Nem todos os desenhos, por mais que sejam bons, são lembrados por gerações. É o caso da animação do Homem Aranha da segunda metade dos anos 90, produzida pela já extinta Marvel Films Animation. O Aranha já teve outras animações, mas sem dúvida essa é a mais injustiçada de todas, que embora tenha feito sucesso em seu país de origem, rendendo a sequencia Ação Sem Limites, essa sim um caça níquel merecidamente flopado, já não é mais lembrada em nossa terra, menos ainda revisitada, diferente do que acontece com a animação do Bat Man da Warner Bross Animation. Difícil imaginar o porquê, o roteiro é bem elaborado para uma animação infantil, os personagens são fiéis às outras mídias, e a série toda foi supervisionada pelo próprio Stan Lee. O que consola é saber que o Aranha é um personagem ativo, bastante explorado em outras produções, e para a geração atual, que de certo não ouviu falar muito dessa animação, ao assisti-la vai ter a sensação de descobrir um produto genuinamente novo do herói. Vamos aos pontos que fazem a série se tornar especial para uns e esquecível para tantos outros:
Vilões: É curioso ver o rei do Crime como o principal vilão do amigão da vizinhança, sendo que na verdade ele é o principal vilão do Demolidor, mas a gente acostuma. Chamava minha atenção a maneira como inseriam esse personagem ´´tão realista e fácil de existir`` (na vida real mesmo, temos vários Reis do Crime) em um ambiente tão fictício dominado por vilões e equipamentos fantasiosos. Seus aliados e capangas fixos realmente são interessantes, como seu filho Richard Fisk, Smythe e Herbert Landon. Aqui Wilson Fisk é uma espécie de cientista sofisticado do Queens, diferente do criminoso gran fino da Cozinha do Inferno que conhecíamos melhor. Mas é claro que na série também existe a Oscorp e outros super vilões, fazendo ou não aliança com Fisk. Dos vilões mais conhecidos senti falta apenas do Homem Areia e Chacal. Até mesmo o Sexteto Sinistro aparece, porém com nome e formação diferente. É apresentado como Os Seis Traiçoeiros, formada por Doutor Octopus, Rhino, Mystério, Escorpião, Shocker e Camaleão. Apenas Dr Octopus e Mystério pertencem à conhecida formação. Tudo levava a crer que Electro, Kraven, o Caçador, Abutre e Homem Areia ficariam de fora do desenho, mas, com exceção desse último, eles aparecem, mas em contextos e momentos diferentes, nada que não seja pequenas alterações que qualquer adaptação costuma fazer. Contudo, uns inimigos tem destaque demais e outros de menos, e o pior é que nem sempre é merecido. Também me incomodou a origem de alguns e de certas ordens de aparição, como por exemplo, Duende Macabro aparecendo antes do Duende Verde, e o alter ego de Norman Osborn sendo tratado por um sub produto de Kingsley, quando todos sabemos que foi o contrário. Mesmo assim foi bom vermos Duende Verde em ação e o desdobramento de seu drama, envolvendo o legado imposto a seu filho Harry, com direito a todas aquelas confusões mentais que acometem o jovem, como já visto em outras mídias. Hydroman, vilão pouco conhecido, teve um destaque um pouco aquém do merecido, mas foi o responsável por um arco importante, a trama do clone da Mary Jane, outra grande saga dos quadrinhos, que mesmo sendo considerada confusa para alguns leitores, na animação foi bem adaptada e de fácil compreensão, eu particularmente vibrei com os poderes que Mary Jane ganhou. Mas os que mais me surpreenderam positivamente foram Mystério, Mancha e Morbius, que em minha modesta opinião tiveram participações cruciais para que a animação merecesse ser lembrada e amada. Vale uma menção honrosa também para o Caveira Vermelha, mesmo não sendo pertencente do universo do Aranha, pois além de ter sido bem retratado, foi capaz de incomodar o Capitão América pela simples sugestão de sua presença.