quarta-feira, 10 de junho de 2020


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Desde sempre a gente é acostumado a ouvir que jovens leem muito pouco. E isso numa época onde não se existia internet e não nos era oferecido diversos tipos de entretenimentos, que cabem até na palma de nossa mão. Quase sempre a questão se resumia aos livros, já que gibis eram mais fáceis de serem aceitos. O que me pergunto é; será que hoje em dia o jovem continua lendo pouco?
Pois bem, vamos pensar o seguinte... hoje o jovem é totalmente habituado ao mundo digital, livro de papel seria alguma coisa como um certo tipo de ´´luxo``, afinal, é o modelo clássico de leitura. Para mim, nenhum tablet, kindle ou celular vai substituir a leitura tradicional, de folhear página por página, e se o livro for novo, sentir aquele cheiro de papel novinho, as páginas branquinhas, ou mesmo as folhas amareladas, dando certo ar de importância histórica para a leitura. Sem contar a percepção do quanto já foi lido e o quanto ainda falta para chegar ao final e trocar por outro, sentir o peso, saber o tempo que vamos precisar para terminá-lo só pela grossura. E isso não é coisa de quem está ficando velho, o livro tradicional é mais seguro, não dependente da energia elétrica, de dispositivos eletrônicos, e não faz tanto mal à vista além dos problemas que já conhecemos, pois tudo fica mais tortuoso se observado através de uma tela de led. Não danifica facilmente, se molhar pode secar, podemos levar para qualquer lugar sem medo de sermos roubados, e tudo que precisamos para ler, além do livro, é de um lugar de boa ou razoável iluminação. Hoje em dia, tal como qualquer outra coisa, é fácil encontrar para baixar de graça vários títulos para ler em pdf, há inclusive mercado digital para isso. A dúvida é se o jovem está habituado, ou mesmo interessado, a procurar por tal material. Tanta coisa por aí que chama sua atenção, que a leitura, mesmo em sua forma moderna, acaba sendo uma coisa ultrapassada. Não acho que a leitura por meios digitais deva substituir a leitura de livros, mas já seria de grande valia para uma geração instruída. Se bem que o jovem busca hoje outras formas de se instruir, como vídeos no Youtube, aqueles que procuram bem. A literatura provavelmente vai se manter apenas para casos de alfabetização, entendimento de textos, legendas, e essas coisas. Preocupações gramaticais, de concordância textual, vai ser por muito tempo um pesadelo, pois ninguém aprende a maneira certa de escrever lendo textos de facebook, por exemplo. Isso não nos deixa esquecer outra preocupação antiga, a preocupação quanto a caligrafia, pois é cada vez mais difícil alguém, mesmo os adultos, escrever de maneira raiz (mão, caneta e papel). Crianças de hoje já aprendem a escrever com ´´letra de máquina`` (discursivas). Se isso é bom para o meio ambiente, não sabemos. Ainda consumimos muita energia elétrica, petróleo, plástico, metal e outros componentes químicos para essas questões do dia a dia.
Bem, e quanto aos gibis? O jovem de hoje ainda lê gibi? Meu palpite é que não tanto como antes. Se não for moda, se não for comentado nas redes sociais, se não for um mangá lido por um número aleatório e comprado em poucas edições enquanto a moda durar, não vai haver interesse. Não existe mais nada novo nas bancas, um herói novo, personagem novo, uma aventura que valha a pena acompanhar. Não há lançamento, mesmo porque sempre vai haver o discurso de que pode ser possível fazer download de scans em um link futuro. No máximo, relançamento de quadrinhos de personagens antigos, buscando atingir as gerações passadas que acompanharam tal título. Quanto a outras revistas, nem tem muito que falar. Tudo que ali se trata pode ser encontrado na internet mesmo. Somos abastecidos com tanta série, tanto filme, tanta adaptação de heróis para as telas, que não precisamos mais ler nenhum gibi do Homem Aranha para conhecer e acompanhar as histórias do personagem, a UCM já nos fornece tudo de bandeja. Quanto aos gibis mais infantis, como os da Mônica, hoje seria referido como ´´coisa de criança`` por crianças que crescem cada vez mais cedo. Mas sim, ainda existem bons títulos nas bancas, sobreviventes, que merecem ser prestigiados, como os da Disney.
Pode ser triste, mas é assim mesmo, é o progresso, a evolução. Que ao menos tornem-se produtos digitais, scans ou não. Artistas novos merecem sua vez e podem agora contar com essa ferramenta, com essa projeção, sem precisar tirar muito dinheiro do bolso para o projeto acontecer, e essa é a maior vantagem dessa época que vivemos. Mas ainda estou preso a meu fascínio pelos gibis, revistas, livros e todo tipo de impresso, desde que com conteúdo interessante, e como bom colecionador faço questão de levar o que encontrar de bom para a casa. Só deus sabe o quanto ainda irá durar, podem um dia se tornar itens valiosos, mais valiosos até do que já é uma publicação da Ebal dos heróis da Marvel. Só é difícil se acostumar que a geração de hoje só conheça um clássico literário apenas pela sua adaptação para as telas de cinema.

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