmo é saber que tem gente que costuma pagar uma nota alta com embalagens vazias, mas como dito antes, gosto é gosto.

Ainda bem que não é regra, e existem muitos colecionadores que expõem sua coleção para apreciadores em páginas e canais de internet fora da caixa, com a preocupação de não deixar seus nichos parecerem paredes de lojas de brinquedos. Muita gente como eu chega a sentir uma coceirinha nos dedos só de pensar em abrir cada embalagem daquelas para ver como o brinquedo se apresenta de fato. Então, uma dica que dou aos colecionadores, de brinquedos antigos aos novos, dos fakes aos originais, é que se permitam sentir o prazer de sentir em mãos aquela peça que conquistou, que estava só esperando que você a arrematasse como dono, independente do tempo que passou. Consegue sentir o quanto isso pode ser encantador? Relações utópicas a gente tem só em nossas mentes, não com bens tangíveis. Não se torture, meu amigo.