sábado, 4 de dezembro de 2021

Pirata do Espaço – Anime das antigas (Texto com Spoiler)

 

Terminei de ver um anime que, apesar de ser bem antigo, até então só conhecia de nome. Foi um dos primeiros animes a passar no Clube da Criança, programa oitentista da Manchete, e ainda no tempo da Xuxa como apresentadora, mas eu ainda era um zigoto praticamente e não cheguei a aproveitar. Anos mais tarde o anime foi para a CNT junto com outros clássicos, como Macross e Don Drácula, na programação infantil noturna, um horário um tanto ingrato, e não me interessei em acompanhar.



Depois de assistir já adulto, percebo a vantagem que foi não ter conhecido a animação quando criança. Primeiramente pude experimentar, sem nostalgismo e de olhar maduro, essa animação de qualidade, de roteiro sensível e primoroso. Depois, que eu iria simplesmente desabar em lágrimas a cada drama explorado nos episódios. Sim, porque o anime é uma sofreguidão só. Sendo uma produção dos anos 70 a animação tem todas as características de produções da época, mesmo as americanas, como as da Hanna Barbera. Seus traços, cores, visual dos personagens, todos usando roupas de época e de calças tradicionais boca de sino, efeitos sonoros, e mesmo as músicas. As músicas são ótimas, remete bem ao estilo da época, tanto de abertura quanto das cenas de combate, e o curioso é que na trilha de Piratas tem até um sambão. No nosso caso a dublagem ajuda a manter a padronização, como Cleonir dos Santos (voz do Daniel Larusso, de Karatê Kid) como a voz de Jô, o mocinho principal, piloto de acrobacias que se uniria a Rita, uma gailariana em fuga, no controle do Pirata do Espaço contra a invasão do inescrupuloso exército do Império Gailar, e as famosas vozes de José Santa Cruz e do saudoso Orlando Drummond, para os vilões. Só que, diferente das produções americanas, Pirata do Espaço (Groizer X no original) carrega em sua fórmula elementos tão presentes nos animes, dos mais antigos aos atuais, como mortes, sangue e violência. Sim, muita violência. Parece que no Japão a criançada é mais familiarizada com esse tipo de coisa e as histórias dos episódios não se sustentariam sem isso tudo. A nave Pirata do Espaço comandada por Jô e Rita se converte em um super robô de combate contra os Robôs Bomba, naves de batalha comandadas pelos vilões do Império Gailar, que têm o Imperador Geldon como líder. O pai de Rita, um cientista bondoso, foi obrigado pelos seus até então companheiros a entregar o colossal Pirata do Espaço, sua maior invenção. O cientista, no entanto, se sacrifica ao enviar a filha para bem longe dos bandidos. Rita e a nave vão parar nas mãos da equipe do professor Tobishima, veterano da segunda guerra e chefe da base aérea Akane. Além de Jô, com quem passa a fazer parceria, a equipe conta também com o mecânico Ippei, o garoto Sabu e o também veterano de guerra Baku, dono do avião biplano Dragão Vermelho, fora tantos outros personagens que aparecem por durante toda a série. Como um dos mais simpáticos cito Gen, um pescador doido para ser piloto igual aos amigos da base Akane, mas que nunca conseguiu sequer levar jeito para coisa. Todos eles vão mostrando, no decorrer da série, serem dignos companheiros de Jô e Rita.




Mas nada é tão fácil para nossos heróis. Muito sacrifício precisou ser feito, muitas lágrimas derramadas, muito sangue, dor, perdas, sofrimento e raiva, muita raiva! Tudo isso pode definir a série. Confesso que me emocionei bastante em muitos episódios, e se eu tivesse visto quando criança talvez levasse anos para superar. Mas como de praxe o bem vence o mal, entre as coisas justas da série é revelado que o pai de Rita estava vivo, e o reencontro entre pai e filha foi mais que satisfatório. Bem, isso depois de Rita já ter sido adotada pelo doutor Tobishima, o que custou suor para ela decidir se aceitava ou não. Os dois retornam ao planeta Gailar afim de retomar sua vida normal após o fim da grande ameaça, mas deixam o Pirata do Espaço como mimo para Jô e a equipe do professor Tobishima. Isso significa que entre o casal protagonista não existia nada além de amizade, e honestamente prefiro o final assim, cada um para seu lado, sem deixar a impressão de que homem e mulher não podem apenas ser amigos. E como diria aquele policial do filme Velocidade Máxima, toda relação construída a partir de uma situação de estresse tende a não durar. No entanto, a despedida dos dois amigos não me comoveu, o que quase me fez chorar mesmo foi o episódio da morte de Baku.




A série como um todo é muito boa, sabe mesclar com perfeição momentos cômicos e momentos trágicos, sem deixar de lado as cenas de ação e a motivação dos personagens. É muita coisa em se tratando de animação infantil. Se você não conhece ou se viu há muito tempo, não perca a chance de aproveitar todos os episódios em canais no Youtube.




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