Insisto
em dizer que os desenhos antigos são os melhores. Hoje em dia é difícil
encontrar um desenho que funcione tão bem para todas as idades, melhor que
isso, que seja sim infantil, mas um infantil levado a sério, que não fique
datado, preso no tempo. Uma clássica animação que podemos destacar é Capitão
Planeta, que, visto em qualquer época, continua sempre atual. Passava nos anos
90, nas manhãs da programação da Globo, e enquanto crianças não percebíamos a
grandiosidade das mensagens que o desenho passava, para muitos era apenas uma
animação tradicional de cinco jovens escolhidos de diversas partes do mundo a
dedo, por uma entidade da mãe natureza para combater o mal, sendo que, na
verdade, o principal mal não é nada como uma invasão espacial, por exemplo, e
sim uma ameaça que existe mesmo na vida real; a poluição. Cada um portava um
anel do qual extraía poderes baseados em cinco elementos da natureza; o ruivinho
novaiorquino Willer, jovem bonito e forte candidato a protagonista (o que não
podia ser diferente, já que o desenho é americano) possui o poder do fogo, o
que é condizente com sua personalidade e seus desejos ardentes à flor da pele,
levando em conta sua idade e seus hormônios em ebulição, sempre tentando
conquistar a loirinha russa Linka, mas nunca obtendo sucesso. O jovem é um
tanto ignorante quanto às questões naturais, mesmo sendo por conta da
influência das pessoas à sua volta ao longo de sua vida. Também é impulsivo,
corajoso, viril, mas sempre gente boa. No time masculino também temos Kuami, representante
da África. Preocupado com plantações de árvores e alimentos em sua terra árida
e pouco fértil, acaba ganhando o anel cujo poder é a manipulação da terra. Como
representante da América do Sul temos o indiozinho Ma-ti, um provável
brasileiro, habitante de uma tribo da Floresta Amazônica, o mais novo do grupo,
e um tanto frágil e sensível. Seu poder é o ´´Coração``, que, embora não sendo
um dos elementos naturais, é importante para a conexão, o respeito e o desejo
de preservação a tudo de importante à sua volta. Ma-ti vive acompanhado por seu
macaco prego de estimação, Sushi, embora seu nome não faça o menor sentido. No
time feminino temos a asiática Gui, que em contrapartida à modalidade de pesca
aos golfinhos tão comum nos países asiáticos, a menina tem como paixão esses
simpáticos mamíferos. Também é uma exímia nadadora, razão pela qual ganhou o
poder de manipulação da água. E a já citada Linka possui o poder de manipulação
do vento. O desenho não deixa claro se os jovens possuem a capacidade de criar
tais elementos ou apenas manipulá-los através de matéria prima já fornecida, na
maioria das vezes parecia que apenas Willer tinha capacidade de criar seu
elemento. Conforme as coisas iam ficando piores, os jovens uniam seus poderes
(quase sempre por iniciativa de Kuami) e formavam o Capitão Planeta, um herói
peculiar de corpo metálico, cabelo verde e partes vermelhas, não necessariamente
obedecendo às cores do planeta Terra, super forte, com capacidade de voar e o
dom de reciclar materiais destrutivos para alguma coisa que a natureza possa
aproveitar. O interessante é que ele não fazia o tipo indestrutível, tinha lá
seus pontos fracos, como a poluição e a toxicidade, que enfraquecia seus
poderes. Eu até chego a achá-lo fraco, pois vivia levando a pior no combate aos
inimigos. A poluição, inclusive, enfraquecia os poderes dos anéis. Nesse caso,
os jovens heróis tinham que criar outra estratégia.
Batizado
por Os Protetores, os jovens foram escolhidos e reunidos por Gaia, entidade representante
da natureza, que se manifesta por uma morena formosa e altiva. Eles se reúnem
na Ilha da Esperença sempre que surge uma ´´Ecomissão``, como bem diz Gaia.
Além dos anéis, Gaia também ofereceu aos Protetores o Geo-planador, nave
ecológica movida a energia solar, que os jovens se revezam para pilotar e se
dirigir a diversas partes do globo, e onde podem observar a tudo pelo Planeta
visão, monitor embutido no painel do veículo. Eles usam também o Geo-submarino,
para missões aquáticas. Se os jovens retornam para seus respectivos
continentes, casas e família após cada missão, não sabemos, mas é certo que os
cinco passam muito tempo juntos, se divertindo ou trabalhando, como grandes
amigos. Ao longo da série eles chegam a conseguir alguns aliados que os ajudam
a manter a ordem e o equilíbrio ambiental.
As
ameaças ecológicas representam problemas reais, mas nessa animação os
gananciosos, que muitas vezes fazem uso de planos antiéticos, são vilões fixos,
estigmatizados, fácil para a compreensão das crianças de como funciona o lado
sombrio do progresso e suas consequências para o futuro. A série se preocupa em
sugerir o melhor modo de como deve funcionar as indústrias, o comércio,
respeitando a vida, o espaço geográfico, fazendo observar que, a longo prazo, o
respeito ao meio ambiente é mais importante que o dinheiro, do contrário nada
faria sentido. Os vilões são interessantes e bem trabalhados, representados por
poluidores como Greendler, um homem de sugestivo aspecto suíno sempre acompanhado
por seu braço direito Rigger, a Dra Blight e seu fiel computador de
inteligência artificial M.a.l, Duke Nuken, Bil Plender, Matreiro (Dr Lodo),
Verminoso Scum, Celsu Jeira, Zarm, Roupa de Couro e muitos outros, dos mais
terríveis aos mais atrapalhados. Ao final de cada episódio, os heróis passam
mensagens de como devemos cuidar da natureza.
Mesmo
depois de tantos anos a série continua atual, com suas questões ambientais. Já
adulto, percebo que o desenho é muito mais que um simples espetáculo infantil,
e o quão importante ele é para o desenvolvimento de um adulto responsável,
consciente com o mundo em que vive. Pena que a maioria dessas questões nos
passava despercebidas quando crianças. Eu diria até que é uma animação à frente
de seu tempo, e se mais animações como essa fossem produzidas na época, quem
sabe o mundo hoje não seria bem melhor. O desenho já citava, mesmo nos anos 90,
aquecimento global, crescimento populacional, uso de drogas por adolescentes,
poluição, desperdício de dinheiro, pragas, pestes, quarentena, desmatamento de
florestas, mau gerenciamento na criação de animais, preconceito com certos
tipos de animais, caçadas ilegais, desequilíbrio na fauna ambiental, falta de
ética na venda/ aquisição de produtos e mercadorias, ciência ilegal, enfim,
tudo de maneira didática, permitindo-se o uso de alegorias, mas tratando com
seriedade, de modo que toda a família pudesse entender. Permitia-se o uso de
imagens chocantes para fins educacionais. Pena esse desenho ter praticamente se
perdido no tempo com todas essas mensagens, porém, acredito que ainda não é
tarde para redescobrirmos seu conceito e pôr em prática tudo que a animação
sugere. Vivemos um momento de preocupação com o meio ambiente e a vida na
Terra, nada mal para estudarmos meios de preservação do mundo onde vivemos.
Seja conversando com as pessoas, pesquisando por aí, e seguindo o bom senso. Já
somos grandes e sabemos o que precisa ser feito. Na dúvida, podemos até mesmo lembrar
quando éramos crianças e revisitar episódios antigos da série animada Capitão
Planeta. Vai que refresca nossa memória?
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