quinta-feira, 11 de novembro de 2021

Xuxa – Amor Estranho Amor: Muito barulho por nada



Quando eu era moleque era normal ouvir falar que a Xuxa, a tão famosa ´´Rainha dos baixinhos``, tinha feito um filme pornográfico. Para muitos, não passava de lenda disseminada por línguas invejosas e destrutivas, lembrando que eram os anos 90, época em que vivíamos de boa sem internet e muita coisa ficava sem provas. Eu era um desses que não acreditava, achava difícil imaginar a loura se prestando a esse papel, mesmo antes da fama. O que diziam por aí é que a Rainha dos Baixinhos, depois de ter ficado famosa, tinha decidido apagar seu passado obscuro e para isso desembolsou uma grana para tirar todas as cópias do mercado do filme em que aparecia fazendo sexo com um garoto de 14 anos, mas alguns espertalhões que ainda detinham o material divulgavam por aí de maneira clandestina.

Eis que na primeira metade dos anos 2000, já com o poder da internet em mãos, finalmente pude ter acesso ao material, ao menos uma parte. Era uma cena decepcionante, longe do que diziam as línguas ferinas nos anos 90. Na cena em questão Xuxa aparecia vestida de pelúcia dentro do que parecia ser uma caixa, e um adolescente não parava de encará-la. Percebendo isso, a musa chama o garoto de maneira sedutora e inicia um diálogo no melhor estilo predador e vítima inocente. Ela explica que vai ser dada de presente para um homem muito rico e pergunta se o rapaz não estaria sentindo desejo por ela. Seduzindo-o, a Rainha oferece o seio para acariciar, e o jovem, virgem e bobo, se contenta em ficar passando a mão por sua mama. A cena se resume apenas a isso, e acredito ter sido decepcionante não só para mim, como para muita gente que estava esperando coisas mais explícitas, apesar do teor realmente pedófilo.

Só que não parou por aí. Essa cena que viralizou é um recorte muito pequeno do filme, que pode ser encontrado com facilidade pela internet afora. Trata-se de uma pornochanchada do começo dos anos 80 chamada Amor Estranho Amor, e Maria da Graça Xuxa Meneghel não é a atriz principal, e sim Vera Fischer, contando também com participações de nomes como Tarcísio Meira, Mauro Mendonça, Otávio Augusto e Rubens Ewald Filho.

Ambientada em 1937 às vésperas do golpe de estado no qual o então presidente
Getúlio Vargas institui o Estado Novo (a Terceira República Brasileira), a trama apresenta já no início o jovem Hugo (personagem de Marcelo Ribeiro) sendo deixado pela mãe aos cuidados da personagem de Vera Fischer, dona de um bordel no qual acolhe o adolescente. O então desorientado rapaz acaba se aproximando de uma prostituta do local, personagem de Xuxa Meneghel, e com ela acaba perdendo a virgindade. Quem assistiu ao filme sabe que a primeira cena divulgada é coisa pouca comparada com o que vem a seguir; o casal chega a fazer sexo de fato, claro que tudo não passa de uma encenação, nada real. A musa dos baixinhos rendeu também ótimas cenas solo, danças sensuais, e sua atuação não deixa nada a desejar entre os nomes da dramaturgia nacional que participaram do longa.

Resumo da ópera, a glamourosa Rainha dos Baixinhos apanhou bastante por anos a fio, e praticamente por nada. Não se tratava de produção pornográfica e não esteve envolvida em nenhuma ação real de pedofilia, era simplesmente mais um filme entre o gigantesco acervo da pornochanchada brasileira. Meramente uma ficção. Por que não citar os outros atores também? Por que, em outro exemplo, não colocaram na cruz Marília Pêra por ter encenado momentos libidinosos com um garoto de dez anos em Pixote, A Lei do mais Fraco? Por mais que saibamos a resposta, pois são atores há longos anos e sempre participaram de produções do gênero, não artistas de imagem vinculada às crianças, é difícil não se indignar. Existem outros filmes com a loura antes da fama de Rainha dos Baixinhos, é só procurar. Antes dos programas infantis a loura se aventurava em áreas como a da atuação, e no momento que nosso Brasil passava eram produções como essa que rendiam bom faturamento. Ela simplesmente ia aceitando os papéis que lhe eram oferecidos. Entendamos também que no ano de produção de Amor Estranho Amor a musa estava recém saindo da adolescência. Por pouco era uma baixinha também.



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