domingo, 7 de novembro de 2021

Esse Filme é Para Criancinha


Tem uma frase que me irrita toda vez que escuto depois de criticar uma animação ou o final de um filme infantil; ´´Esse filme é para criancinha``. A pessoa que diz isso simplesmente justifica o fato de o produto ser uma total porcaria simplesmente por ter sido direcionado ao público infantil. Como se crianças precisassem gostar de coisas idiotas ou fossem elas mesmas idiotas. O Indivíduo que subestima as crianças, ou não teve infância ou não lembra mais dela, ou pior, acredita que a geração atual é de pessoas de menor inteligência, o que culminaria em um futuro não muito próspero para a humanidade, afinal, a criança de hoje é o adulto de amanhã. Você consegue se lembrar de quando era pequeno, os programas que gostava de assistir e os heróis que queria ser? E agora eu pergunto, você diria que hoje, ao revisitar essas criações, são coisas idiotas, fúteis ou sem conteúdo? Pois eu diria que não, o que consumimos na infância e que tanto contribuiu para nossa maturidade como indivíduos, moldando nosso caráter e nos influenciando em atitudes positivas não merece ser considerado como tal. Claro que se você for uma pessoa do bem.

Fator nostalgia: ver com olhos adultos algo que tanto o encantou na infância é complexo. Pode não parecer mais tão fascinante assim, provavelmente não vai mexer com você da mesma maneira. Acredite, isso acontece. Mas isso não quer dizer que você vá negar toda a importância histórica para sua vida, o ser humano é sensível e fiel às suas boas experiências, não fosse assim, deveríamos nos preocupar. Devemos nos atentar a que, enquanto adultos, enxergamos nuances que não percebíamos quando crianças. Mesmo assim, não podemos nos deixar cegar pela nostalgia a ponto de considerarmos obras atuais sem o seu devido mérito para conquistar novas gerações, pois daí vem o preconceito e o descaso, o que leva a achar tudo inferior. Mas será que, com toda sinceridade, as obras atuais infantis no campo da animação, cinema e outras mídias têm tanta profundidade como, por exemplo, filmes como O Mágico de Oz e A Fantástica Fábrica de Chocolate, repletos de mensagens boas e lições de moral, sem deixar de ser bem divertidos? É o tipo de produção que reúne pais e filhos, os chamados ´´filmes família`` que faz questão de lembrar que todos nós fomos ou somos crianças, rendendo bons assuntos mesmo entre pais e filhos e mestres e alunos. Que não envelhece nunca, e se formos espertos devemos temer a ´´reciclagem`` desse material.




Por essa razão é triste e preocupante ver com o olhar de um adulto que teve o privilégio de conhecer boas produções de entretenimento, obras vazias, sem mensagens, super estimadas pelo poder de viralização e de produções baratas, feitas por estúdios caça-níquel. Pode ser divertido para uma criança, mas a longo prazo nada ou muito pouco têm a oferecer, adulto que somos percebemos isso. Só querem lucrar com seu filho, fazendo muito pouco. É triste, mas estamos em uma geração que lê pouco, o que impera são jogos eletrônicos cada vez menores nas mãos de crianças de concentração de peixinhos dourados, que chegam na adolescência cada vez mais cedo e saem cada vez mais tarde. Videogames que nem precisa ser o mesmo que estávamos acostumados décadas atrás, pois qualquer aplicativo simplório cumpre essa função. O que então fornecer a essas crianças e lucrar com elas? É o que pensa as grandes corporações.

Antes, a produção de qualquer material infantil não podia ser idealizada por uma pessoa qualquer, e sim por artistas de verdade, que conheciam bem esse universo. Será que um dia teremos novos autores que representam pessoas de diferentes idades, como Ziraldo, e autores de obras atemporais como um Monteiro Lobato? Ou ao menos obras que acompanham o processo evolutivo de uma pessoa desde a tenra idade, tornando-se assim um entretenimento inteligente para toda a família? O que vemos por aí são sempre os mesmos, e com isso eles são cada vez mais importantes, pois são tudo que temos.

A triste conclusão que tenho é que dispomos de boas opções limitadas para os pequenos. De resto, temos aos montes. Tentar se ajustar ao que hoje é tendência é desonroso artisticamente, como o que faz Maurício de Souza, personalidade importantíssima para a cultura de nosso país, com sua tendenciosa série de gibis Turma da Mônica Jovem. Mas, como é o dinheiro que move o mundo, é mais que compreensível.


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