Wendell Bezerra |
Carlos Seidl |
Eu era um dos que
achavam que dublagem só ficava boa em animação, que descaracterizava os
personagens de um filme tradicional, que era um insulto à atuação dos atores,
que infantilizava as produções dando um ar de ´´Sessão da tarde`` para qualquer
filme que fosse. Hoje, dada a dificuldade de se assistir a um bom filme em seu
idioma nacional, de encontrar legendas bem traduzidas e bem sincronizadas,
aprendi a acolher bem a dublagem brasileira, que aliás, é considerada a melhor
do mundo, sem exageros, seja da Dublavídeo, Eclipse, Centauro, Rio Art, MGE,
entre tantas outros estúdios de dublagem. Se pegarmos, por exemplo, seriados
como Chaves ou qualquer outra produção de comédia, enlatado, sitcom, e
compararmos as vozes originais com nossas dublagens, veremos que a versão BR é
mais gostosa de se ouvir. Mesmo os seriados mais adultos, tendo as vozes
escolhidas especialmente para cada personagem, torna sua narrativa de melhor
assimilação para aquele que a acompanha, onde fica mais fácil se identificar
com cada personalidade que nossas vozes imprimem. Tudo bem, pode não aparecer
algo tão puro que um amante da sétima arte possa dar o braço a torcer, há quem
faça questão da acessibilidade ao material original, sentir o regionalismo de
cada produção, e, se compreender bem o idioma, comparar com as traduções das
legendas. Mas se você assiste seus filmes acompanhados ou quer apresentar algo
novo/ diferente, a versão dublada é sempre a melhor opção.
Existe também o pessoal
que pensa o contrário, de tão acostumado a ver os programas da infância
dublados, acha um pesadelo a versão original, e os mais radicais conseguem
criticar até mesmo aqueles que querem apenas matar a curiosidade de ver ao
menos um trechinho de fala da versão original. São os chamados ´´puristas da
versão BR``. Na maioria dos casos se tratando de animação ou programas
infantis. Mesmo as vozes sendo sempre as mesmas, afinal, você já deve ter visto
uma centena de filmes com as vozes de Orlando Drummond, Cecília Lemes, José
Santa Cruz, Carlos Seidl, Hermes Baróli, Mário Vilela, Nelson Machado, Mário
Jorge Andrade, Maria Helena Pader, Isaac Bardavid, Alexandre Marconatto, Wendell
Bezerra, Manolo Rey, Felipe Grinnan, Francisco Brêtas, entre tantos grandes
nomes. Infelizmente, muitos que emprestaram suas vozes para personagens que
tanto nos marcaram não estão mais entre nós, mas seu legado é tão extenso que
você ainda vai ouvir suas vozes em muitos filmes que ainda não viu.
Dublagens
de seriados: Ao contrário do que muita gente possa
pensar, o dublador não se restringe a um tipo específico de personagem, não
escolhem o que dublar e tampouco assistem um pedaço da cena que vão fazer, pois
o tempo de estúdio é corrido. Eles ganham por hora e fazem muita coisa por
semana. Séries de diferentes gêneros contam com suas participações, e o
dublador, talentoso como deve ser, consegue mudar seu tom de voz para cada
personagem, seja ele herói, vilão, coadjuvantes, personagens cômicos, etc.
Ouvidos menos atentos às vezes nem consegue ligar a voz a seu dublador. O
dublador, no entanto, precisa ser ator por formação e, vamos ser francos, é um
trabalho bem mais rico que o de atuação, por oferecer condição de maior
versatilidade. O artista não precisa acompanhar o tipo físico de seus
personagens e, para mim o ponto mais positivo, pode gravar vestido de qualquer
jeito, mesmo mal arrumado, pela correria do dia dia.
Vale a pena assistir a filmes dublados hoje em dia? Minha resposta é sim. Mesmo que atualmente tenhamos poucos bons dubladores, o fato de fazerem as vozes de personagens importantes para a cultura pop mundial por décadas a fio, nos torna cada vez mais próximos, familiarizados com todo esse universo. A intimidade que passamos a ter com seus personagens, que falam como a gente, pensam como nós, é algo realmente grandioso. Para nós, todos esses personagens tem vidas, já deixaram de ser propriedades artísticas há muito tempo. E graças a nossos dubladores! Só não sou a favor de redublagem de clássicos que já estavam consolidados em nossa memória em sua primeira versão.
Manolo Rey |
Nelson Machado |
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